quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vida com Graça


Arranca amanhã a segunda peregrinação, em Portugal, em nome de Graça. Vamos saber porquê neste Dia Mundial da Poupança.



Texto e fotografia Dina Cristo



Começa amanhã uma peregrinação denominada “Terra Nova a Despertar” promovida pelo Movimento “Por uma Terra Livre”. De diversos locais de Portugal, os vários grupos juntam-se Terça-Feira, dia 6, em Sintra, de onde partirão, em conjunto, até Lisboa, onde se irá comemorar, dia 9, desta Sexta-Feira a oito dias, o Dia Global da Graça.



Este Dia foi promovido em 2005 por Sabine Lichtenfelds, desde a sua primeira peregrinação internacional a Israel, à qual se seguiram a Jerusalém, em 2007, à Colômbia, em 2008 e 2010, e em Portugal, em 2009. Este ano, a caminhada a pé decorrerá ao longo do mês de Novembro, entre oito a 29, desde o Mar da Galileia até ao Mar Morto, em nome da paz.



Embora o nove de Novembro seja o dia em que se iniciou a perseguição pública aos judeus, cerca de meio século depois também caiu o muro de Berlim. Apesar do profundo sofrimento humano inerente, na base da proposta do Dia Global da Graça está a queda de todos os muros, incluindo os internos, que separam os seres humanos.



Em vez de manifestações contra a vingança, o Movimento propõe uma caminhada a favor da reconciliação entre todos os seres - uma revolução suave, gentil e pela positiva, no âmbito «(…) da construção de uma sociedade pós-capitalista e de um futuro sem guerra», lembra o grupo português em Tamera, uma comunidade guiada pelos princípios do amor, do apoio mútuo, da verdade e da vida, entre outros

Para Dieter Duhm, trata-se de comemorar a ascensão de uma nova humanidade e forma de habitar o planeta, sem ódio e sem violência. «A energia, a água, e os alimentos estão gratuitamente disponíveis para todos os seres humanos se seguirmos a lógica da natureza e não a lei do capital»*, afirma o co-fundador de Tamera, natural de Berlim, no seu apelo deste ano.

Em vez do pressuposto da economia capitalista de que os recursos são escassos, a nova economia (como a dos recursos, espiritual, social e solidária) parte do princípio que os meios são suficientes e até abundantes, pelo que, em vez de competir, vale a pena cooperar, com benefício para todos. É um dos aspectos da Graça divina, a disponibilidade e a gratuitidade – ser grátis, de graça.



Conceito

Graça é também a protecção divina, o carisma e a caridade, a compaixão, a misericórdia, o amor. Ela é a providência divina que disponibiliza à humanidade todos os bens necessários à sua existência material e espiritual. Graça é um dom ao qual o Ser Humano deve estar grato, gratificado, agradecido, em especial no (Equinócio de) Outono, época de recolha das sementeiras, representada na cornucópia, símbolo da abundância, fertilidade e riqueza.



Em Portugal ela é aludida em nomes, ruas, igrejas, freguesias, provérbios, cultos, orações e expressões como “ser um desgraçado”, “ter graça”, “engraçar”, “estado de graça”, “Qual é a sua graça?” ou “por obra e graça do Espírito Santo”. Neste caso é uma referência à Lei da Graça ou lei das analogias, correspondente ao excerto do “Pai Nosso”, “Assim na terra como no céu”, e que, segundo H. Álvares da Costa(1), permite acesso ao Eu Superior.

Qual espelho, o inferior reflecte o superior, como na alegoria da caverna de Platão ou inscrito na lei hermética “Assim como é em baixo é em cima”. É a Graça que torna visível a luz, a vontade divina, o cosmos, o universo, espelho do Logos, o Verbo Criador, por sua vez reflexo da mente divina. É a segunda lei, a do Filho do Homem, Jesus Cristo, ou o Cristo no Ser Humano, o que lhe permite trazer o céu à terra.



A lei da Graça, base da Alquimia, permite, assim, abrir um canal e transferir a energia do superior para o inferior e revelar o Dharma, o dever de cada um, bem como transfigurar o karma, a lei do Filho da Mulher, que não conhece o pai, um nível determinístico, ao contrário da Graça, nível de livre arbítrio e potencia, em que se conhece o Pai do céu, Zeus ou Júpiter.



A premissa de que o que acontecer no âmbito do Macrocosmos se reflecte no microcosmos é precisamente a base da astrologia, para a qual Júpiter representa o entusiasmo, a fé, a esperança, o optimismo, as longas viagens, a participação e envolvimento da alma na vida social, de forma espontânea, alegre e altruísta e, sobretudo, a expansão, a abundância, a bem-aventurança, a protecção espiritual que, numerologicamente, está no zero.



