quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ser criança


 

Que função social têm as crianças? Está o seu potencial a ser aproveitado? Qual o papel que desempenham os cuidadores? Vamos ler antes do seu dia mundial.

 Texto e desenho* Dina Cristo

A exploração infantil faz-se em toda a linha, desde o trabalho ao marketing e publicidade, passando pela via militar, com a infantaria, e até sexual. Eis um panorama indicativo do estado de “saúde” da sociedade já que, como afirma Carlos Cardoso Aveline, «Pode-se saber o estado de alma de um povo observando apenas o modo como ele trata suas crianças»[1].
Quantas são mortas, desprezadas, mal tratadas, negligenciadas, ignoradas, abusadas ou violentadas, quando não são vistas como um dano colateral ou mais uma posse. Só no Brasil há cerca de oito milhões abandonadas. Por vezes, começa logo nos hospitais, ao nascer. Por todo o mundo são inúmeras as meninas e meninos de rua, órfãos, carenciados, doentes e esfomeados, física e psicologicamente.
Com cada vez menos condições para brincar e mais (de)pressões, falta de atenção, orientação e compreensão por parte dos seus progenitores, educadores e cuidadores, as crianças sofrem cada vez mais cedo sintomas de patologias e atitudes “adultas”, quer ao nível do corpo quer da alma. Por vezes o problema é o oposto, excesso de preocupações, expectativas ou protecções, desproporcionadas e exageradas, que as envolvem e atrofiam o seu desenvolvimento. Os sentimentos de medo e de imperfeição incutidos, mesmo ‘sem querer’, nos mais pequenos, como explica Louise L. Hay, são disso exemplo.
Vítimas de uma sociedade hipermaterialista as crianças imitam e degeneram, por vezes, em pequenos monstros de egoísmo; como os alimentos, apodrecem rapidamente sem nunca antes terem amadurecido. Contudo, elas nascem para construir o futuro, novo e diferente, para induzir a mudança, acrescentar valor, (re)criar a realidade, alterar as estruturas, fazer avançar a sociedade e facilitar a evolução dos povos.
As crianças vêm para mostrar qual o caminho a percorrer, para lembrar qualidades entretanto esquecidas ou perdidas, como autenticidade, bondade, felicidade ou simplicidade. Os mais pequenos dão uma lição aos mais crescidos sobre, por exemplo, como viver aberta e plenamente, no aqui e agora. Os bebés, por exemplo, não temem expressar livremente as suas emoções e não fazem comparações, lembra Louise L. Hay.
Cada recém-nascido traz consigo a pureza, a inocência e a bem-aventurança da unidade original. «Uma criança que encanta a alma das pessoas com seu sorriso estimula nos adultos a capacidade de amar e de compreender. Recém-chegada do Reino dos Céus, ela traz consigo o perfume sagrado da etapa celestial (…)»[2], refere Carlos Cardoso Aveline, no artigo "O poder das crianças".
Para o autor brasileiro, os mais pequenos são um símbolo da alma, alegre, sincera e confiante. «Ela faz acordar a criança imortal dentro de cada um. O sorriso infantil que se abre como um sol cura instantaneamente as feridas da alma»[3]. Também Omraam Aivanhov ensina que a criança, que se encontra ou se cuida, é enviada «(…) para despertar em vós algo de delicado, de poético, de espiritual….»[4].
A criança exterior é um reflexo do centro infantil que existe em cada um, a criança Interior, Imortal e Divina que se comemora no Natal, um símbolo da consciência Crística: «Uma criança de um a dois anos de idade confia em todos. Seu amor é universal. Ela sorri para qualquer um e faz amizade em um instante. Não reconhece rixas ou preconceitos e ignora disputas políticas.  Não vê separação entre pessoas nem percebe a si mesma como um ser independente»[5], explica o pensador brasileiro.
A criança é veículo de uma sensibilidade ampliada, ela tem frequentemente percepções extra-sensoriais, como a telepatia ou a clarividência, muitas vezes ignoradas e que não devem, segundo o editor de “Filosofia Esotérica”, ser reprimidas. Sabine Lichtenfelds revela, em “As pedras de sonho”, o seu vínculo natural às plantas, até aos sete anos, e aos animais, até aos 14 anos de idade, o qual era apoiado nas sociedades ancestrais. As crianças cristal e índigo de hoje são exemplos do quanto a sociedade tem a aprender com as novas gerações, mais refinadas e intuitivas. Elaine Aron esclarece que as crianças hipersensíveis preferem muitas vezes brincar sozinhas e que quanto mais brilhantes forem maior a possibilidade de serem introvertidas.
Esta aparente inadequação das crianças, a espontaneidade, descontração e despreocupação, a capacidade de brincar e imaginar podem resgatar a Humanidade, devolvendo-lhe leveza e alegria. Para aquelas que foram incompreendidas na infância têm mais tarde, ao contactar com crianças, a oportunidade de cicatrizar as feridas, «(…) passando a limpo de um ponto de vista superior os primeiros anos da nossa vida», indica Carlos Aveline, no seu livro “O poder da sabedoria”[6]. A cura acontece quando alguém recupera a capacidade de amar, a si, aos outros e a todas as crianças.
Contudo, numa sociedade que desconhece os rituais e iniciações de passagem entre as idades e obliterando a infância a preenche precocemente de stress, pressa e sobreocupação, em vez do apoio, o mais habitual é ouvir a repreensão: “não sejas criança! Que parvoíce!” – num incentivo à contenção, à repressão, à “seriedade” e à hipocrisia.

