quarta-feira, 24 de junho de 2009

Elementais


Publicamos neste dia (das fogueiras) de S. João um texto sobre a importância dos Espíritos da Natureza; para além do fogo, a água, a terra e o ar.


Texto João Gomes fotografia Dina Cristo

«O nosso mundo já toca o das fadas em alguns pontos. Muitas pessoas sentem em maior ou menor grau o espírito de um bosque ou a grandiosidade de uma montanha, mas atribuem isso, na maioria das vezes, a estranhas visões, sons e sensações. No entanto, essa sensação procede com frequência do mundo mágico que o habita. Poetas como A.E., James Stevens, Yeats, Tennyson e Shakespeare(1), enriqueceram o nosso conhecimento e sentimento sobre o mundo das fadas. Há uma enorme quantidade de pessoas, mais do que se supõe, que estão em intima comunhão com fadas e anjos. A brecha entre os dois grupos de seres, as fadas e os homens, não é tão grande quanto o imagina a nossa ignorância. Se ao menos pudéssemos entender que vivemos num mundo coalhado de fadas, de anjos e de toda a espécie de seres, isso fazia uma enorme diferença na nossa atitude e em nosso modo de viver. A simples crença de que tal mundo existe deveria deliciar-nos; seu conhecimento e certeza seriam, sem dúvida, uma consequência disso. Nós mesmos nos tornaríamos muito mais alegres, pois é impossível entrar em contacto com esse mundo que palpita de alegria sem deixar de adoptar o mesmo espírito, que desperta nossa energia criativa.»(2) Dora van Gelder
Talvez por ignorância, talvez por preconceito, talvez por falta de informação, talvez porque vivemos numa sociedade materialista ou, talvez ainda, pela súmula de todas estas razões – os espíritos da natureza são esquecidos.
A tradição, o povo, nunca os esqueceu e a sua memória e o seu culto ficaram gravados nos contos populares e de fadas. Todos nós estamos lembrados do papel das fadas no drama da Bela Adormecida ou, dos anões, na história da Branca de Neve. Quantas histórias de fadas e duendes nos encantaram na nossa infância. Agora, adultos, vemo-los como contos fictícios, como produtos da riqueza da imaginação popular, contudo, por trás deles, existe uma realidade que os fundamenta e sustenta – os Espíritos da Natureza.
Estes seres não são criaturas materiais, densas, físicas, estão mais próximos dos anjos do que de nós, humanos. A substância dos seus corpos é denominada na Teosofia Moderna como etérica: uma matéria mais subtil do que os gases mais finos. Daí a dificuldade em observá-los; não obstante, muitos são os testemunhos daqueles que, numa determinada altura, divisaram estes seres.
Os Alquimistas da Idade Média classificaram os Espíritos da Natureza (ou Elementais Naturais) em quatro grandes grupos conforme o elemento em que se expressavam: Os espíritos das águas ou ondinas; os espíritos da terra ou gnomos; os espíritos do fogo ou salamandras; e os espíritos do ar ou silfos.
Os elementais têm, como já dissemos, uma função importantíssima na Natureza. O seu trabalho está associado à propagação e crescimento dos seres vivos. Eles, dirigidos superiormente pelas Hierarquias Criadoras (Anjos, Arcanjos …), encontram-se por trás dos processos vitais e da evolução da vida natural; eles e as Hierarquias Criadoras corporificam a Inteligência que está por trás da vida. Nada acontece por acaso, a natureza é inteligente e caminha para um Propósito Supremo.
É a nossa cultura materialista, que de uma forma supersticiosa e ignorante, retira dos processos naturais a sua componente espiritual e a sua dimensão divina – à revelia dos Ensinamentos dos Grandes Mestres e Instrutores Espirituais, de todas as épocas e latitudes.
Contudo, nestes tempos dramáticos de crise e suicídio ambiental, torna-se vital voltar a entrar em contacto e a colaborar com as Hierarquias Criadoras de modo que, em conjunto com elas, possamos ultrapassar esta fase crítica da história da vida no nosso Planeta – a nossa casa comum.
Paz… a todas as criaturas.

[1] E também o nosso poeta maior, Camões. Nos Lusíadas por exemplo, várias vezes invoca e refere os espíritos da natureza. As ninfas, as tágides, e as nereidas aparecem em inúmeros episódios no texto. Todos estamos recordados do papel das ninfas na Ilha dos Amores ou, das nereidas, na salvação da armada do Gama da cilada do duro e esperto mouro. [2] «O Mundo Real das Fadas». 21. Editora Pensamento. São Paulo

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

"O Figueirense" faz 90 anos


Quase um ano depois de publicarmos um levantamento, realizado há cinco, das três primeiras fases de “O Figueirense” (1863-1919), concluíamo-lo agora que se comemoram 90 anos da última série deste jornal da Figueira da Foz.