Júpiter corresponde, em termos cabalísticos, à sephiroth Héssed, regida por Tsadkiel, locus das Dominações e plano da misericórdia ou compaixão, o reconhecimento de que todos são parte do corpo de Cristo, numa espécie de lei da gravidade espiritual. É a lei do Cristo-Rei, que protege os desfavorecidos e se comemora no próximo dia 25.



O amor, a misericórdia e a esperança estão também presentes no cântigo "Amazing Grace", escrito no séc.XVIII e com inúmeras versões, entre as quais as dos “Moonriders”, grupo formado em Tamera, no CD “Level Eden”, lançado em 2011. Graça é também o tema principal dos programas de rádio de Join John, “The power of Grace in your life”, com a convidada Cheryl Richardson, autora do livro “The unmistakable touch of Grace”, e de Sonia Choquette, "Grace, guidance and gifts", ambos na Hay House Radio.

«Se viverem a Graça de Cristo talvez possam ser os portadores da Graça Divina, para um mundo sedento de paz, fraternidade e ciência e uma nova sociedade nasça dos escombros das ruínas morais», afirmava há vários anos H. Álvares da Costa(2). Hoje, «As forças de transformação são mais fortes do que toda a violência. Abalam-se os montes, os mares, e os corações dos seres humanos. Das ruínas dos antigos sistemas cresce o espírito de uma nova comunidade planetária», afirma Dieter Duhm, no seu manifesto.



A Graça abre as portas da confiança cósmica, de acordo com Sabine Lichtenfelds, autora, entre outros, do livro "Grace - Pilgrimage for a Future without war". Por isso, os promotores irão fomentar a segurança para além do dinheiro, encorajando o espírito aventureiro, o contacto, o intercâmbio, a troca, a empatia e a compaixão entre as pessoas durante a peregrinação até à celebração do Dia Global da Graça, a protecção da vida e um futuro mais humano ou, como apela a co-fundadora da comunidade no Alentejo em manifesto, redescobrir e tornar realidade a imagem original e intacta de uma Vida Sagrada para um mundo melhor.

(1) COSTA, H. Álvares – Lei da Graça – Lei das Analogias – assim na terra como no céu. Colecção Teosofia básica para um novo homem. Ed. Sociedade Teosófica de Portugal. s/d. (2) Idem, contracapa. * Sublinhado da redacção.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Jornalismo de Paz



Antes do Dia dos Jornalistas pela Paz, Sábado, seguimos de perto o artigo* do especialista Jake Lynch sobre o "Peace Journalism".

Texto e fotografia Dina Cristo

O actual interesse (teórico) e emergência (prática) de um jornalismo de paz tem a sua origem nos estudos de Galtung e Ruge, nos anos 60, e de MacBride, nos anos 80. Ambos mostraram as fragilidades do jornalismo convencional, dominado pela guerra.


Johan Galtung e Mari Ruge mostraram como os principais critérios jornalísticos – a amplitude, o inesperado, a negatividade, a frequência e a clareza – são uma escolha sistemática dos profissionais. Os três últimos conduzem quer ao privilégio dos acontecimentos, em detrimento dos processos, quer do dualismo – o costume de contar dois lados da história, o que impulsiona, ainda mais, o conflito.

Por seu lado, os dois últimos factores de noticiabilidade criam padrões de omissão – os processos positivos que beneficiam grupos e países de menor poder, riqueza, influência ou expressão – e inclusão, que conduz à preferência pelas fontes oficiais como preponderantes na definição e representação nas notícias.

Desta forma, a reportagem de mainstream tem-se orientado para a violência (o conflito entre duas partes a reivindicar apenas o objectivo de vitória), as elites (o privilégio dado a fontes oficiais, líderes políticos e militares), a propaganda (atenção às falsidades) e à vitória (saindo os repórteres assim que a guerra termina).

Mais tarde, MacBride, num estudo encomendado pela UNESCO, confirmava o desequilíbrio do fluxo de notícias a nível mundial, com os países materialmente ricos, com os EUA, a liderar como a principal fonte de notícias internacionais. O alinhamento de notícias pelas nações ainda se aplica; muito do consumo mediático é nacional na sua origem e orientação, apesar do enfraquecimento dos limites políticos pela expansão e desenvolvimento acelerado das Tecnologias de Informação e Comunicação. Há, no entanto, o risco de tal ser conotado com solidariedade em detrimento da opressão.

O hábito da citação oficial decorre da estratégia comercial da imprensa. Para vender mais jornais, acessíveis a qualquer ponto de vista político, era necessário apresentá-los de forma neutral, objectiva e imparcial. De facto, as fontes oficiais garantem a rotina jornalística, satisfazem as suas necessidades de recolha de informação de fundo e de declarações credíveis, lançando um “self serving declarations”, devidamente escrutinados pelos seus porta-vozes. São ambos sistemas institucionalizados, burocratizados, cristalizados que se asseguram mutuamente.