Necessidades infantis

Há mais de meio século que foram consagrados, na Declaração Universal dos Direitos da Criança, os deveres da sociedade, adultos e cuidadores perante estes novos seres humanos. Além da alimentação, vestuário, habitação, saúde e educação, também foi reconhecido o direito ao amor, à compreensão e à protecção. De referir que tradicionalmente colocava-se em cada recém-nascido um círculo (fio, pulseira ou anel) em ouro como talismã.
As crianças têm uma natureza mais receptiva e estão intrinsecamente ligadas aos pais pelo que precisam de ser protegidas do mal e de permanecer num ambiente de tranquilidade: «Os pais devem criar uma atmosfera de paz, de harmonia, ao redor dos seus filhos, mesmo enquanto eles dormem, pois as crianças são recetivas a todas as correntes que circulam à sua volta», explica Omraam Aivanhov[7].
O mesmo autor destaca a responsabilidade de todo o adulto perante qualquer criança da qual se aproxime: «É necessário, sobretudo, que eles evitem abusar da sua confiança, dar-lhes maus exemplos e conselhos perniciosos. O que uma criança vê, ouve e vive imprime-se nela para sempre»[8]. Contudo, evitar a exposição aos perigos não significa negar a vida. Para que se possam enriquecer é importante que as crianças contactem com o maior número possível de seres humanos e adquiram consciência do que se passa à sua volta.
O mais importante não é ter crianças, ocupar-se delas ou educa-las. O essencial é o amor, a atenção, o respeito e a sinceridade. A criança necessita de ser acompanhada, encorajada, sobretudo nos momentos mais críticos, de ter bons exemplos e a presença da figura paterna para além da mãe, a qual pode agir desde logo sobre o feto que traz no ventre pelos seus pensamentos e sentimentos. Elaine Aron descreve como é fundamental a criação de relações afectivas, estáveis, seguras e estimulantes para o seu são desenvolvimento e moderada auto-estima.
Como Omraam, Kahlil Gibran lembra que as crianças não são posse dos pais nem estes lhes devem incutir as suas ideias: «Os vossos filhos (…) Vêm por vosso meio mas não de vós; e apesar de estarem convosco, não vos pertencem. Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos: porque eles têm pensamentos próprios»[9]. Kahlil Gibran aconselha a que os progenitores os deixem voar, como setas projectadas do arco que fica, em vez de os tentar torcer ou forçar: «Podeis esforçar-vos por ser como eles; mas não tenteis fazê-los como vós»[10].
Assim, sensatamente cuidadas e devidamente respeitadas na sua essência, as crianças também têm o dever de obedecer e confiar nos adultos, ser humildes em relação aos seus conselhos e submissos quanto às suas ordens. Na “República”, Platão defende que não se deve dar liberdade às crianças até que cultivem o seu melhor e saibam governar-se.
Gabriela Oliveira defende[11] que o meio familiar é o ambiente mais adequado para responder às necessidades emocionais das crianças mais pequenas e refere, entre outros, o caso da Noruega que desincentiva o tempo de estadia na creche, onde têm de competir pela atenção de um adulto. Como referiu Victor Hugo «A criança é como a tenra planta que o hábil jardineiro ajeita a seu prazer».
Para compensar a sua falta (de qualidade), multiplicam-se campanhas e instituições, como as Aldeias de Crianças SOS, a Casa do Gaiato, a Comunidade Juvenil de S. Francisco de Assis ou a Fundação Infantil Ronald McDonald, para além da Unicef. Há dez anos foi criada no Brasil a Agência de Notícias dos Direitos da Infância e depois o Jornalista Amigo da Criança com vista a defender o universo infanto-juvenil.
Um pouco por todo o mundo, têm sido criados com vista a apoiar, proteger e cuidar das cria(nça)s, as mais diversas iniciativas, projectos e obras em múltiplas áreas, desde yoga, meditação e orações para crianças, ao mercado de trocas de brinquedos, passando pela pedagogia. A Escola da Ponte, no concelho de Santo Tirso, a Escola da Esperança, em Tamera, são exemplos de inovação pedagógica, como a Waldorf, implementada no território português, com vista a adequar a vontade de conhecer e descobrir o mundo às necessidades infantis dos novos tempos.
Aos poucos institucionaliza-se a verdadeira amizade e amor pelas crianças, a vera pedofilia; para a História fica o abuso da sua confiança e inocência. Como elucida Carlos Aveline «As crianças chegam ao mundo com seus corações puros, e se encontrarem adultos sinceros poderão fazer com que a vida colectiva melhore radicalmente em pouco tempo»[12]. 