Texto Luís Manuel Martins*

O primeiro número da quarta série do jornal “O Figueirense” publicou-se em 19 de Junho de 1919. Os seus fundadores foram o Dr. José Maria Cardoso, antigo advogado na Figueira da Foz, e José da Silva Fonseca, que assumiram os cargos de directores, juntamente com Joaquim Gomes de Almeida, o editor. Foi composto na Tipografia Peninsular de J. Gomes de Almeida e impresso na Tipografia Popular de Manuel Jorge Cruz, entre o período inaugural desta última série e o mês de Janeiro de 1920. A partir desta data passaria a ser publicado em exclusivo pela Tipografia Peninsular.
O jornal “O Figueirense”, que adoptara um formato in-fólio, com quatro páginas de seis colunas cada, manteve a sua periodicidade semanal até ao número 40, de 18 de Março de 1920. A partir do número 41 passou a ser bi-semanário, publicando-se às quintas-feiras e domingos e mantendo as mesmas características. Porém, chegaram a ser publicadas algumas edições de duas páginas apenas, devido à carestia do papel de impressão.
A ideologia dos seus fundadores era de tendência republicana. Por sua influência o jornal seguiu a nova orientação política, subjacente à fusão do Partido Evolucionista, chefiado pelo ex-presidente da República, Dr. António José de Almeida, com a União Republicana, que viria a dar origem ao Partido Liberal. Uma vez fundidos os Liberais com os Reconstituintes, o jornal foi acompanhando o Partido Nacionalista, no flanco direito da política republicana.
Em 25 de Março de 1920, “O Figueirense” passa a ter um novo proprietário e editor – o Dr. José Cardoso. Na véspera do São João desse ano, dia 23 de Junho, foi impresso uma edição especial do Jornal com seis páginas, o número 67, de carácter noticioso e literário, que foi ilustrado por António Piedade.
O dia 3 de Fevereiro de 1921 marcou a chegada de um novo director ao jornal “O Figueirense” – o Dr. Pedro António de Almeida, notário na Freguesia do Paião (Figueira da Foz) e o regresso de Joaquim Gomes de Almeida, desta vez aos cargos de redactor e administrador. O Dr. José Maria Cardoso mantinha-se como proprietário, embora deixasse de ter influência na sua linha editorial e deixando o cargo, em 23 de Fevereiro de 1922. Desta forma, Joaquim Gomes de Almeida, concentrou em si os cargos de proprietário, redactor e administrador deste periódico, ao passo que o Dr. Pedro António de Almeida, continuaria a assumir a direcção deste periódico figueirense.
O Dr. Pedro António de Almeida viria a abandonar a direcção do jornal em 1 de Fevereiro de 1923, quando já se havia publicado o número 314. Joaquim Gomes de Almeida reunira agora todos os cargos do jornal.
Ao longo dos anos de publicação, dando continuidade à ideologia patente no espírito de fundação desta quarta série, o jornal “O Figueirense” mostrou nas suas páginas os retratos de figuras proeminentes da vida política nacional, apoiantes da causa republicana, tais como Guerra Junqueiro, António José de Almeida, Canavarro de Valadares, José Cardoso, Raimundo Esteves, Manuel Teixeira Gomes, Ginestal Machado e Francisco Martins Cardoso, entre outros.
No período histórico que decorre entre o ano de 1919, aquando da fundação da quarta série, e o ano de 1926, no que é possível observar no livro "Jornalismo Figueirense", de Cardoso Martha, o jornal “O Figueirense” teve ao seu serviço alguns dos melhores colaboradores figueirenses. Dando alguns exemplos, dentro das várias áreas, temos D. Amélia Brás, D. Maria Feio, Raimundo Esteves, Ernesto Tomé, António Ruas, Tenente Fernandes de Carvalho, José Brandão, que publicou uma admirável bibliografia portuguesa da I Grande Guerra Mundial, Mário Reis, Edmundo Santos, Cardoso Sant’Iago, Luiz Carrisso, Santos Júnior, António Amargo, Canavarro de Valadares, Alberto Borges, Artur Bivar, Nicolau da Fonseca, João Gaspar Simões, Francisco Martins Cardoso, Joaquim Leite, o próprio Cardoso Martha, autor da obra citada, entre muitos outros. O colaborador artístico permanente era António Piedade.
Os cortes da censura A partir de 1926, com a instauração da Ditadura Militar, a partir da Revolução triunfante do Marechal Gomes da Costa, no 28 de Maio, verifica-se um recuo da liberdade de imprensa, que se reflecte em todos os periódicos nacionais e regionais. O jornal “O Figueirense” não foi excepção e, pelo que foi possível apurar junto do que viria a ser o futuro director, Aníbal Correia de Matos, a vida deste jornal não foi fácil. Houve números que nunca chegaram a sair, por falta de conteúdo relevante, já que eram completamente truncados pelas comissões de censura. A estratégia passava então por adoptar notícias de âmbito nacional, de feição ao regime político vigente, fazendo o paralelismo para a realidade local. Aí residiu o segredo de o jornal ter escapado muitas vezes à mão atroz dos censores. Temos como exemplo a elaboração de um suplemento ao número 657 do jornal dedicado à Revolução Militar de Gomes da Costa de 28 de Maio de 1926 e datado de 1 de Junho de 1926, ou o artigo de primeira página do dia 1 de Junho de 1940, do número 2076, com o título “A Festa de Portugal”, dedicado às comemorações dos Centenários, que pressupunha um ambiente de grande entusiasmo, em todo o país.
A censura atravessou transversalmente a Ditadura Militar desencadeada por Gomes da Costa (1926-1933), o «Estado Novo» e a IIª República Corporativa, legitimados pela Constituição de 1933, pelo que se pode falar claramente de 48 anos de repressão à imprensa, que só terminaram com o a Revolução do 25 de Abril de 1974. A liberdade estava ganha!
A caminho das Bodas de Ouro Na época balnear de 1936, o jornal “O Figueirense” tomou temporariamente o nome de Diário da Praia, o segundo deste nome, já que no ano anterior tinha existido um jornal com esta mesma designação, com orientação editorial diferente. Manteve-se com estes dois títulos e em formato pequeno a partir de 28 de Agosto de 1936, entre os seus números 1731 e 1768.
Em 19 de Dezembro de 1950, devido à morte de Joaquim Gomes de Almeida, quem ocupou o cargo de direcção, interinamente, foi Aníbal Correia de Matos. Viria a ser substituído pelo Dr. Alberto Borges, até ao número 3302, de 4 de Fevereiro de 1961. No número seguinte, o 3303, Aníbal Correia de Matos regressa definitivamente como director.
Em 1969, na comemoração dos 50 anos da quarta série, o jornal “O Figueirense” tem o prazer de noticiar a atribuição da Medalha de Mérito de Ouro da Cidade da Figueira da Foz, na sua edição de sábado, dia 19 de Julho de 1969 (edição número 3739), num artigo de primeira página, que diz: “A Câmara Municipal deliberou atribuir a Medalha de Mérito de Ouro e dar o nome deste jornal à antiga Rua do Curro.”
[1]
À data do seu quinquagésimo aniversário o jornal era propriedade de Matos & Irmão. A redacção, administração e oficinas funcionavam no número 212 da Rua da República, que hoje continua a ter esse nome e se estende desde a Estação de Caminhos de Ferro, até à Praça 8 de Maio e à zona adjacente da antiga doca.
Em 15 de Maio de 1981, no seu número 4296, o jornal anuncia uma interrupção temporária, vindo a aparecer posteriormente de forma interpolada, com o número 4297 em 20 de Janeiro de 1982 e com o número 4298 de 15 de Dezembro de 1982. “O Figueirense” vai retomar a sua publicação regular, a partir do número 4299, em 8 de Julho de 1983, até aos dias de hoje.

