quarta-feira, 25 de abril de 2012

(Des)ordem social


Qual a liberdade de acção individual dentro de uma estrutura sócio-política, como a do Estado democrático? Respondemos, em pleno 25 de Abril, recorrendo ao pensamento clássico*.

Texto e fotografia Dina Cristo

A Teoria Social Clássica é um comentário crítico e pós-renascentista ao mundo moderno, às tendências sociais de longa duração do séc.XIX, altura em que se formou, após as novas condições, de expansão económica e liberdade política, decorrentes da Revolução Francesa e da Revolução Industrial.
A mudança social ocorrida com a modernidade deu-lhe, agora autonomizada da Filosofia (política e social) e diferenciada das Ciências Naturais, temas como o capitalismo, o mercado, a industrialização, a urbanização, a divisão do trabalho, a racionalização, a burocracia, a democratização, a individualização, a secularização ou a imigração. Vários destes e de outros assuntos, como a família, o sistema educativo, a linguagem ou a etnicidade, são investigados enquanto instituições sociais.
Entre os principais problemas estudados estão a “estrutura” - força externa que determina a vida dos indivíduos, correspondente aos constrangimentos, económicos, segundo Marx, morais, segundo Durkheim, e políticos, segundo Tocqueville - e a “acção” - esfera de actuação dos actores sociais, onde fazem as suas escolhas, de forma mais livre e autónoma.
Karl Marx, ao criticar o idealismo alemão, enfatiza a importância da infra-estrutura, a base material, económica, prática, a acção, onde teria lugar a luta de classes por forma a atingir a harmonia social e ultrapassar o conflito, proveniente dos direitos de propriedade privada, próprios do modo de produção capitalista, com interesses oponentes entre capitalistas e assalariados, que incluía meios de produção concentrados e relações sociais de produção (de exploração).
Por seu lado, Émile Durkheim enfatiza a super-estrutura, normativa, das ideias e ideais – facto social capaz de exercer constrangimento externo sobre o indivíduo. É o caso da solidariedade social, que implica um sentido de obrigação moral, reflectido na lei, dominante embora apetecida, que regula e molda a acção social.
Quer seja mecânica - como nas sociedades mais tradicionais, unidas pela semelhança, laços de parentesco e vizinhança, com um nível mais intenso e “natural” de relação social, tendo em vista o conformismo gerado pela organização legal repressiva – quer seja orgânica – com nas sociedades mais modernas, unidas pela diferença e pela interdependência gerada pela divisão do trabalho social, a especialização, com uma organização legal restitutiva, reconhecendo o direito à equidade – a solidariedade social possibilita o terceiro problema mais estudado: a ordem, a estabilidade social.
Enquanto que para Durkheim, a diferenciação individual, própria da modernidade, mantém a sociedade unificada, através da divisão do trabalho, que liga e entrelaça os diversos indivíduos, para Max Weber responsabiliza o actor individual, o sujeito cognoscente, pelas suas escolhas, já que o sentido da sua acção é, agora, construído segundo diferentes percepções subjectivas, pontos de vista, valores e interesses, quer ideias quer materiais, pessoais, embora cada vez mais dominados pela burocracia, racionalização e calculismo, criando um mundo, autêntica “gaiola de ferro”, gerador de desencantamento.
Ao contrário da acção utilitarista e estratégica, com objectivos planeados, em que os meios (nomeadamente técnicos) substituem os fins humanos, Max Weber observou como a actuação humana tem consequências involuntárias e dela resultam instituições e uma estrutura, como foi o caso da auto-disciplina e responsabilidade moral protestante que, sem intenção, deu lugar à vocação empresarial e ao capitalismo. O autor, combinou, assim, a consciência subjectiva e o interesse material, reintegrando a estrutura e a acção na vida social, através, não do poder, coercivo, mas, da dominação legítima, com acordo voluntário.
Já anteriormente Alexis de Tocqueville havia notado que a liberdade individual fora ameaçada pelo Estado democrático moderno, totalizador e centralizador, com poder, extremo, total, monopolizador, ubíquo e omnipotente, sobre o território nacional, garantido na lei, regra que limita a vida. Um poder despótico, absolutizante, baseado na massificação e na racionalização, eliminador dos vestígios das soberanias fragmentadas do feudalismo e da aristocracia, autoridade tradicional dispersa, durante o Antigo Regime, pré-revolucionário. O impacto da centralização governamental e da dominação burocrática pode, no entanto, segundo Tocqueville, ser controlado e limitado através da participação política, associativismo e independência do sistema judicial.
Georg Simmel, ao colocar a ênfase no consumo, como expressão da sensibilidade individual, faz a ponte entre a Teoria Social do Velho Continente, focada nas macro-estruturas, como a classe e o estatuto, e a do Novo Continente, que privilegia o Eu secularizado, construído e desenvolvido no âmbito das expectativas e enquadramento social, tal como estudado por Herbert Mead.
Uma sociedade civil, cada vez mais plural e complexa, onde o indivíduo socializado é capaz, mesmo numa economia monetária e na vida urbana atomizadora e impessoal, de criar espaços de relacionamento social e de lazer, com interacção social, (in)visível e (in)formal, reciprocidade e (sub)culturas urbanas, estudadas por Robert Park da Escola de Chicago é, pois, o contributo da Teoria Social americana - surgida no final do séc.XIX, para inovar a agenda da Teoria Social clássica – sem, contudo, as suas investigações, mais empíricas, terem conseguido, ao contrário das europeias, articular a estrutura colectiva, de base política, cultural, legal e religiosa, com a acção pessoal.
Robert Holton defende que a vida social é baseada em causas múltiplas (como afirmava Weber), constitui uma estrutura organizada (a entidade supra-orgânica, de que falava Durkheim) simultaneamente aberta à acção dos agentes sociais, que a reconstroem e restruturam.
Apesar de analisar os méritos e limitações de vários autores, Holton defende que há, ainda por superar, um défice de investigação dos principais problemas sociais, a um nível que vá além da visão europeia e americana, do género masculino e do âmbito racional.