A sua eficácia produtiva gerou, contudo, um problema de abuso e de dependência. Só quando um acontecimento se torna preocupação oficial num dado país é que os seus jornalistas se interessam. Se, por outro lado, problemas houver que não convenham aos dois maiores partidos da democracia representativa - cujo foca se limita à dissidência e controvérsia, o que enfatiza ainda mais a oposição e dualidade – ele é ignorado ou cai da agenda.

Novo paradigma

Não é raro encontrar pessoas com uma visão de paz no âmbito de uma experiência de sofrimento decorrente da guerra. Contudo não são escutadas, vistas ou reportadas porque ou são afectadas pelos conflitos ou porque são pouco poderosas. Por seu lado, os líderes políticos, a quem os “media” prestam subserviência, privilegiando-os como fontes de informação primordiais, raramente dão um passo em prol da paz.

Contudo, desde a invasão do Iraque, em 2003, que o oficial perdeu significativa credibilidade e o militar entrou em crise de legitimidade. Acentuou-se a divergência entre a opinião política e a opinião pública, com os públicos dos países aliados cépticos (como a Austrália em 2008) enquanto os governos enviavam tropas para auxiliar os EUA. Na verdade, quando a imprensa designa Washington ou Londres quer-se referir à classe política.

O uso da força, monopólio das organizações políticas estatais, como lembrava Max Weber, só era aceite pelos americanos sob certas condições. Uma resposta a um conflito que ultrapassa a lei internacional, nenhuma vez mencionada, tal como a Carta da ONU, em qualquer dos 70 editoriais estudados por Friel e Falk sobre a ocupação do Iraque.

As instituições mediáticas, corporativas, autênticas indústrias culturais, com as suas estruturas, hábitos, usos e costumes atendem não só às suas próprias necessidades como às do sistema capitalista – motivo da sua desconexão, formal, com outros agentes importantes [como as ONG]. Porém, aumenta o nível de debate e contestação sobre a representação noticiosa dos conflitos. Segundo Michael Schudson, um dos muitos autores referidos por Lynch, o jornalista não pode aparecer como menos bem informado do que o seu público.

No presente

O activismo mediático, que desafia o padrão dominante de reprodução nos “media” globais, enfrenta hoje uma pronta e vasta oposição por parte dos jornalistas - caso de David Randall, do “Independent”, e David Loyn, da BBC – e dos círculos académicos – como Hanitzsch. Para este crítico, a paz, enquanto objectivo externo, ameaça os fins internos do jornalismo.


Pelo contrário, Jake Lynch defende que o Jornalismo de Paz (JP) é um instrumento para melhor os realizar, não só a correcção, pois a imagem que a audiência frequentemente recebe do conflito é menos pacífica do que os factos confirmam, como a justiça, com uma cobertura mais orientada para as pessoas, para as soluções e para a paz.

O "Peace Journalism" defende que o conflito enquanto problema pode parecer bastante diferente se for examinado por ângulos distintos pelos que o experienciam, o povo que está no terreno, na vida de todos os dias. Neste modelo o jornalista está preparado, procura e transmite iniciativas em prol da paz, quaisquer que sejam a sua proveniência, e representa as múltiplas e variáveis partes em conflito, perseguindo diversos objectivos e com várias oportunidades de intervenção.

O JP é, pois, uma oportunidade para colocar as respostas não violentas no debate público, para que a sociedade as conheça e valorize. A pesquisa e esclarecimento a nível mais profundo e contextual das iniciativas pacíficas é uma forma de resistência à guerra, ao terrorismo e um desafio às relações de domínio, na ordem económica, política e social mundial. E apesar das distorções e manipulações nos relatos jornalísticos tem havido maior abertura e aceitação desta prática profissional.

Exemplares


Desde o “Peace News”, já com 75 anos, ao recente “Sydney Morning Herald”, que lançou a campanha “Hora do planeta”, passando, de uma forma geral, pelo jornalismo alternativo e a “penny press”, o Jornalismo de Paz embora de uma forma descontinuada, em termos de tempo, e envergonhada, em termos de espaço, tem vindo a marcar presença (às vezes mesmo de forma pouco consciente, como o caso de David Loyn que respondeu ao autor afirmando que não fora sua intenção fazer JP).

A seguir à queda de Suharto na Indonésia, o maior jornal, “Kompas”, adoptou o “jurnalisme damai” como política editorial; o jornal de Jakarta, “Sinar Harapan” relançou o slogan “O jornalismo de paz representa a esperança de que podemos viver juntos” e a Associação Internacional de Jornalistas ajudou a encontrar um espaço seguro, em Ambon, para os repórteres contactarem com o ponto de vista do outro lado e, assim, contribuir para um mútuo entendimento.