Um passo para o futuro

Em 1988 o jornal “O Figueirense” é adquirido pela Sociedade Figueira Praia S.A.. O grande dinamizador desta aquisição é Fernando Alves do Vale. A empresa Ralma Lda, (da qual fazia antes parte também o Dr. António Ramos), essa, continuou com a mesma designação.
Aníbal Correia de Matos continua por algum tempo a dirigir o jornal, sendo nomeado para director-adjunto o Dr. Jorge Babo, professor da Escola Secundária Bernardino Machado. Jorge Babo viria depois a abandonar o cargo. Ainda em 1988 surge então uma nova equipa: o Dr. Carlos Albarino Maia é convidado para director, em simultâneo com António Jorge Lé (chefe de redacção) e Jorge Reis (editor desportivo). Para gerente executivo é nomeado Jorge Galamba Marques.
Em 1990 o Grupo Amorim chega à Figueira da Foz, ao adquirir as participações da Sociedade Figueira Praia. No entanto, o Grupo Amorim acarinha a existência do jornal “O Figueirense” e, mais tarde, em 2002, cria a empresa Fozcom – Produção e Comunicação Multimédia, S.A., que sucede desta forma à Ralma Lda..
As antigas instalações do Jornal funcionavam na Rua de “O Figueirense”, uma perpendicular à Praça General Freire de Andrade (Praça Velha), tendo-se mudado para a Praça 8 de Maio (Praça Nova), em 1 de Abril de 2001, onde está em modernas instalações.
Durante os últimos anos foram colocados inúmeros desafios ao jornal “O Figueirense”, que passaram pela renovação do aspecto gráfico e pela criação de uma edição on-line actualizada permanentemente, projectos estes que pretendem captar novos públicos e assegurar o contacto permanente com os figueirenses que estão no estrangeiro ou não têm acesso directo à edição escrita deste jornal semanário.
O projecto de design gráfico foi elaborado por Pedro Pessoa, da empresa Pandemia, enquanto que a edição on-line é gerida pela empresa Octágono – Comunicação Digital, Lda..
O actual director do jornal, António Jorge Lé, foi o principal impulsionador de todas estas transformações que considera essenciais para a actualidade. O lema é apostar na modernidade, respeitando a linha editorial existente – servir a Figueira da Foz. O administrador executivo é João Leal Barreto e o director Comercial Ângelo Bragança Coelho.
Houve também uma preocupação em preservar a memória colectiva do jornal ao longo dos seus quase 85 anos de história. A imagem do fundador da quarta série do jornal foi perpetuada em fotografia e à redacção foi atribuído, simbolicamente, o nome de Aníbal Correia de Matos, o jornalista mais antigo da cidade da Figueira da Foz. Foi para esse efeito descerrada uma placa, ainda nas antigas instalações, por iniciativa do actual director em 12 de Junho de 2000. Este acto foi realizado em virtude de Aníbal de Matos, à data, escrever assiduamente, desde 1926. Nas instalações do jornal “O Figueirense” estão presentes igualmente fotografias de Albarino Maia e Jorge Reis, já falecidos, e documentação preciosa para o estudo do jornal, como sejam exemplares antigos e gravuras.
Hoje
“O Figueirense” é actualmente um jornal semanário que sai à sexta-feira. Tem um formato fixo de 32 páginas, com vários planos a cor, alternados com planos a preto e branco. A rotina produtiva do jornal realiza-se nas suas instalações, onde é efectuada a paginação e a maqueta final, que de seguida é enviada através de uma linha telefónica dedicada da Figueira da Foz para as instalações da Mirandela – Artes Gráficas, S.A., em Lisboa, onde é feita a impressão e o acabamento das edições. Uma vez concluído este processo, as encomendas com os jornais impressos são remetidas directamente para os assinantes, por via postal. A tiragem média mensal ronda os 18 mil exemplares.
A assinatura anual tem o custo de 15 euros. Existem muitos assinantes quer em Portugal, na cidade da Figueira da Foz e na região de Coimbra, quer no estrangeiro, especialmente em Espanha e nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.
A nível institucional, o jornal “O Figueirense” está inscrito no Instituto da Comunicação Social com o número 100543 e é membro da Associação Portuguesa da Imprensa (AIND), da Associação Portuguesa da Imprensa Regional (APIR) e da União Portuguesa da Imprensa Regional (UNIR).
O jornal “O Figueirense” conta, ao longo da sua existência, com inúmeras distinções e é Sócio Honorário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz e da Sociedade Filarmónica 10 de Agosto, uma das mais antigas e prestigiadas colectividades da Figueira da Foz. Ao fim de 85 anos de história da quarta série, o jornal “O Figueirense” é o jornal mais antigo da cidade da Figueira da Foz.
Edições especiais
Ao longo dos anos o jornal tem publicado inúmeras edições especiais e suplementos temáticos, que são fruto da vontade de dar a conhecer as personalidades históricas, os lugares e os recursos da Figueira da Foz e da região onde se insere. Tudo isto com um único ideal – o da aproximação do jornal aos seus leitores.
Em 6 de Abril de 1922, o jornal publicou uma edição especial de seis páginas, no seu número 228, dedicada ao lampadário da Batalha, onde devia estar bem presente a Chama da Pátria. Recorreu-se à utilização de uma gravura sugestiva deste símbolo e à colaboração especializada de diversos oficiais do exército português.
Catorze dias depois, no dia 20 de Abril de 1922, a “saga” dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que empreenderam fazer a travessia do Atlântico Sul, desde Lisboa até ao Rio de Janeiro, a bordo de um pequeno hidroavião – o «Lusitânia», motivou a publicação um número especial do jornal (número 232). A chegada dos dois aviadores aos Penedos de São Pedro e São Paulo, ao largo da costa brasileira, foi notícia de primeira página, onde sobressaía uma grande cruz de Cristo vermelha e as fotografias dos dois aviadores.
Em 18 de Junho de 1922, um dia depois da chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Brasil, ao fim de se cumprirem 8000 quilómetros e 60 horas e 14 minutos de voo, “O Figueirense” prestou homenagem aos dois aviadores, no seu número 249. A primeira página desta edição, totalmente a cores, incluía uma silhueta do hidroavião, as fotografias dos aviadores e o escudo nacional. Nas dez páginas de texto interiores dedicadas ao acontecimento, podiam observar-se pormenores diversos do hidroavião “Lusitânia II” nos Penedos de São Pedro e São Paulo, que após o acidente com a aeronave original, permitiu que os dois pilotos portugueses chegassem a Terras de Vera Cruz. O número 286 do jornal, de 26 de Outubro de 1922, relatava o regresso a Lisboa de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, recorrendo a muitas ilustrações.
Em 22 de Junho de 1924, após ter completado o seu quinto ano de vida e em plena época balnear, "O Figueirense” dedicou a sua primeira edição especial, totalmente a cores, à Figueira da Foz. Neste número foram incluídas 40 imagens da praia, da cidade e arredores, modelo que obteve grande sucesso. Apostando na sua continuidade, foram publicados vários exemplares bi-semanais, até dia 22 de Julho de 1924, data em que sairia a última edição, com o número 455, de uma série de números comemorativos, impressos a cores, ilustrados e acompanhados de textos inéditos.