* HOLTON, Robert – Teoria Social Clássica, Cap. 1, in TURNER, Bryan - Teoria Social, Difel, pág. 23-50.

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sábado, 21 de abril de 2012

Rádiotelefonia de sessenta X




Nesta última parte fazemos referência à bibliografia usada neste ensaio, escrito há 15 anos, sobre a radiodifusão nos anos 60 em Portugal.





Texto Dina Cristo




Livros




AAVV – 60 anos de rádio em Portugal 1925-1985, Lisboa, Editora Vega, 1986.






RELATÓRIO PRELIMINAR DA RÁDIO MOÇAMBIQUE AOS TRABALHOS PREPARATÓRIOS DO SEMINÁRIO NACIONAL DA INFORMAÇÃO - Relatório Preliminar da Rádio Moçambique aos trabalhos preparatórios do seminário nacional da informação, Gabinete de Estudos MINFO, 1977.






ANTUNES, José Freire – Kennedy e Salazar – o leão e a raposa 1961, Difusão Cultural, 1991.






ANTUNES, José Freire – Nixon e Caetano – promessas e abandono 1969-1974, Difusão Cultural, 1992.






AVILLEZ, Maria João – Soares – ditadura e revolução, Círculo de Leitores, 1996.






BASSETS, lluís – De las ondas rojas a las rádios librés, Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 1981.






BARRETO, José – Carta ao Cardeal Cerejeira, 16 de Julho de 1968, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1996.






BRANCO, Fernando Castelo – A radiodifusão dos discursos de Salazar como factor da sua ascensão política, Fragmentos, s/d.






BRANCO, Fernando Castelo – O Estado Novo. Das origens ao fim da autarcia 1929-1959, Fragmentos, s/d.






CÁDIMA, Francisco Rui – Salazar, Caetano e a Televisão Portuguesa, Editorial Presença, 1996.