Nas Filipinas, país com longa tradição ao nível da imprensa clandestina anti-colonial, o maior jornal “Philippine Daily Inquirer” alcançou o objectivo para o qual fora criado em 1985: contribuir para o fim da guerra. No conflito entre Israel e o Líbano, em 2006, Shinar encontrou uma notável limitação da penetração do discurso militar e uma considerável atenção às fontes orientadas para os civis. No caso do Afeganistão, Hackett e Schroeder identificaram perspectivas de múltiplas partes em conflito bem como critérios de Jornalismo de Paz em cerca de 3/10 dos artigos estudados.

Quando as excepções proliferam no modelo actual é sinal de que um novo paradigma está a surgir. Para tal, contribuem os activistas de “media”, que tomam iniciativas em prol da mudança a três níveis: dos jornalistas, com acções pedagógicas com vista à diminuição do uso da linguagem militar (e de vitimação); da audiência, com acções educativas e críticas com vista à consciencialização em relação à importância da linguagem como condutora, indirecta, da violência ou da reconciliação e harmonia social, de acordo com o discurso, e, por fim, dos meios, com a fundação, por uma agência da ONU, de um Banco de Desenvolvimento de “Media” como uma forma de criar mais meios com base no JP, de modo a formar um sistema de ética mediática à escala global.
Dov Shinar que fez o ponto da situação em relação ao Jornalismo de Paz, em 2007, actualizou as recomendações de MacBride sugerindo o trabalho em rede da imprensa independente, o treino em literacia mediática, para jornalistas e audiência e a garantia de acesso das minorias, sobretudo aos novos “media”. Uma exortação para que se encontre um lugar na actual prática noticiosa para o Jornalismo de Paz.



Um remédio para as influências nefastas dos critérios adoptados pelo jornalismo tradicional, nomeadamente na sociedade ocidental, liberal e individual e a defesa de que se podem e devem alterar as escolhas, sobre que histórias contar e como, tendo em vista a perversidade de invasões a outros países, como as ocupações recentes no Médio Oriente e na Ásia, em pleno séc.XXI ao que se juntam os efeitos de stress causados na audiência por um Jornalismo de Guerra.

* LYNCH, Jake – Peace journalism in ALLAN, Stuart (editor) - The Routledge Companion to News and Journalism. London and New York, 2010, p.541-553.

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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Rádio Clube de Moçambique V


                           
Revista Rádio Moçambique nº276 de Julho de 1959


Nesta quinta e última parte concluímos o artigo sobre RCM, cuja publicação mensal se iniciou em Maio.

Texto Dina Cristo

Ao longo da recolha, análise e leitura (do significado) dos dados, tentámos compreender até que ponto o Rádio Clube de Moçambique foi um mero instrumento de propaganda (política) ao serviço de Portugal ou se, de alguma forma, constituiu já uma vocação para a informação social. Para tal, focamo-nos sobretudo na criação da rede de Emissores Regionais (ER), através da qual é difundida a “Voz de Moçambique”, um programa destinado às populações indígenas.

Despertada em relação à relevância das línguas como meio de dominação dos povos na construção artificial de identidades nacionais bem como uma falsa identificação entre o todo e a parte , por um lado, mas também como instrumento de acção, expressão e de libertação da dominação, por outro, quisemos apurar até que ponto ela constituiu um modo de penetração ideológica ou de (re)construção de laços de solidariedade.


O estudo teve como fonte fundamental todos os números, desde o 258 ao 441, editados de Janeiro de 1958 a Novembro de 1973, da revista publicada, mensalmente, pelo Rádio Clube de Moçambique, existente na Biblioteca Nacional, em Lisboa, denominada “Rádio Moçambique”. A publicação reproduz frequentemente matérias da rádio da Metrópole, nomeadamente da Emissora Nacional - como discursos, aniversários, renovação de programas, iniciativas, como os jogos florais – possuindo várias rubricas, como a história da rádio, além da programação, entrevistas, reportagens, palestras ou discursos proferidos aos microfones da estação.


A investigação - escrita no presente histórico, de modo não adaptado ao novo acordo ortográfico e usando os termos coevos, como Metrópole, Ultramar ou Província -desenvolveu-se em quatro partes essenciais. Na primeira parte se fez uma caracterização geral da estação de Lourenço Marques, a nível histórico e de condições (materiais) existentes. Na segunda, abordámos os conteúdos e horas de programação, em termos gerais, transmitidos da sede, e particulares, dos emissores distritais. A terceira parte concentrou-se na caracterização específica da “Voz de Moçambique”, o programa dirigido às populações africanas. A quarta parte centrou-se na rádio enquanto meio propício à difusão de propaganda, para além da informação e recreação.