Suplementos

No dia 4 de Março de 1939 foi publicado o primeiro número do suplemento “Filmagem”, dedicado à propaganda cinematográfica, edição esta que viria a não circular por falta de autorização dos Serviços de Censura. O projecto manteve-se e no dia 11 de Março foi distribuído um novo número inaugural deste suplemento, o primeiro de dez edições, publicadas sob a direcção de J. Oliveira Santos.
Também em 1939, é criado um novo suplemento, designado por “Tribuna Literária”. Teve como seus mentores Belarmino Pedro e Manuel Guimarães. Este suplemento publicou 296 números, que saíram semanalmente com o Jornal, ao longo de 11 anos, entre 10 de Abril de 1940 e 24 de Novembro de 1951.
Belarmino Pedro (1909-1990) nasceu em Almalaguês (Coimbra) e morreu em Tavarede (Figueira da Foz). Fez a sua formação escolar na Figueira da Foz e foi funcionário da Câmara Municipal desta cidade. Quando aposentado, dedicou-se de alma e coração ao jornalismo, tendo colaborado para além do jornal “O Figueirense”, em inúmeros periódicos do país, dos quais se podem citar como mais conhecidos os jornais “A Voz”, o “Diário da Manhã”, o “Jornal de Notícias”, o “Diário de Lisboa”, o “Comércio do Porto”, “O Século”, o “Diário de Coimbra”, o “Diário de Notícias”, “O Dia” e a revista “Renascença”. Foi redactor do Jornal “O Dever”, ainda hoje em publicação, propriedade da Paróquia de São Julião da Figueira da Foz. Viria a ser, em 1953, um dos fundadores do Jornal “A Voz da Figueira”, ainda existente, permanecendo aí como director a partir de Julho de 1969, até à sua morte. Belarmino Pedro, foi também escritor, tendo-nos deixado obras de grande valor crítico. Ingressou na Conferência Religiosa de São Vicente de Paulo, na qual foi um dos grandes mentores da construção do “Bairro Padre Américo” da Figueira da Foz, para alojamento de famílias pobres, projecto este que foi concretizado graças ao apoio do Jornal “A Voz da Figueira”, que então dirigia.
Em 1947 foi criada uma separata com o nome de “As Novas Indústrias do Cabo Mondego”, com o intuito de divulgar os recursos industriais existentes na faixa noroeste do concelho da Figueira da Foz, nomeadamente as minas de carvão e as fábricas de cimento e de cal hidráulica, das quais hoje ainda se mantém esta última em funcionamento.
Em 1956, Alberto de Monsaraz publica uma separata de homenagem a Joaquim António Simões (1817-1905). O homenageado, a título de curiosidade, nasceu na Abrunheira (Verride) e veio muito novo para a Figueira da Foz. Herdou uma vasta fortuna de seus pais e foi ao longo da sua vida um excelente investidor, tendo-se estabelecido nesta cidade com armazéns de vinhos, que ocupavam um lugar de destaque no panorama nacional de distribuidores. Ministro do Reino de D. Maria II, foi grande impulsionador da construção do Teatro Circo Saraiva de Carvalho, actual Casino da Figueira, constituindo-se como o principal accionista deste empreendimento cultural e artístico. Foi ainda responsável pela instalação da Linha Ferroviária da Beira Alta e pela construção da velha ponte sobre o Rio Mondego, entre outros equipamentos, na Figueira da Foz, que ainda hoje subsistem. Por curiosidade, pode referir-se ainda que foi graças a familiares de Joaquim António Simões que Ramalho Ortigão começou a frequentar a Figueira da Foz.


*Nota do autor: Todas as referências aos 85 Anos do Jornal “O Figueirense” são relativas a 2004, ano da realização e publicação deste trabalho. Importa referir que o Jornal “O Figueirense” continua a ser editado e publicado todas as semanas, às quartas-feiras. A História recente do jornal trouxe novos elementos a este trabalho que, contudo, não puderam ser ainda actualizados.

[1] Assinado pelo Sr. Eng. José Coelho Jordão, ilustre presidente da Câmara Municipal deste Concelho, recebemos com data de 11 do corrente (Julho de 1969), o ofício que a seguir transcrevemos:
“Sr. director de O Figueirense
Figueira da Foz
Tenho a honra de levar ao conhecimento de V. ... que esta Câmara, em reunião de 1 do corrente mês, congratulou-se pela elevação como decorreu o «II Encontro da Imprensa Regional das Beiras» e agradece todas as referências amáveis à nossa cidade e sente-se profundamente reconhecida pela defesa que, nas colunas dos jornais das Beiras, frequentemente se fez dos legítimos interesses da Figueira.
Levo ainda ao conhecimento de V. ... que, na mesma reunião, foi deliberado dar o nome de Rua de «O Figueirense” à actual Rua do Curro e atribuir ao Semanário a Medalha da Mérito de Ouro.
Apresento a V. ... os meus melhores cumprimentos.”
A Bem da Nação
O Presidente da Câmara
José Coelho Jordão (Eng.)