* Anos 70 [1] In http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=142 [2] Idem [3] Idem [4] AIVANHOV, Omraam Mikhael – Pensamentos quotidianos, Edições Prosveta/Publicações Maitreya, 2013, pág. 151. [5] AVELINE, Carlos Cardoso – O poder das crianças in http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=142  [6] AVELINE, Carlos Cardoso – O poder da sabedoria, Editora Teosófica, Brasília, 3ª edição, 2001, pág. 152. [7] AIVANHOV, Omraam Mikhael – Pensamentos quotidianos, Edições Prosveta/Publicações Maitreya, 2012, pág. 26 [8] Idem. [9] GIBRAN, Kahlil – O profeta, Editora Pergaminho, 2004, pág. 40. [10] Idem, pág. 41.[11] OLIVEIRA, Gabriela – Bebés – nada se compara ao aconchego do lar in Biosofia Inverno 2009/2010, pág.7. [12] AVELINE, Carlos Cardoso – O poder da sabedoria, Editora Teosófica, Brasília, 3ª edição, 2001, pág. 152.

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Como Um

No Dia Mundial da Comunicação apresentamos uma interpretação da obra de Jean Cloutier, “A Era de Emerec”, por Sara Salgueiro.


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terça-feira, 21 de maio de 2013

A Comunicação Oculta VII



Terminamos este ensaio com o sétimo artigo, sobre a Evocação e a Invocação, neste Dia Mundial da Comunicação.
 
Texto e desenho* Dina Cristo
Para que haja uma verdadeira Comunicação – circular, directa, bidireccional, recíproca e transpessoal - é indispensável a vontade de quem emite e a abertura de quem recebe. Na Comunicação entre a Hierarquia e a Humanidade (parte do triangulo também constituído por Shamballa) esta dimensão entre Evocação e Invocação tem lugar. 

Segundo Maria Flávia de Monsaraz[1], depois de terem evocado, chamado e relembrado os Humanos, os Homens Perfeitos, que atingiram a sexta Iniciação, estão actualmente a responder-lhes. Ao estímulo inicial, de impressão mental de novos ideais, os Homens responde(ra)m invocando, pedindo protecção e inspiração; de início de forma vaga, difusa e irregular e depois num apelo mais convicto e focalizador, com desejo (d)e maior grau de consciência.

A Comunicação Universal é esse espaço-tempo de comunhão entre quem invoca, pede, implora ou suplica, como os Humanos, e quem evoca, chama, relembra e responde, como os Super-Humanos. Estes, ao activarem a recordação da informação, estimulam na família humana a vontade de Comunicar. Por sua vez, esta emite orações, mantras ou meditações que os Mestres recebem, dirigem e transmutam.

Alice Bailey descreve assim o processo: «Aqueles que exigem salvação chamam em altas vozes. Suas vozes penetram no mundo sem forma e lá evocam resposta. Aqueles que, há muitos eons, se comprometeram a salvar e servir, respondem. Seus gritos também se fazem ouvir e, ressoando, penetram nos escuros, distantes lugares nos mundos da forma. Assim estabelece-se um vórtex que se mantém vivo pelo constante soar dos dois sons. Então é feito o contacto, e no espaço e durante algum tempo, os dois se tornam um – As Almas que Salvam e as Unidades a serem servidas»[2].