CRUZ, Olga Serra – Rádio anos 60, Universidade Nova (policopiado), 1986.






FERREIRA, Eduardo de Sousa – Rádio e Televisão, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1977.






FERREIRA, Eduardo de Sousa – O fim de uma era: o colonialismo português em África, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1977.






FRANCO, Graça – A censura à imprensa (1820-1974), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1993.






GALVÃO, Henrique – Diário de Peniche, Lisboa, Gráfica Imperial, s/d.






GARNIER, Christine – Férias com Salazar, 7ª ed., Lisboa, Companhia Nacional Editora, 1952.






GÓIS, Anabela et al – Da rádio tradicional à rádio livre, Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.






HISTÓRIA DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE – História do Rádio Clube de Moçambique, Montijo, Oficinas da “Gazeta do Sul”, 1959.






JEANNENEY, Jean-Noel – A rádio: novo rejuvenescimento in Uma história da comunicação social, Lisboa, Terramar, 1996.






MCLUHAN, Marshall – Rádio – o tambor tribal in Os meios de comunicação como extensões do homem, São Paulo, Editora Cultrix, 1988.






MAIA, Matos – A telefonia, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995.






MAIA, Matos – Aqui emissora da Liberdade – Rádio Clube Português 04.26 25 de Abril de 1974, Edição Rádio Clube Português, 1975.






MAIA, Matos – A invasão dos Marcianos, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1996.






MATTOSO, José (Dir.) – A lenta agonia do salazarismo in História de Portugal, vol.VII, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994.






MATTOSO, José (Dir.) – Marcelismo: a libertação tardia (1968-1974) in História de Portugal, Vol.VII, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994.






MARCOS, Luís Humberto – Rádio locais – a lei e a realidade, Porto, Centro de formação de Jornalistas, 1989.






MEDINA, João (Dir.) – História Contemporânea de Portugal, Vol.I e II, Multilar, S/d.






MIGUEL, Aura – Rádio Renascença: os trabalhos e os dias (1933-1948), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992.






NASCIMENTO, José – A história da rádio, Policopiado, s/d.






NEVES, Moreira das – Para a história da Rádio Renascença – Monsenhor Lopes da Cruz e a emissora Católica Portuguesa – subsídios e comentários, Lisboa, 1980.






NOUSCHI, Marc – A aldeia global in O século XX, Instituto Piaget, 1996.






OLIVEIRA, Aníbal José – História da radiodifusão em Portugal (os contributos do RCP e EN), Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.






PATRÍCIO, João – Editoriais e notas do dia. Das realidades aos mitos, Emissora Nacional de Radiodifusão, 1968.






PATRÍCIO, João – Editoriais e notas do dia. Renovação na continuidade, Emissora Nacional de Radiodifusão, 1969-70.






PERDIGÃO, Rui – O PCP visto por dentro e por fora, Lisboa, Editorial Fragmentos, 1998.






PERES, Maria José – RDP/Internacional – Rádio Portugal, Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.






RIBEIRO, Fernando Curado – RÁDIO – Produção-Realização-Estética, Arcádia, 1964.






RODRIGUES, António Simões (Coord.) – História de Portugal em datas, Círculo de leitores, 1994.






ROSAS, Fernando; BRITO, J.M. Brandão – Rádio in Dicionário de História do Estado Novo, Círculo de Leitores, 1996






SILVA, Virgílio luís – Etelvina Lopes de Almeida, Lisboa, Policopiado, 1997.






TEIXEIRA, João Luís e tal – A rádio em Portugal, Lisboa, Policopiado, 1998.






TEIXEIRA, João Luís e tal – A rádio em Portugal desde o seu aparecimento até aos nossos dias, Lisboa, Universidade Nova, Policopiado, 1998.






WILLIAMS, Neville – Cronologia enciclopédica do mundo moderno 1960 1973, vol. VIII, Círculo de Leitores, 1990.





Periódicos





Revista Rádio & Televisão: 1958-1968.