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

S. Paulo



Antes do segundo Verão lembramos alguns versículos de S. Paulo, quando se aproxima o seu dia, neste que é um Ano Paulino.


Selecção e fotografia Dina Cristo

«Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então sou forte» Epístola aos Coríntios II 12:10
«E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição» Epístola aos Colossenses 3:14
«(…) cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus» Epístola aos Romanos 14:12
«E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção» Epístola aos Coríntios 15:50
«Estás ligado a uma mulher? não busques separar-te. Estás livre de mulher? não busques mulher» Epístola aos Coríntios 7:27
«Tendo cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo» Epístola aos Colossenses 2:8
«Porque nada trouxemos para o mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele» Epístola a Timóteo 6:7
«Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus» Epístola aos Coríntios 10:31
«Mas os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína» Epístola a Timóteo 6:9
«Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfémia, e toda a malícia, sejam tiradas de entre vós» Epístola aos Efésios 4:31
«A ciência incha, mas o amor edifica» Epístola aos Coríntios 8:1
«Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja» Epístola aos Romanos 13:13
«E os nossos aprendam, também, a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos» Epístola a Tito 3:14
«E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido» Epístola aos Gálatas 6:9
«Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus» Epístola aos Coríntios 6:10
«Porque, assim como todos morrem em Adão, assim, também, todos serão vivificados em Cristo» Epístola aos Coríntios 15:22
«Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem» Epístola aos Romanos 12:21
«Que, do mesmo modo, as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos» Epístola a Timóteo 2:9
«E, quando semeias, não semeias o corpo que há-de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente» Epístola aos Coríntios 15:37
«Sede meus imitadores, como também eu de Cristo» Epístola aos Coríntios 11:1
«Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça» Epístola aos Efésios 6:14
«E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo» Epístola aos Coríntios II 12:9
«Honra o teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa» Epístola aos Efésios 6:2
«Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente» Epístola aos Coríntios 2:14
«Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido» Epístola aos Gálatas 4:27
«Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor» Epístola aos Romanos 9:12
«Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas, fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação, dará também o escape, para que a possais suportar» Epístola aos Coríntios 10:13
«Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo» Epístola aos Coríntios II 11:25
«Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre» Epístola aos Efésios 6:8
«Não desprezeis as profecias» Epístola aos Tessalonicenses 5:20
«Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes» Epístola aos Coríntios 15:33
«A ciência incha, mas o amor edifica» Epístola aos Coríntios 8:1
«Cada um fique na vocação em que foi chamado» Epístola aos Coríntios 7:20
«Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração» Epístola aos Romanos 12:12
«A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz» Epístola aos Romanos 13:12
«Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós» Epístola aos Gálatas 4:19
«Porque, o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto, há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem» Epístola aos Coríntios 11:29/30

«Pelo que, deixai a mentira, e falai a verdade, cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros» Epístola aos Efésios 4:25

«Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós, também» Epístola aos Colossenses 3:13

«PORTANTO, ficas sem desculpa quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo» Epístola aos Romanos 2:1.

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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Porto Graal


No Dia de Portugal lembramos um discurso proferido há 15 anos, por José Manuel Anacleto, sobre o papel da nação portuguesa no mundo actual.

Texto Dina Cristo

Portugal está a assumir a sua vocação universalista e uma missão esotérica em três grandes frentes: o anúncio de uma nova manifestação messiânica de Cristo (Maitreya), a contribuição para o retorno e transporte do Santo Graal e a produção e difusão de uma obra literária de Sabedoria Eterna. Tal inclui-se numa tradição de carácter nacional (Descobrimentos) e internacional (Sociedade Teosófica) e desenrola-se num período de mudança, cheio de perigos mas também de oportunidades para impulsionar uma Nova Era e uma Nova Terra.
A alma portuguesa, antiga, está pronta a fundir-se na unidade essencial de todas as nacionais: «Portugal é já uma velha nação, o que significa que percorreu um caminho relativamente longo, realizou muitas experiências, maturou-se interiormente e pôde dar expressão formal à sua própria alma. Daí que possa consumar-se num todo maior, abrindo-se à comunhão com a alma das outras nações e sendo mesmo pioneiro no apontar do caminho que deve ser percorrido para o surgimento da Terra Una»

[1] proferiu José Manuel Anacleto, na Sociedade de Geografia em Lisboa, aquando de uma conferência sobre a missão esotérica de Portugal, depois publicada em livro.
«Aqueles que verdadeiramente souberam viver a sua identidade nacional, até atingirem a alma própria do seu país, são também os pioneiros que, necessariamente, encontraram a identificação característica das almas – neste caso das almas nacionais – num todo maior e omniabarcante»
[2], disse. Quanto mais evoluídas, experientes e conhecidas maior a tendência das almas, que unificam a diversidade, para a fusão, integração e comunicação. Daí a inclinação da alma portuguesa para a universalidade, manifestada numa primeira fase através dos Descobrimentos, com o conhecimento e relacionamento de povos, até então separados.
Tripla missão