A evocação manifesta-se através da Arte (nomeadamente da Música), da Imaginação, dos Mitos, da Magia, da Telepatia, dos Rituais, dos Símbolos (como a cabala, as cores, os números ou o tarot), dos Sonhos e dos Mensageiros, desde os (Arc)anjos aos Iniciados, passando pelos profetas, filósofos e Mestres; todos têm transmitido a mensagem de uma Nova Civilização, a terceira, baseada no Amor/Sabedoria, depois da primeira inspirada em Buda, o Conhecimento, e da segunda, em Cristo, o Amor.

Trata-se de verdadeira Religião, da religação à Fonte, o regresso à Origem, ao Ser (trazendo iluminação, reintegração e participação); o Retorno do Cristo, do Desejado (em Portugal) e da proclamada Idade do Espírito Santo, Quinto Império, Era de Aquário, Idade de Ouro, uma Época de (Re)Descobertas Espirituais, de peregrinação até à Individuação, de C. G. Jung, à Grande Obra, dos Alquimistas, ou à Cristificação, de Max Heindel.

Jean Shinoda Bolenexplicou-o com base na Mitologia: a Deusa Métis, Sophia que fora engolida por Zeus e esquecida, é recuperada e, com ela, a vinculação à Terra, à Vida, ao Ritmo Natural (dos ciclos e estações), aos Outros, o desenvolvimento da Ecologia e de uma consciência global e solidária, própria de uma cultura matriarcal, baseada no amor e na liberdade, que privilegia as relações externas e reacções internas - representada no Deus afectuoso e clemente do Novo Testamento.

Annie Besant ilustra esta Lei do Retorno, o Feed-back: “Assim como um imã possui o seu “campo magnético”, uma área dentro da qual todas as suas forças atuam, grandes ou pequenas de acordo com a sua força, assim também todo homem possui um campo de influência dentro do qual agem as forças que ele emite, e essas forças agem em curvas que retornam para aquele que as emite, que retornam ao centro de onde emergiram”[3].

Actualmente, a Web, com os seus grupos electivos, facilita a emergência de uma Nova Era que, segundo o Centro Lusitano de Unificação Cultural[4], é dirigida pela alegria, maleabilidade, suavidade, comunhão, compreensão, integridade e paz – sete tónicas de uma Era de Comunicação Fraternal[5], propícia ao desenvolvimento da Informação Solidária, que relate esta Religação a Si, aos Outros e à Natureza.

* Anos 70
BIBLIOGRAFIA 
ANACLETO, José Manuel – Transcendência e imanência de Deus. CLUC. 2002
ANACLETO, J. Manuel – Duas grandes pioneiras. CLUC. 1999.
AVELINE, Carlos Cardoso – A informação solidária. Edifurb. Blumenau. 2001
BAILEY, Alice – Astrologia esotérica. Tomo II. Association Lucis Trust. Genebra. 1999.
BAILEY, Alice – Um tratado sobre os sete raios. Tomo I. Vol.III. Association Lucis Trust. Genebra. 1997.
BHAGAVAD GUITA – Bhagavad Guita. Editora Estampa. 2ª ed. 1999.
BESANT, Annie – O enigma da vida. Editora Pensamento. S. Paulo. 10ª ed., 1997.
DALICHOW, Irene; BOOTH, Mike – Aura-soma. Editora Margarita Schack. 1997.
COLLINS, Mabel – Luz no caminho. Editora Teosófica. 3ª ed. 2001.
COSTA, H. Álvares – As sete leis fundamentais – uma visão geral segundo o hermetismo, Cabalismo, Pai Nosso e Teosofia. STP. 1997.
EVANGELHO SEGUNDO TOMÉ – Evangelho segundo Tomé. Editora Estampa. 1992.
GOVERNO, Isabel – Logos, devas e elementais. CLUC. 2002.
GIBRAN, Kahlil – O profeta. Editora Pergaminho. 2004.
HEAD, G.R. – Apolónio de Tiana. Editora Teosófica. Brasília. 2000.
HEINDEL, Max – Astrologia científica simplificada. FRC. 1985.
HEINDEL, Max – O véu do destino. FRC. 1996.
HEINDEL, Max – Conceito Rosacruz do Cosmo. FRC. 3ª ed., 1989.
INTRODUÇÃO AO SUM – Introdução ao sum. CLUC. 1994.
INTRODUÇÃO À SABEDORIA E TÉCNICA GRUPAIS – introdução à sabedoria e técnica grupais. CLUC. 1990.
LEADBEATER, C.W. – Os sonhos. Editora Pensamento. São Paulo.
MENDANHA, Victor – História misteriosa de Portugal. Ed. Pergaminho. 6ª ed. 2001.
MONSARAZ, Maria Flávia – Vénus. Marginália Editora. 2004.
NO DOMÍNIO DO ESPAÇO-TEMPO – No domínio do espaço-tempo. CLUC. 2000.
NO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO – No templo do Espírito Santo. CLUC.
NOVOS DIÁLOGOS HERMÉTICOS – Novos diálogos herméticos II. CLUC. 1994.
PARA UM MUNDO MELHOR – Para um mundo melhor. CLUC. 1997.
PÉROLAS DE LUZ – Pérolas de luz. Vol II. CLUC.
QUINTA DA REGALEIRA -  Quinta da Regaleira. Fundação CulturSintra.
RITUAL DE CIRCULAÇÃO DE LUZ – Ritual de circulação de luz. CLUC. 2001.
ROBERT, Denis; ZARACHOWICZ, Weronika – Noam Chomsky – duas horas de lucidez. Editora Inquérito. 2002.
TRAVASSOS, Lubélia de Fátima – Os manuscritos do Mar Morto. Os essénios. Editora. 1997. 