ABREU, Filomena – Os engenheiros e a radiofonia: dos anos trinta ao limiar da RTP in Revista História, Março 1997.






ABREU, Filomena – As rádios portuguesas e a causa franquista. A guerra do éter in Revista História, Maio 1996.






ABREU, Filomena – No 60º aniversário da Emissora Nacional. A rádio portuguesa e a guerra civil de Espanha in Revista História, Maio Agosto/Setembro, 1995.






ALEGRE, Manuel – A Argélia que eu conheci in Revista Expresso, 17 Janeiro 1998.






ANO DE 68 – Ano de 68 in Revista Expresso, 29 Maio 1993, pág.23-63.






BARROS, Júlia Leitão – Salazar sem fios in Público Magazine, 11 Dezembro 1994.






CABRITA, Felícia – O 1º dia do fim do império in Revista Expresso, 14 Março 1998, pág.30-48.






CÁDIMA, Francisco Rui – A televisão e a ditadura (1957-1974) in Revista História, Março 1997.






CASTANHEIRA, José Pedro – Voltaria a ser da PIDE in Revista Expresso, 21 Fevereiro 1998, pág.50-64.






CASTANHEIRA, José Pedro – Como matámos Humberto Delgado in Revista Expresso, 14 Fevereiro 1998, pág.38-53.






COREEIA, Ana Paula – Ala liberal. O último almoço com Marcelo in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág.38-47.






CRESSARD, Armelle – De la technique à l´ art radiophonique in Le Monde, 15 Maio 1995, pág.3.






GOMES, Adelino – Consciências acordadas pela guerra in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág.22-37.






MASSADA, Jorge – Retrato do poder enquanto jovem in Revista Expresso, 12 Julho 1997.






MASSADA; Jorge – Uma equipa de classe in Revista Expresso, 21 Março 1998, pág.30-42.






MAUPERRIN, Maria José – Aqui Lisboa, Emissora Nacional in Revista Expresso, 5 Agosto 1995.






NUNES, António – O regime salazarista nos anos sessenta visto pelo jornal Le Monde in Revista de História das Ideias, nº17, Instituto de História e Teoria das Ideias, Faculdade de Letras de Coimbra, 1995.






OLIVEIRA, Daniel – Primavera de Praga. Só se perde uma vez in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág. 64-76.






O DRAMA DO SANTA MARIA – O drama do Santa Maria in Revista O Século Ilustrado, 11 Fevereiro 1961.






PINTO, José Silva – Ano de 68 in Revista Expresso, 29 Maio 1993, pág.23-63.






RÁDIO: AS MUDANÇAS NO ESPECTRO - Rádio: as mudanças no espectro in Revista Comunicações, nº9, Nov./Dez. 1986.






Torre do Tombo






QUEIROZ, António Eça:


AOS/CP – 231 28.08.1935 – 04.01.1964


AOS/CP – 232 26.01.1964 – 05.11.1965






FERREIRA, Jaime:


AOS/CP – 110 p.3 3.8/3 Fl 267-280






ALLEGRO, Sollari: AOS/CP – 4






EN: AOS/CP/PC – 26






Arquivo histórico da RDP




Diário do Governo:


I Série, nº296. 30 Dezembro 1957


I Série, nº75. 30 Março 1966


I Série, nº296. 15 Novembro 1968


I Série, nº227. 27 Setembro 1969






AHD 14 340 – Gravação do arquivo do RCP


AHD 13539 – Programa “A minha amiga rádio”


Faixa 1: Programa 63.00 de 19/06/1995


AHD 13539 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Programa “O mundo em parada 1961” 36.00 de 31/12/1961


Faixa 4: Declarações de Sarmento Rodrigues no aeroporto de Lisboa à chegada de uma visita a Goa; 1.11 de 27/01/1960


Faixa 5: Declarações de David Moss (prés.OIT) à chegada a Lisboa; 1.42 de 01/01/1961