Hoje, há uma responsabilidade assumida, numa nova volta da espiral, de destruição das estruturas do mundo velho e de precipitação dos arquétipos do mundo novo. A par dos perigos de anti-valores, como o separatismo ou tirania, existem circunstâncias favoráveis para o surgimento de novos valores, como a dignidade ou a solidariedade. São condições propiciadas pela iniciação de novos ciclos. No caso astrológico, o encetar de uma nova era, de Aquário, que terá um novo impulso, ensinamento e Instrutor, tal como as anteriores: Mithra em Touro, Hermes em Carneiro, e Jesus Cristo em Peixes. No caso de raio, será o sétimo - da Ordem, Ritmo, Cerimonial, Magia e Libertação, depois do sexto - devocional, do qual adveio a luta por um ideal (nacionalista, individualista e/ou religioso).
É neste contexto de “ventos de mudança”, como lhe chama o autor, que Portugal está a assumir as suas responsabilidades, ao nível de informação e comunicação. De portugueses e de Portugal tem saído o trabalho de precipitar os arquétipos de planos superiores e o anúncio da nova manifestação crística do Senhor Maitreya - o Encoberto, na tradição portuguesa.
Um Mestre Universal, que tem actuado ao nível mental e emocional (embora possa ser sensorialmente apreensível), potenciando um processo de limpeza e purificação vibratória (caso das auroras boreais) e uma influência inspirativa directa sobre discípulos. Trata-se, nesta dispensação, de um avatar grupal - grupos de seres humanos empenhados na justiça, no conhecimento e na dignidade. As aproximações ecuménicas, a harmonização de vastas áreas, a consciência planetária e as preocupações ecológicas são alguns dos resultados visíveis.
A contribuição para o retorno (a descida da Taça da Abundância e da Alegria, ultimamente confiada à respectiva Ordem) e transporte do Santo Graal para os planos mais objectivos, com destino à América do Sul (principal palco da nova manifestação messiânica) é outro dos trabalhos em curso. O Graal - Fonte e Receptáculo de Vida e de Luz, símbolo de união entre o Céu e a Terra e de todas as partes do mundo, da Tradição Oriental e Ocidental - recebe a inspiração crística e derrama-a na Terra.

Universalidade

Em Portugal (o “umbigo do mundo” segundo Alfredo Sfeir Younis) tem sido produzida e difundida uma obra literária de carácter esotérico, com mais de trinta livros, várias edições e traduções, continuando e completado o trabalho iniciado a nível internacional desde o final do século XIX, primeiro por Helena Blavatsky, na senda do primeiro raio, depois com Alice Bailey, no âmbito do terceiro raio, de tornar mais acessível a Sabedoria Eterna. A mesma que é recuperada pelo Centro Lusitano de Unificação Cultural (CLUC), numa envolvente de terceiro raio - de Inteligência Activa, de Exteriorização do Amor, de manifestação do Espírito Santo, tão tradicional em Portugal - o mesmo da alma portuguesa que lhe dá adaptabilidade, universalidade e saudade da origem (divina).
O projecto editorial visa tornar disponível os princípios e as fontes do Conhecimento Esotérico para que sejam cada vez mais e melhores os que se dediquem ao estudo e serviço da expansão do conhecimento e da realização de algo útil para a Humanidade, de forma a que esta possa assumir a sua divindade íntima e materializar o céu na terra. José Manuel Anacleto destaca as edições das “Novas escrituras”, o Ritual do plenilúnio de Junho, e a aplicação da sabedoria antiga às mais diversas áreas, nomeadamente a arte e a ciência, com propostas de soluções - caso de um sistema político que permita a harmonização da liberdade individual (capitalismo) com a promoção do bem comum (comunismo).

Rede de Luz planetária

Com esforço e trabalho, é possível hoje aproveitar as condições favoráveis, melhorar, divulgar as fontes e compartilhar a luz. Detemos a oportunidade de vivenciar a fraternidade universal, de uma Nova Era de unificação e de síntese, que elimine as barreiras e os muros que antes nos separavam e construir uma Nova Terra, uma Nova Luz e Idade de Ouro, de serviço organizado, trabalho grupal e libertação (da escravatura material), de religião universal e cultura global (síntese e essência) numa expansão à escala planetária.
O trabalho de carácter esotérico, mas de manifestação exterior, em prol do surgimento de uma consciência superior, de alma, de reconquista da universalidade – atingir uma consciência de unidade essencial de todas as almas – corresponde nada mais do que à evolução, ou seja, o retorno à divindade.
A descida de um Messias, para elevar os humanos, pode ser reconhecida pela sua vibração única de amor e poder e pela manifestação do avatar grupal. Para a formação dessa Rede de Luz Planetária estão convidados os trabalhadores pela causa do Bem Comum, da Solidariedade e da Iluminação. Só assim, será possível fazer surgir a Terra prometida, da Abundância, do Saber, do Amor e da Liberdade e um Ser Humano Universal.

[1] A MISSÃO DE PORTUGAL – A missão de Portugal – O advento do Homem Universal, CLUC, 1994, pág.85. [2] PÉROLAS DA LUZ, - Pérolas de luz, vol. III, CUC, pág.118-119.

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Literatura portuguesa VI


http://portografico.blogs.sapo.pt/124227.html

Nesta sexta parte, abordamos a prosa doutrinária no séc.XVI, com Samuel Usque, Heitor Pinto, Amador Arrais e Tomé de Jesus.

Texto Dina Cristo

A prosa doutrinal religiosa é constituída por um conjunto de obras em que predominam os motivos religiosos. Não se pode falar, no caso português, de uma literatura propriamente mística, que exprima uma experiência de contacto directo com a divindade. Não são muitas as obras ascéticas, que se ocupam dos preceitos que levam à perfeição espiritual e preparam para a união com Deus.
“A consolação às tribulações de Israel”, de Samuel Usque, é constituída por três diálogos entre pastores e tem como objectivo rememorar as perseguições do povo bíblico. Embora adaptado à ficção pastoril, a sua inspiração é fundamentalmente bíblica. Neste estilo, a ligação lógica é dada por alegorias e metáforas simples, repetições e descrições pitorescas. Por exemplo, o diálogo pastoril sobre as causas da Sagrada Escritura, com mais descrições campestres, traça um quadro paradisíaco anterior às atribulações israelitas.
É ainda sob uma reconhecível influência do Humanismo renascentista que Heitor Pinto redige “A imagem da Vida Cristã”, marcando já a inflexão para o ascetismo e o barroco da época seguinte. O autor é platonizante convicto: inferioriza o conhecimento sensível perante o intelectual (diálogo um entre onze), apresenta a teoria platónica das Ideias (diálogo da justiça) e defende que a verdadeira filosofia é o conhecimento de si próprio. Ele faz um discreto mas inequívoco ataque à teologia escolástica mas dá, em geral, a última palavra a um interlocutor teólogo. No ideário social encontra-se também um eco, embora já muito amortecido, do Humanismo: manifesta-se contra as distinções hierárquicas.
O aspecto mais saliente da forma literária de “A imagem da vida cristã” é variedade, profusão e interesse das imagens que por vezes surgem aos cachos para caracterizar um mesmo pensamento. Algumas são de origem literária, outras provêm do ambiente físico observado quotidianamente. O paralelismo entre a vida física e a vida moral é o eixo destas comparações. O gosto pelas imagens também é devido à técnica medieval da pregação, à leitura dos diálogos de Platão e uma grande vocação metafórica a trabalhar espontaneamente sobre os dados correntes. Há muito conceptismo (que serve em geral para sublinhar conceitos contraditórios) nas inúmeras comparações de Heitor Pinto. As suas imagens são motivos de reflexão e apoiam-se numa observação naturalista sem precedentes no seu género literário.