Conclusão


De acordo com o discurso oficial, reflectido nas páginas da “Rádio Moçambique”, o esforço (político, económico, técnico e humano) investido na cobertura de uma rede de radiodifusão, com um programa nativo, único, retransmitido em cadeia, a nível do território, tem como finalidade aliar o útil - a conveniência portuguesa, a acção educativa e civilizadora, a divulgação política - ao agradável: a vantagem para o nativo com conteúdos acessíveis e compreensíveis.


A instalação desta rede de emissores que cobre as províncias tem um objectivo duplo: valorizar o folclore e língua locais e, ao mesmo tempo, cobrir «(…) a propaganda de tão vastas e várias regiões e colocando ao alcance dos Governos um elemento que rapidamente difunda pelas mais longínquas regiões as suas iniciativas e instruções». Em 1973, por ocasião da inauguração do ER de Inhambane, Humberto Albino das Neves, presidente da Direcção, recorda que o RCM: «Não visa propósitos lucrativos; não distribui dividendos; tudo o que realiza reaplica, reinveste em melhor satisfazer as populações, no campo informativo, no recreativo, no cultural, no educativo, e no imperativo, que o domina, de cooperar na consecução dos interesses superiores da comunidade, em colaboração franca com a Administração, tanto quanto lho permitam as suas faculdades e lho consintam uma gestão saudável».


Ambas as finalidades são expressas, já em 1961, em forma de trilogia: «Colocar à disposição do Governo e das autoridades locais um meio de difusão de notícias, ordens e instruções (…)» é a primeira das intenções. «Contribuir para a elevação do nível cultural e artístico das regiões servidas, pela organização de programas locais, em que se revelem e ponham em evidência os seus valores nos campos das letras, das artes, da música e da ciência» é o segundo objectivo, recordado a propósito da inauguração do primeiro emissor, o de Nampula. «Criar uma rede de radiodifusão que permita a esses valores [locais], assim como às mais importantes manifestações da vida dessas regiões, chegarem ao conhecimento dos seus habitantes» é o terceiro fim, que funde os antecedentes, o reforço da identidade nacional e a valorização da cultura local.


De facto, entre 1958 e 1973, o Rádio Clube de Moçambique aumenta considerável, contínua e amplamente o número de horas de emissão, quer ao nível da sede, Emissor da Matola, perto da capital, quer ao nível dos Emissores Regionais - Nampula, Quelimane, Cabo Delgado, Dondo, Tete, Vila Cabral e Inhambane. Se a sua implementação e aumento de potência, ao longo de 20 anos, se faz desde o início da década de 50, é no período marcelista que se multiplica e intensifica o empenho na cobertura do território moçambicano.


O investimento realizado no âmbito do plano de radiodifusão para Moçambique espelha a confiança na capacidade de eficácia da rádio ao nível da propagação ideológica e de penetração na vida das populações, ao ponto de justificar a degradação da situação económica de uma estação, historicamente sólida.


Por outro lado, a disponibilidade de uma equipa de recolha de elementos folclóricos autóctones e de locutores nativos para falar numa das onze línguas indígenas, durante cada vez mais horas de emissão, é, na prática, uma forma de fazer chegar, identificar, compreender e aceitar mais facilmente a mensagem da causa nacional (de pacificação, civilidade, unidade e progresso) - que tem como origem a Emissora Nacional, na Metrópole, e o RCM, em Lourenço Marques.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

IV Prémio IS


Biosofia, Cais, Cantos da casa (Antena 1), IM Magazine (web), Le Monde Diplomatique, Nova Águia e Sociedade Civil (RTP 2) são os nomeados para o IV Prémio Informação Solidária 2012, cuja votação se encontra aberta até ao dia 30 de Dezembro. O Prémio, concebido e doado pela artista Cristina Lourenço, é uma oportunidade para levantarmos o véu à segunda edição do livro “Informação Solidária”, de Carlos Cardoso Aveline, em preparação.

Texto Dina Cristo fotografia e pintura Cristina Lourenço



Um jornal estrutura a mente, a consciência colectiva, e articula a opinião pública. Ao longo dos séculos tem-se mantido, no essencial: «Folheando alguns dos principais jornais brasileiros, tenho a sensação de que o jornalismo mudou muito pouco nos últimos dois mil anos», afirma o autor no início da sua obra.



Um jornalismo mais próximo da ilusão colectiva, com cada vez maior representação ficcional, ampliada pelo excesso de rapidez, e redutora da realidade, fragmentada, com notícias isoladas e fora de contexto e a aplicação de uma tecnologia com o objectivo de redução dos custos.



Jornais que calam, apesar do excesso de desinformação, que desviam a atenção em relação ao que importa, gerando poluição mental e cultural e uma certa forma de hipnotismo que conduz à heteronomia e à ansiedade informativa.



Entretanto, o lixo moral acumula-se. As pessoas, por falta de opção e controlo ético, refugiam-se na televisão, baseada no tripé da violência (emitido pela telenovela-publicidade-filmes), estimulando a mediocridade e a alienação. Trata-se, pois, de um mau uso da TV, controlada por interesses de grupos, quando está destinada a veicular a fraternidade universal.