Faixa 6: Programa Talismã; 3.47 de 01/01/1961


Faixa 7: Declarações sobre o relatório do tenente-coronel Solano de Almeida; 6.34 de 23/12/1961


AHD 13706 – Reunião da Comissão Executiva da União Nacional; discursos


Faixa1: discursos de Costa Leite Lumbrales e de oliveira Salazar 54.00 de 30/06/1958


AHD 14341 – Gravação do arquivo do Rádio Clube Português


Faixa 1: Crónica de Angola, 17.35 de 21/04/1961


Faixa 2: Crónica de Angola, 24.45 de 26/04/1961


Faixa 3: Crónica de Angola, 24.45 de 26/04/1961


Faixa 4: Crónica de Angola, 7.15 de 27/04/1961


AHD 1922 – Desvio do Santa Maria (reportagem) e doença de Salazar


Faixa 4: Chegada a Alcântara, 7.45 de 16/02/1961


Faixa 6: Exoneração de Salazar, 4.25 de 19/09/1968


Faixa 9: Relatório médico, 4.45 de 16/09/1968


Faixa 10: Relatório médico, 7.25 de 01/09/1968


AHD 2394 – Programa RDP Sessenta anos de rádio em Portugal, 96.00 de 01/01/1985. Contexto histórico da evolução da radiodifusão sonora em Portugal ao longo de 98 faixas


AHD 10584 – Biografia de Humberto Delgado 29.50 de 01/11/1976


Faixa1: Extracto3: Depoimento de José do Nascimento;


Faixa 1: extracto 4: Telefonema do censor para o RCP;


Faixa3: Mensagem aos portugueses; 0.18 de 01/01/1958


AHD 13543 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Sessão de propaganda da União Nacional no Porto no âmbito da Campanha eleitoral de 1959; 62.00 de 01/01/1959


AHD 14340 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Sete crónicas de Angola de 57.15 de 05/04/1961 a 03/05/1961






Entrevistas orais:
BRANCO, António Jorge – Lisboa, 14/07/1997


CANEDO, João – Lisboa, 17/07/1997


COUTO, Júlio – Porto, 21/07/1997


CRUZ, Carlos – Lisboa, 23/07/1997


LUCAS, Carlos Brandão, 15/08/1997





Rádio:

ROSAS, Fernando – Era uma vez um milénio. Antena 2. 1997/1998.


COELHO, Alexandra Lucas – Entrevista a Jorge Gil no programa da Manhã, Antena 1. 01/04/1997.






Vídeo:
BBC – O século do povo, Ediclube, 1997.


COMSOM – Angola. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Moçambique. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Guiné. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Madina do Boé. A retirada, Diário de Notícias, 21/03/1998.


COMSOM – De Guilege a Guadamael. O corredor da morte, Diário de Notícias, 28/03/1998.






Televisão:
LOPES, Fátima – As caras da rádio. SIC, 30/03/1998.


RICO, Carlos – A semana que abalou o regime. SIC, 30/03/1998 – 03/04/1998.

Rádiotelefonia de sessenta X




Nesta décima e última parte referimos a bibliografia usada neste trabalho de há 15 anos


Texto Dina Cristo



Livros


AAVV – 60 anos de rádio em Portugal 1925-1985, Lisboa, Editora Vega, 1986.

RELATÓRIO PRELIMINAR DA RÁDIO MOÇAMBIQUE AOS TRABALHOS PREPARATÓRIOS DO SEMINÁRIO NACIONAL DA INFORMAÇÃO - Relatório Preliminar da Rádio Moçambique aos trabalhos preparatórios do seminário nacional da informação, Gabinete de Estudos MINFO, 1977.



ANTUNES, José Freire – Kennedy e Salazar – o leão e a raposa 1961, Difusão Cultural, 1991.



ANTUNES, José Freire – Nixon e Caetano – promessas e abandono 1969-1974, Difusão Cultural, 1992.


AVILLEZ, Maria João – Soares – ditadura e revolução, Círculo de Leitores, 1996.