Heitor Pinto tem uma cultura humanista variada e profunda, além de literária, e com referências constantes à matemática. É um humanista laico e de raiz burguesa e representante de uma elite clerical que não anda muito longe do ideal proposto por Erasmo. Não pode considerar-se um místico nem um asceta. Para ele, a religião consiste na caridade e o primeiro passo para o conhecimento de Deus é o auto-conhecimento. Mas já na sua prosa há uma superabundância de ornato, que anuncia o barroco, e temas como o isolamento e o desprendimento do mundo que vão ser acentuados na época seguinte.

Misticismo
Amador Arrais faleceu em 1600 após ter desempenhado importantes cargos eclesiásticos. “Os Diálogos” são constituídos por simples conversas à beira de um doente que é sucessivamente visitado por dez amigos e não um debate entre teses opostas. Por vezes, os interlocutores limitam-se a reforçar entre si as opiniões comuns. A sua prosa limita-se a ser correcta e acessível, evitando o conceptismo barroco e é neste aspecto a melhor dos autores religiosos seiscentistas. Apresenta um progresso literário pois dirige-se a um público leitor mais vasto, por isso assimila a disciplina gramatical e os recursos estilísticos clássicos ao uso das formas correntes do idioma.
Contudo, parece que a obra literária não é original. O que pode interessar neste livro é o testemunho de certa problemática típica da época: censura do lucro, glorificação dos rasgos cavaleirescos e cristãos da história portuguesa; a cobiça e a usura seriam os responsáveis pela decadência portuguesa. Arrais defende a subordinação do poder político aos preceitos da religião. A segunda parte da obra é um tratado moral com regras precisas sobre o testamento.
Frei Tomé de Jesus pode ser considerado um escritor místico se o misticismo literário for definido sem ter em conta a experiência mística como uma efusão emocional. De qualquer maneira o fervor místico encontrou muito poucas manifestações originais na literatura portuguesa.
Os trabalhos de Jesus destinam-se a consolar a nação portuguesa no tempo daqueles grandes trabalhos da jornada de África. Esta obra é uma reconstituição imaginária de cinquenta dos padecimentos de Jesus Cristo e de outros passos da sua vida seguidos de preces. Salienta-se, não pelo pitoresco ou imagem mas pelo enlevo com que procura erguer toda a amargura dos companheiros de Jesus. Os períodos parecem querer prolongar-se até aos limites do folgo, numa enumeração de pormenor dos sofrimentos. É uma evocação realista e torturada dos padecimentos carnais da via-sacra, já com larga tradição. É uma mística da dor, centrada na paixão de Cristo.

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eleições europeias



Pedimos a todos os - treze - partidos candidatos que nos explicassem em poucas palavras as suas três principais propostas no âmbito das eleições para o Parlamento Europeu, no próximo Domingo. Publicamos as respostas recebidas pela ordem em que os partidos políticos aparecerão nos boletins de voto.



Movimento Esperança Portugal:


Perspectivando os desafios do futuro próximo da União Europeia, o MEP estabelece três prioridades:
i. Reforçar a coesão social e territorial, porque a União Europeia se constrói a partir da solidariedade e da interdependência. Historicamente está provado que quando se repartem recursos estes se multiplicam: sempre que os mais ricos foram capazes de partilhar com os mais pobres, todos cresceram. Esta lógica obriga-nos a uma aposta ética e estratégica no sentido de tornar a União Europeia mais coesa, capaz de repartir recursos, tendo em conta a sua diversidade social, económica e territorial.
ii. Potenciar o modelo europeu de desenvolvimento humano sustentável, que vai muito além do mero crescimento económico. A experiência europeia dos últimos cinquenta anos terá certamente imperfeições, mas também tem provas dadas e é, por isso mesmo, um modelo que importa completar.
Neste sentido, o MEP quer contribuir para aprofundar a dimensão humana de uma União Europeia que valoriza a qualidade de vida, a sustentabilidade e a responsabilidade intergeracional.
iii. Construir um projecto europeu integrado no contexto global, porque somos uma realidade em permanente interacção com o mundo próximo ou distante. O MEP defende a construção de uma Europa solidária e interdependente com o resto do mundo, que não olhe apenas para os seus interesses mas que saiba defender princípios. Só haverá futuro para a Humanidade se todos tiverem lugar nesse destino comum.