Contudo, a solução existe e não é de hoje. Desde o início do jornalismo luso-brasileiro, com Hipólito da Costa e o “Correio Braziliense”, como expoente do Jornalismo Romântico, dando espaço ao debate de ideias e voz aos diversos movimentos sócio-políticos, que a ênfase está na revolução dos conteúdos, na compreensão da verdade em detrimento do mero conhecimento superficial, e no serviço à comunidade.



Hoje, a luz, que torna mais visível a sombra na própria imprensa, permite elevar o nível de consciência sem deixar de informar sobre as carências humanas. Há, pois, mais condições para impulsionar um jornalismo independente, construtivo, apontando para as potencialidades do ser humano e para as soluções dos seus problemas.



A internet, para a qual transitou grande parte da imprensa pequena (nanica) e alternativa, potencia o exercício de uma imprensa benéfica e útil, comprometida com a veracidade, a coerência e a justiça, contribuindo para a construção activa da boa vontade e das relações correctas, a todos os níveis.



Esta renovada imprensa, consciente da diferença entre a urgência e a importância, apostada na qualidade em detrimento da quantidade de informação, abre espaço para o silêncio, a percepção do sentido da vida e para a relembrança da unidade original. Um dos seus sinais é a maior aproximação ao cidadão, de que os provedores dos leitores, ouvintes e telespectadores são um exemplo no Brasil e em Portugal.



Alicerçada no interesse dos cidadãos, a imprensa solidária do século XXI confia numa cidadania planetária plena - atenta e isenta, que exerça também o seu papel no controlo de qualidade e na selecção da informação correcta, necessária à tomada de decisões que auxiliem a qualidade de vida, e no poder da comunidade de defender os seus interesses - para transformar o jornalismo.



Para auxiliar o cidadão a assumir as suas responsabilidades, Carlos Cardoso Aveline sugere várias acções a tomar ao nível social e individual, através do uso correcto da imaginação, propondo a visualização de imagens criativas e construtivas da realidade social, em detrimento das de sexo, mentiras e violência, habitualmente veiculas, mesmo entre a programação infantil.



Ao exercer o jornalismo de uma forma diferente, ao analisar, por exemplo, com atenção aquilo que outros esquecem ou ridicularizam, ao fomentar o equilíbrio entre informação e contacto directo com os ritmos da vida e com os seres, com a informação mas também com a meditação, o relaxamento ou a contemplação, a Informação Solidária fomenta o crescimento interior dos indivíduos e, com essa atitude, o jornalista correcto sente-se em paz, por também ele ter cumprido o seu dever.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Hipersensibilidade


Há vinte anos, Elaine Aron promoveu a primeira reunião de Pessoas Altamente Sensíveis (PAS). Foi na Universidade da Califórnia. Há dez escreveu o livro que hoje, Dia Mundial da Saúde Mental, relemos.

Texto Dina Cristo

Longe do distanciamento entre cientista e objecto, assumindo a sua qualidade de PAS, a autora, que ao longo da obra refere vários exemplos (pessoais), explica como estas pessoas, que constituem um quarto da população, têm sido ignoradas e desvalorizadas por uma cultura pouco sensível, focada no físico, e onde altos níveis de stress são considerados normais. Minoritárias, as PAS, por natureza pacíficas, receptivas e meigas, não têm sido (re)conhecidas nem têm visto as suas necessidades profundas satisfeitas, enquanto o dever de estar numa sociedade repleta de estímulos lhes traz dificuldades acrescidas e vários problemas de saúde.

Setenta por cento das PAS são introvertidas, elas possuem um sistema de activação fraco, ao contrário das extrovertidas cujo mesmo sistema, de rei guerreiro, é forte. A curiosidade destas é, contudo, refreada por um sistema de pausa para verificação (conselheiro) maior do que o das primeiras. Em qualquer dos casos, e independentemente das diferenças de sensibilidade, de um estilo de vida mais simples ou mais activo, a maior realização de qualquer PAS é na vida íntima, nos relacionamentos pessoais, em detrimento da vida social que, pela hiperestimulação que proporciona, lhes causa desconforto.

As PAS têm menor tolerância aos estímulos (são mais susceptíveis, por exemplo, à fome, ao frio, ao ruído, aos odores, ao electromagmetismo), em relação aos quais têm maior dificuldade em administrar, e maior abertura aos significados subtis, cuja necessidade de processar reflectida e profundamente lhes é essencial. Uma PAS pensa muito antes de agir, analisa abundantemente (inclusive o próprio pensamento) e, em geral, nas soluções para os problemas e no sentido da vida. A sua força, poder e coragem está em conseguir lidar com o mal e o sofrimento, encontrando e partilhando o seu sentido, através do luto e da cura - um trabalho interior que lhes é adequado.