BASSETS, lluís – De las ondas rojas a las rádios librés, Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 1981.


BARRETO, José – Carta ao Cardeal Cerejeira, 16 de Julho de 1968, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1996.


BRANCO, Fernando Castelo – A radiodifusão dos discursos de Salazar como factor da sua ascensão política, Fragmentos, s/d.


BRANCO, Fernando Castelo – O Estado Novo. Das origens ao fim da autarcia 1929-1959, Fragmentos, s/d.


CÁDIMA, Francisco Rui – Salazar, Caetano e a Televisão Portuguesa, Editorial Presença, 1996.


CRUZ, Olga Serra – Rádio anos 60, Universidade Nova (policopiado), 1986.


FERREIRA, Eduardo de Sousa – Rádio e Televisão, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1977.


FERREIRA, Eduardo de Sousa – O fim de uma era: o colonialismo português em África, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1977.


FRANCO, Graça – A censura à imprensa (1820-1974), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1993.


GALVÃO, Henrique – Diário de Peniche, Lisboa, Gráfica Imperial, s/d.


GARNIER, Christine – Férias com Salazar, 7ª ed., Lisboa, Companhia Nacional Editora, 1952.


GÓIS, Anabela et al – Da rádio tradicional à rádio livre, Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.


HISTÓRIA DO RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE – História do Rádio Clube de Moçambique, Montijo, Oficinas da “Gazeta do Sul”, 1959.


JEANNENEY, Jean-Noel – A rádio: novo rejuvenescimento in Uma história da comunicação social, Lisboa, Terramar, 1996.


MCLUHAN, Marshall – Rádio – o tambor tribal in Os meios de comunicação como extensões do homem, São Paulo, Editora Cultrix, 1988.
MAIA, Matos – A telefonia, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995.


MAIA, Matos – Aqui emissora da Liberdade – Rádio Clube Português 04.26 25 de Abril de 1974, Edição Rádio Clube Português, 1975.


MAIA, Matos – A invasão dos Marcianos, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1996.


MATTOSO, José (Dir.) – A lenta agonia do salazarismo in História de Portugal, vol.VII, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994.


MATTOSO, José (Dir.) – Marcelismo: a libertação tardia (1968-1974) in História de Portugal, Vol.VII, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994.


MARCOS, Luís Humberto – Rádio locais – a lei e a realidade, Porto, Centro de formação de Jornalistas, 1989.


MEDINA, João (Dir.) – História Contemporânea de Portugal, Vol.I e II, Multilar, S/d.


MIGUEL, Aura – Rádio Renascença: os trabalhos e os dias (1933-1948), Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992.


NASCIMENTO, José – A história da rádio, Policopiado, s/d.


NEVES, Moreira das – Para a história da Rádio Renascença – Monsenhor Lopes da Cruz e a emissora Católica Portuguesa – subsídios e comentários, Lisboa, 1980.


NOUSCHI, Marc – A aldeia global in O século XX, Instituto Piaget, 1996.


OLIVEIRA, Aníbal José – História da radiodifusão em Portugal (os contributos do RCP e EN), Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.
PATRÍCIO, João – Editoriais e notas do dia. Das realidades aos mitos, Emissora Nacional de Radiodifusão, 1968.


PATRÍCIO, João – Editoriais e notas do dia. Renovação na continuidade, Emissora Nacional de Radiodifusão, 1969-70.
PERDIGÃO, Rui – O PCP visto por dentro e por fora, Lisboa, Editorial Fragmentos, 1998.