Partido Socialista:
De acordo com o nosso programa de candidatura cujo lema é "As pessoas primeiro", as três primeiras prioridades a nível da UE são: Contribuir para relançar a economia e reforço do emprego, regular o sistema financeiro, incluindo a luta contra os paraísos fiscais. Construir uma nova Europa social com mais harmonização das garantias de protecção social a nível europeu.
Partido da Terra - MPT:
Pedro Quartin Graça
A candidatura do MPT - Libertas ao Parlamento Europeu defende:
1. O MPT - Libertas quer democracia: nenhuma lei Europeia deveria ser aprovada sem um voto positivo no Parlamento Europeu. As leis têm de ser aprovadas, ou pelo parlamento nacional ou pelo Parlamento Europeu. As leis feitas por pessoas não responsabilizáveis, os não-eleitos funcionários públicos não fazem parte de uma democracia.
2. O MPT - Libertas quer responsabilização: qualquer pessoa que tenha o poder de decidir sobre uma lei deve ser chamada à responsabilidade nas urnas. Os cidadãos decidirão se as acções e decisões dessa pessoa são merecedoras dos seus votos.
3. O MPT - Libertas quer transparência: sem uma boa razão para ser feito doutra maneira, todo o processo legislativo deve ser feito publicamente.
O MPT - Libertas defende que é necessário um Tratado forte: O Tratado de Lisboa garantiria que aqueles que governam a Europa seriam ainda menos responsáveis perante as pessoas do que o são agora. A Europa precisa de um Tratado forte. Um Tratado que seja claro para os povos da Europa e que seja apoiado nas urnas pelos Europeus. Um Tratado básico curto e legível, não com mais de 25 páginas. Um Tratado que motive as pessoas a lê-lo, a compreendê-lo e a votar nele.
Partido Popular Monárquico:
Frederico Carvalho
Ecologia, Agricultura e Pescas: O PPM, partido fundado em 1975, foi o primeiro partido português a defender a ecologia como solução sustentável de futuro. Fomos então classificados de “poetas”. É com orgulho que os poetas portugueses do PPM oferecem agora a mão ao mundo inteiro e defendem as medidas ecológicas como garantias ao desenvolvimento da humanidade. De 5 em 5 anos os mesmos políticos de sempre defendem a Agricultura. Mas qual? Ela praticamente que desapareceu no nosso País. As cidades do Litoral enchem-se de gente, enquanto o Interior está desertificado. Não vamos obrigar ninguém a ir trabalhar na terra. Contudo, aqueles que hoje querem, mas não podem, que saibam que, com o PPM no PE, vão ter uma voz que os vai defender. Que se saiba, o ser humano nunca deixou de ter necessidade de comer!
Exigimos o fim da pesca por arrastão nas nossas águas. Não só é um tipo de pesca ecologicamente perversa, que não permite a renovação das espécies marinhas, como também é incomportável para os nossos pescadores. Queremos uma fiscalização a sério e não a brincar. Queremos devolver utilidade ao mar português.
Turismo e Património. Temos história para dar e vender. O Turismo é uma Indústria. O Turismo Cultural é a principal produção nacional nessa área. O País sofreu anos e anos de desbarato deste recurso “natural” bem português. Haja voz do PPM na Europa, um partido com pessoas que conhecem o valor de cada pedra portuguesa, e haverá empregos para muita gente.
Cidadania e o envolvimento dos cidadãos nos assuntos europeus. Ao contrário do que se possa pensar, nós temos o poder de contestar, de participar nas políticas que nos afectam. O PPM será um gabinete que estará aberto sempre a todos os cidadãos e será o melhor advogado dos seus interesses em Bruxelas. Os nossos candidatos irão trabalhar em prol dos nossos cidadãos, representar e servir o nosso País. Não obedecem a interesses ocultos, são transparentes e respondem apenas e somente perante os portugueses.
Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses:
Orlando Alves
Está hoje completamente comprovado pelos factos que foi a União Europeia que entrou em Portugal e não Portugal que entrou na União Europeia. Ainda por cima, a presente crise demonstrou à evidência a total falência da UE enquanto suposta alternativa - mais “democrática” e mais “social” - à chamada «globalização»...
A crise actual do sistema de exploração capitalista, ainda que tal possa não ser imediatamente apercebido por boa parte dos trabalhadores, coloca abertamente na ordem do dia a questão do poder político vigente no mundo. De facto, a tarefa de qualquer movimento operário e popular que se preze é hoje a de tomar o poder político e económico à classe capitalista. Daí que as propostas do PCTP/MRPP visem contribuir para propiciar uma plataforma de luta comum, susceptível de vir a dar corpo aquele objectivo (sem o qual nova crise virá - e de proporções ainda maiores e mais dramáticas para quem trabalha).
No Parlamento Europeu, caso sejamos eleitos, denunciaremos em primeiro lugar tudo o que ali se congemina nas costas dos povos da Europa e contra os seus interesses.
Em segundo lugar, lutaremos pela apresentação de propostas concretas imediatas que dêem corpo a uma alternativa democrática e socialista para a Europa, capazes de fazer dela uma Europa dos Povos, entre as quais: a) Alteração profunda das regras leoninas do Pacto de Estabilidade e Crescimento; b) Instituição da semana de trabalho de 30 horas, sem perda de remuneração; c) Instituição de um salário mínimo europeu; d) Aumento geral de salários, com forte diminuição dos leques salariais; e) Nacionalização das empresas que se recusem a aplicar estas medidas; f) Instituição de um controlo rigoroso por parte dos trabalhadores e das suas organizações sobre a produção e a comercialização dos produtos.
Partido Operário de Unidade Socialista:
Ideias-base da Lista do POUS candidata às eleições ao Parlamento Europeu
O POUS apresenta a estas eleições uma lista – com base numa plataforma política – integrando membros deste partido e outros cidadãos, de diferentes quadrantes políticos, organizados na Comissão Nacional pela Ruptura com a União Europeia (RUE).
Ao apresentar-se a estas eleições, a lista tem dois grandes objectivos:
- Desenvolver uma campanha política para que o Governo faça uma Lei proibindo todos os despedimentos. De facto, o que está a acontecer neste país – com uma média de 80 despedimentos por hora (1) – é uma situação insustentável. Ao destruir desta maneira a classe trabalhadora, está a ser comprometido o futuro da sociedade portuguesa e a própria democracia. - Afirmar que o “Parlamento” Europeu constitui apenas uma fachada democrática para melhor enganar os povos de toda a Europa sobre o carácter antidemocrático de todas as instituições da União Europeia. Portanto, a saída positiva para a sociedade portuguesa passa pela existência de um Governo que, mobilizando todos os recursos do país para salvar a economia nacional, procure pôr em prática políticas de cooperação solidária com os outros povos da Europa, o que coloca na ordem do dia a necessidade de romper com a União Europeia, as suas instituições e os seus Tratados, e, neste mesmo processo, lançar as bases para a construção da União livre das nações soberanas de toda a Europa. Lisboa, 13 de Maio de 2009
(1) Os números oficiais publicados pelo IEFP (Instituto do Emprego e da Formação Profissional) indicam que, só no passado mês de Março, 65743 trabalhadores inscreveram-se nos Centros de Emprego, tendo o IEFP registado a colocação num novo trabalho de apenas 4824. Foi assim uma média de mais de 80 trabalhadores despedidos em cada hora. E, dia pós dia, semana após semana, mês após mês, os despedimentos continuam, enquanto as ofertas de trabalho são muito poucas e precárias.




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