Revistas: 
Biosofia, N.º8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27,
Portugal Teosófico, n.º76, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89 (2003).
De Aqui e de Além, n.º1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18.
Rosacruz, n.º358, 363, 370, 371, 372, 373, 374, 375, 376, 377, 378, 379, 

CD:
 MONSARAZ, Flávia – A religião do novo mundo. S/d. S/ Ed. 49:58.


[1] MONSARAZ, Maria Flávia – A religião do Novo Mundo – Faixa Hierarquia Planetária. CD [2] BAILEY, Alice – Astrologia esotérica, Tomo II, Association Lucis Trust, Genebra, 1999, p.206. [3] BESANT, Annie – O enigma da vida. Editora Pensamento. S. Paulo. 10ª ed., 1997, pág. 175. [4] Cf. CLUC – No Templo do Espírito Santo, CLUC, 1992, pág. 149 [5] A concretização do Espírito da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade

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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cinefilia

No início do Festival de Cannes deste ano, recordamos o ciclo de Cinema Europeu, promovido pelo Cineclube do Porto, em 1994, sob a presidência de Fernando Pinto Basto.




Texto Dina Cristo

O então director da instituição explica a riqueza temática, cultural e reflexiva do cinema produzido na Europa, a dificuldade das cerca de 900 distribuidoras europeias em fazer circular os seus filmes no próprio espaço europeu e a necessidade de discussão relativa à sétima arte que a sessão sobre o papel da crítica cinematográfica visava contribuir.



O  "Cine Magazine" do canal 2 da RTP, à época, apresenta alguns dos filmes ecolhidos para exibição no Terço e no Rivoli, como “As melhores intenções”, de Bille August, “Sonho de luz”, de Victor Erice, “Henrique V”, de Kenneth Branagh, “Jogo de lágrimas”, de Neil Jordon, e “Ao sul” de Fernando Matos Silva.

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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Seara jornalística