PERES, Maria José – RDP/Internacional – Rádio Portugal, Lisboa, Universidade Nova (policopiado), s/d.
RIBEIRO, Fernando Curado – RÁDIO – Produção-Realização-Estética, Arcádia, 1964.
RODRIGUES, António Simões (Coord.) – História de Portugal em datas, Círculo de leitores, 1994.
ROSAS, Fernando; BRITO, J.M. Brandão – Rádio in Dicionário de História do Estado Novo, Círculo de Leitores, 1996
SILVA, Virgílio luís – Etelvina Lopes de Almeida, Lisboa, Policopiado, 1997.
TEIXEIRA, João Luís e tal – A rádio em Portugal, Lisboa, Policopiado, 1998.
TEIXEIRA, João Luís e tal – A rádio em Portugal desde o seu aparecimento até aos nossos dias, Lisboa, Universidade Nova, Policopiado, 1998.
WILLIAMS, Neville – Cronologia enciclopédica do mundo moderno 1960 1973, vol. VIII, Círculo de Leitores, 1990.
Periódicos
Revista Rádio & Televisão: 1958-1968.ABREU, Filomena – Os engenheiros e a radiofonia: dos anos trinta ao limiar da RTP in Revista História, Março 1997.
ABREU, Filomena – As rádios portuguesas e a causa franquista. A guerra do éter in Revista História, Maio 1996.



ABREU, Filomena – No 60º aniversário da Emissora Nacional. A rádio portuguesa e a guerra civil de Espanha in Revista História, Maio Agosto/Setembro, 1995.
ALEGRE, Manuel – A Argélia que eu conheci in Revista Expresso, 17 Janeiro 1998.
ANO DE 68 – Ano de 68 in Revista Expresso, 29 Maio 1993, pág.23-63.



BARROS, Júlia Leitão – Salazar sem fios in Público Magazine, 11 Dezembro 1994.



CABRITA, Felícia – O 1º dia do fim do império in Revista Expresso, 14 Março 1998, pág.30-48.



CÁDIMA, Francisco Rui – A televisão e a ditadura (1957-1974) in Revista História, Março 1997
CASTANHEIRA, José Pedro – Voltaria a ser da PIDE in Revista Expresso, 21 Fevereiro 1998, pág.50-64.
CASTANHEIRA, José Pedro – Como matámos Humberto Delgado in Revista Expresso, 14 Fevereiro 1998, pág.38-53.
COREEIA, Ana Paula – Ala liberal. O último almoço com Marcelo in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág.38-47.
CRESSARD, Armelle – De la technique à l´ art radiophonique in Le Monde, 15 Maio 1995, pág.3.


GOMES, Adelino – Consciências acordadas pela guerra in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág.22-37.
MASSADA, Jorge – Retrato do poder enquanto jovem in Revista Expresso, 12 Julho 1997.
MASSADA; Jorge – Uma equipa de classe in Revista Expresso, 21 Março 1998, pág.30-42.
MAUPERRIN, Maria José – Aqui Lisboa, Emissora Nacional in Revista Expresso, 5 Agosto 1995.
NUNES, António – O regime salazarista nos anos sessenta visto pelo jornal Le Monde in Revista de História das Ideias, nº17, Instituto de História e Teoria das Ideias, Faculdade de Letras de Coimbra, 1995.
OLIVEIRA, Daniel – Primavera de Praga. Só se perde uma vez in Revista Vida Mundial, Fevereiro 1998, pág. 64-76.



O DRAMA DO SANTA MARIA – O drama do Santa Maria in Revista O Século Ilustrado, 11 Fevereiro 1961.



PINTO, José Silva – Ano de 68 in Revista Expresso, 29 Maio 1993, pág.23-63.
RÁDIO: AS MUDANÇAS NO ESPECTRO - Rádio: as mudanças no espectro in Revista Comunicações, nº9, Nov./Dez. 1986.



Torre do Tombo



QUEIROZ, António Eça: AOS/CP – 231 28.08.1935 – 04.01.1964. AOS/CP – 232 26.01.1964 – 05.11.1965



FERREIRA, Jaime: AOS/CP – 110 p.3 3.8/3 Fl 267-280



ALLEGRO, Sollari: AOS/CP – 4



EN: AOS/CP/PC – 26

Arquivo histórico da RDP



Diário do Governo:


I Série, nº296. 30 Dezembro 1957


I Série, nº75. 30 Março 1966


I Série, nº296. 15 Novembro 1968


I Série, nº227. 27 Setembro 1969



AHD 14 340 – Gravação do arquivo do RCP


AHD 13539 – Programa “A minha amiga rádio”