As pessoas super sensíveis são especialmente talentosas a nível intelectual. Têm uma inteligência privilegiada e são especialmente dotadas. A sua adrenalina é de carácter mental. Apreciam a reflexão profunda dos significados mais ténues, que assimilam bem, o que faz delas boas conselheiras, intelectuais, teólogas, psicoterapeutas, consultoras ou juízes. Interessam-se particularmente por ideias, conceitos e possibilidades e decidem mais com base em pensamentos e sentimentos do que em factos. A sua vida é mais anímica e psicológica do que física ou prática. Correspondem, numerologicamente, ao sete.

Embora não tenham desenvolvido particularmente os sentidos físicos (muitas usam óculos), possuem uma forte visão interior, p(r)o(f)ética, capacidade de antevisão, de farejar o futuro, próprio dos verdadeiros artistas, e intuição incomum, capaz de revelar factos ocultos, em contacto íntimo com o inconsciente, nomeadamente através dos sonhos, da imaginação, da sua rica vida interior e da experiência espiritual. São especialmente receptivas à sincronicidade, à proximidade não física e à influência à distância. Constituem a classe “clerical” que respeita o silêncio (condição para a qualidade dos pensamentos) e age de forma escrupulosa e dedicada, fomentando um espaço ritual e sacralizado.

As pessoas de sensibilidade extrema possuem uma espécie de “antenas” sensíveis que lhes faz ficarem mais alertas aos perigos, daí a sua habitual inibição comportamental. São, assim, mais atentas, conscientes e cautelosas, embora a sua hiperexcitação se possa manifestar como arrependimento em relação ao passado e preocupação em relação ao futuro. O terceiro olho, interno e invisível, nelas menos adormecido que no geral da população, é o seu “radar” cujas ondas as previnem os obstáculos, acidentes ou entidades malfazejas, recorda Omraam Aivanhov.

Segundo este autor, a sensibilidade é um grau superior que põe o Ser Humano em contacto com as regiões celestes, numa abertura (total) à sua luz e beleza e o fecho a todas as coisas absurdas e feias do mundo humano (1). É, explica, diferente da susceptibilidade, a pieguice de uma personalidade egoísta, afectada, como diria Immanuel Kant. Elaine Aron também distingue sensibilidade da ansiedade e da timidez, quando a pessoa teme que os outros não gostem dela ou não a aprovem.

Em contacto com a sociedade, altamente estimulante, as PAS, que têm o hemisfério direito do cérebro mais activado, tendem a reagir fortemente, o que lhes aumenta o stress, a agitação e o cansaço. Em hiperestimulação, com a redução da quantidade de neurotransmissores, nomeadamente a serotonina, podem facilmente cair no contrário, a depressão e, partir de um nível intolerável de exaltação, ficarem mesmo insensíveis. Ao serem mais afectadas por todas as coisas (como no caso do ambiente médico, aos sintomas, aos medicamentos e à sua própria dor e à dor outros), as pessoas com sensibilidade extrema necessitam de um tratamento especial.

Ao constituir um grupo minoritário que não é conhecido, protegido e valorizado pela cultura dominante – as pessoas sensíveis são habitualmente retratadas pelos “media” como vítimas – sofrem muitas vezes, apesar da sua natureza, tendencialmente mais criativa e humana, falta de auto-estima, de auto-confiança, de segurança (emocional) e uma falsa sensação de inferioridade. Como não receberam suficiente apoio desde crianças, habitualmente esquecem as suas próprias carências, e ultrapassam-se para agradar aos outros. Uma das suas maiores necessidades, a protecção, torna-se, assim, uma das suas maiores dificuldades.

No caso da sua usual abertura mental e psicológica (o princípio receptivo) esta deve ser, pois, mais equilibrada com o desenvolvimento da sua vontade (o princípio emissivo), focando-se no que é mais correcto e adequado para si, ou, nas palavras de Omraam Aivanhov, discernindo e distinguindo as influências benéficas, que devem ser preservadas, das maléficas, que devem ser repelidas, ou nas da autora, estabelecer fronteiras flexíveis. Numerologicamente falando, corresponde àao número 2 (2, 11, 20, 22), com “nervosismo interior”, “tensão nervosa”, “sensibilidade refinada e profunda”, que deve aprender a dizer “não” ao que lhes é demasiado perturbador.

No caso da reserva em termos sociais, para melhor protegerem a sua vida interior e se resguardarem, devem estar no mundo, o que para as PAS, maioritariamente introvertidas, discretas e que passam despercebidas, é um dos aspectos mais difíceis e desafiantes. O reconhecimento do seu lado sombra - de poder, força, dureza e raiva – se não houver demasiada pressão e for aceite, pode torna-las mais flexíveis, adaptadas e integra(da)s, com benefícios mútuos: «Para as PAS, a mais dura de todas as tarefas não é de forma alguma renunciar ao mundo, mais sair para o mundo e mergulhar nele»(2).