Após o desaparecimento físico, há uma semana, de António Alves Seara, Director do jornal “A Voz do Mar” durante mais de 40 anos,  publicamos uma entrevista realizada, em sua casa, em Outubro de 1985.
Texto e fotografia Dina Cristo
Qual foi a evolução da “Voz do Mar”, desde o seu nascimento até à actualidade?
A sua primeira edição foi no dia 25 de Dezembro de 1956. O jornal foi fundado pelo Sr. Luís dos Santos Costa. Comecei a participar no segundo número. Quando começaram a surgir alguns problemas esteve durante algum tempo sem sair.
Assim, o Centro Paroquial propôs a compra o que foi aceite pelo fundador, ficando eu como editor, embora fizesse praticamente todo o trabalho de director, porque o Sr. Francisco Manuel Reis na prática não dirigia a vida do jornal; após alguns anos morreu ficando eu como responsável principal – director, o chefe de redacção e o administrador Carlos Sá.
Até agora não tem tido modificações significativas.
Porquê o nome “Voz do Mar”?
Porque nasceu num meio essencialmente marítimo e com uma preocupação dominante de dar prioridade a temas relacionados com o mar.
Quais são os vossos apoios?
Vivemos à custa dos nossos próprios meios e da publicidade. Temos ajudas insignificantes como o subsídio de papel (dez contos de três em três meses para uma despesa de cem contos por mês) e o benefício do porte pago. Também é verdade que não queremos subsídios pois dá-nos uma certa dependência em que não estamos interessados.
Quais são os temas aos quais a "Voz do Mar" dá prioridade?
Problemas de interesse local que são abordados em várias secções do jornal como “Ecos e Notas”, “Reparos”, “Café-Concerto” e outras.
A “Voz do Mar” está receptiva a propostas dadas pelos leitores?
Está, e abriu recentemente uma secção que lamentavelmente não teve sucesso.
A vossa posição mantem-se em relação a artigos?
Sim, aceitamos artigos desde que tenham o mínimo de qualidade (a fim de não prejudicar o jornal e a própria pessoa) e que não defendam partidos políticos ou acusem a Igreja.
Quais são as vossas aspirações?
Que os nossos colaboradores sirvam os interesses da terra.
É difícil conjugar a actividade de director de um jornal com a de responsável de educação de adultos?
Muito difícil, porque cada número que sai é produto de muitas noites perdidas pela parte dos responsáveis máximos. Mas penso que vale a pena, é aliciante, como é tudo aquilo que constitua um serviço à comunidade.
O público tem correspondido às vossas expectativas?
A nossa receptividade em Peniche, quanto a mim, é razoável, sendo de considerar que se fizesse uma campanha de angariação de assinaturas os nossos leitores aumentariam consideravelmente.
Quais são as principais diferenças encontradas na “Voz do Mar” no seu começo e actualmente?
No início não tinha tantos artigos de opinião; quanto ao aspecto gráfico era interessante porque era artesanal, depois caiu um pouco porque passou a ser mecânico, e actualmente está bem melhor pois é impresso em off set - não apresenta melhor qualidade por manifesta falta de tempo.
Quer-se pronunciar em relação ao fornecimento de notícias particulares pelos próprios leitores?
Desde que o assunto tratado nessa notícia tenha interesse para a comunidade damos a publicidade que merece. São prova disso as notícias desse género que normalmente figuram nas “Cartas ao Sr. Director”.
Já publicaram livros acerca do IVA?
O jornal já publicou alguns artigos sobre o assunto para esclarecimento não sendo na quantidade desejada por falta de colaboração. Penso que a imprensa devia fornecer esclarecimentos sobre isso.
E quanto às consequências da nossa adesão ao Mercado Comum?
O jornal também já publicou alguns artigos sobre o assunto e inclusive colaborou na organização de iniciativas para esclarecer determinados sectores da população, concretamente os agricultores.
O que é para si fazer jornalismo?
É um modo de realização pessoal e de servir a comunidade.
Qual é, no seu ponto de vista, o jornalismo de má qualidade?
É aquele que destaca fundamentalmente os aspectos negativos, procurando promover-se através da violência, da pornografia, etc.
Quais as medidas que são de tomar para mudar esta situação?
Promover acções de consciencialização da missão do jornalista, de modo que nunca perdesse de vista a formação dos leitores, no sentido de serem melhores cidadãos dentro da sociedade a que pertencem.
A televisão deveria evitar o excesso e o abuso daquilo que é negativo.
Os estabelecimentos de ensino deveriam procurar fazer sentir junto dos jovens a importância que o jornal tem dentro de uma comunidade. Despertar nos jovens o desejo de servir a comunidade através do jornal. E no serviço que assim venham a prestar à sociedade não perderem de vista a identidade cultural desta.
Como vê o jornalismo em Portugal?
Sem ser alheio a programas de qualidade apresentados pela televisão, considero que esta tem sido um órgão bastante manipulado e demasiado manipulador. Penso que está muito longe de ser um órgão eminentemente formativo de acordo com as possibilidades que tem para tal.
Merece mais credibilidade o jornalismo que se pratica através da rádio e da imprensa escrita, pois é mais isento e formativo.
Quer comentar a frase “o redactor faz o fabrico da actualidade”?
Na TV os redactores dão uma imagem que por vezes não corresponde inteiramente à verdade pelas grandes possibilidades que tem de desmistificar o acontecimento. Assim, a notícia que dá é mais um produto da sua ideologia política e sensibilidade do que da verdade.
O verdadeiro redactor deve veicular a verdade sem a modificar de acordo com as suas ideias políticas ou outras, deve ser, pois, o veículo da verdade e não o seu fabricante.

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