Com ligações, na infância, inseguras, desenvolvem mais tarde relacionamentos esquivos ou ansiosos. Mais excitáveis são mais inclinadas a apaixonar-se mais e mais intensamente, muitas vezes por uma pessoa de nível inferior e com a qual não combinam. Uma intensidade que aumenta também com o sofrimento inerente à falta de correspondência. Tendem a estabelecer relações profundas, monogâmicas ou optar pelo celibato. A sua necessidade é de expansão interior. Privilegiam a qualidade e aprofundamento em detrimento dos grandes círculos de amigos, estranhos, grupos ou ambientes festivos onde é difícil, como gostam, de conversar seriamente, sobre filosofia, sentimentos ou conflitos interiores. Boas ouvintes, o seu sucesso social é na intimidade.

As pessoas híper sensíveis tendem a ser caladas e discretas, criteriosas e perfeccionistas, suaves e meigas, discretas e reservadas, idealistas e pouco práticas (nomeadamente ao nível dos negócios), íntegras e interiormente corajosas. Estes homens e mulheres são uma mais-valia para uma sociedade extrovertida: «Sem PAS em posições-chave da sociedade ou da organização, as pessoas de perfil guerreiro tendem a tomar decisões impulsivas carentes de intuição, usam abusivamente o poder e a força e deixam de considerar os aspectos históricos e as tendências futuras»(3).

A autora relembra, mais à frente, o valor destas pessoas, cuidadosas, sábias, com apurado sexto sentido e abertas à experiência subtil, que a cultura ocidental actual, preconceituosamente, rotula negativamente: «Mas a História precisa de nós. O desequilíbrio entre os segmentos dos conselheiros reais e dos reis guerreiros sempre foi perigoso, mas o perigo é maior quando a ciência nega a intuição e as “grandes questões” são respondidas sem reflexão, de acordo apenas com o que é conveniente no momento»(4).

Para que as pessoas que se excitam mais intensa e prolongadamente possam sentir-se confortáveis e cumprir o seu papel no mundo exterior, a autora apresenta diversos conselhos, dos quais destacamos: valorizar a introversão e trabalhar a hiperexcitação; não se comparar, esconder ou sobrecarregar; ouvir música e dançar, alimentar saudavelmente; descansar e repousar, ler e cozinhar, fazer yoga ou meditar; em casos mais críticos tentar sair da situação, movimentar-se, caminhar ao ar livre, respirar e beber água.

As pessoas superexcitáveis têm mais necessidade do que as restantes de ter calma e tempo, descanso e sono, protecção e segurança, reflexão e espaço a sós, (para digerir os acontecimentos) o que, numa cultural embrutecida, é considerado sinal de doença mental. Elaine Aron lembra o conceito de individuação de Carl Jung, também ele uma PAS - o conhecimento das diversas vozes interiores, incluindo as desprezadas ou rejeitadas (o que pode conduzir à hesitação mas também a tornam mais forte, íntegra e plena) através das quais encontra o próprio sentido da vida e vocação, a pergunta peculiar que vieram responder à Terra, a sua própria especialidade, o que é bom para si em particular.

As PAS, superdotadas, com destacada capacidade de concentração, compreensão, previsão ou memória (semântica), têm sido marginalizadas por uma cultura que valoriza o físico. Em vez de recorrer a drogas, receitadas por profissionais pouco sensíveis, que as tornam egocêntricas, submissas, insensíveis, definidas e “normais”, a autora defende a psicoterapia (junguiana), que para as pessoas que assimilam «(…)muito bem as pistas sutis, as nuances, os paradoxos e as ambivalências e os processos inconscientes»(5) pode constituir uma espécie de parque de diversões, devolvendo o auto-conhecimento, o respeito e a cura. E esclarece Elaine Aron: «Nós não nascemos realmente com a tendência a “híper-reagir” ao estresse”. Nascemos sensíveis»(6).

(1) AIVANHOV, Omraam – Pensamentos quotidianos, Publicações Maytreia, 10/11/2010. (2) ARON, Elaine N. – Use a sensibilidade a seu favor – Pessoas Altamente Sensíveis. Editora Gente. 2002, pág. 258. (3) Idem, pág. 150. (4) Idem, pág. 258. (5) Idem, pág. 192. (6) Idem, pág.241.

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Francisco de Assis


Na véspera do Dia de S. Francisco, quando se assinalam 830 anos sobre o seu nascimento, mostramos o excerto inicial de 68 sonetos sobre a vida do frade italiano recitados pelo Frei Morgado do Convento Franciscano de Santo António do Varatojo.

Recolha e selecção Dina Cristo


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