Faixa 1: Programa 63.00 de 19/06/1995


AHD 13539 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Programa “O mundo em parada 1961” 36.00 de 31/12/1961


Faixa 4: Declarações de Sarmento Rodrigues no aeroporto de Lisboa à chegada de uma visita a Goa; 1.11 de 27/01/1960


Faixa 5: Declarações de David Moss (prés.OIT) à chegada a Lisboa; 1.42 de 01/01/1961


Faixa 6: Programa Talismã; 3.47 de 01/01/1961


Faixa 7: Declarações sobre o relatório do tenente-coronel Solano de Almeida; 6.34 de 23/12/1961


AHD 13706 – Reunião da Comissão Executiva da União Nacional; discursos


Faixa1: discursos de Costa Leite Lumbrales e de oliveira Salazar 54.00 de 30/06/1958


AHD 14341 – Gravação do arquivo do Rádio Clube Português


Faixa 1: Crónica de Angola, 17.35 de 21/04/1961


Faixa 2: Crónica de Angola, 24.45 de 26/04/1961


Faixa 3: Crónica de Angola, 24.45 de 26/04/1961


Faixa 4: Crónica de Angola, 7.15 de 27/04/1961


AHD 1922 – Desvio do Santa Maria (reportagem) e doença de Salazar


Faixa 4: Chegada a Alcântara, 7.45 de 16/02/1961


Faixa 6: Exoneração de Salazar, 4.25 de 19/09/1968


Faixa 9: Relatório médico, 4.45 de 16/09/1968


Faixa 10: Relatório médico, 7.25 de 01/09/1968


AHD 2394 – Programa RDP Sessenta anos de rádio em Portugal, 96.00 de 01/01/1985. Contexto histórico da evolução da radiodifusão sonora em Portugal ao longo de 98 faixas


AHD 10584 – Biografia de Humberto Delgado 29.50 de 01/11/1976


Faixa1: Extracto3: Depoimento de José do Nascimento;


Faixa 1: extracto 4: Telefonema do censor para o RCP;


Faixa3: Mensagem aos portugueses; 0.18 de 01/01/1958


AHD 13543 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Sessão de propaganda da União Nacional no Porto no âmbito da Campanha eleitoral de 1959; 62.00 de 01/01/1959


AHD 14340 – Gravação do arquivo do RCP


Faixa1: Sete crónicas de Angola de 57.15 de 05/04/1961 a 03/05/1961



Entrevistas orais:


BRANCO, António Jorge – Lisboa, 14/07/1997


CANEDO, João – Lisboa, 17/07/1997


COUTO, Júlio – Porto, 21/07/1997


CRUZ, Carlos – Lisboa, 23/07/1997


LUCAS, Carlos Brandão, 15/08/1997





Rádio


ROSAS, Fernando – Era uma vez um milénio. Antena 2. 1997/1998.


COELHO, Alexandra Lucas – Entrevista a Jorge Gil no programa da Manhã, Antena 1. 01/04/1997.





Vídeo


BBC – O século do povo, Ediclube, 1997.


COMSOM – Angola. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Moçambique. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Guiné. Guerra Colonial, Diário de Notícias, 1998.


COMSOM – Madina do Boé. A retirada, Diário de Notícias, 21/03/1998.


COMSOM – De Guilege a Guadamael. O corredor da morte, Diário de Notícias, 28/03/1998.

 


Televisão


LOPES, Fátima – As caras da rádio. SIC, 30/03/1998.


RICO, Carlos – A semana que abalou o regime. SIC, 30/03/1998 – 03/04/1998



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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Que raio de estética?


Segunda-Feira é Dia Mundial do Livro. Escolhemos este, de Franco Morais, escrito há mais de vinte anos, onde se explica como será a nova arte: uma expressão da Realidade.


Texto Dina Cristo

Em “A essência da arte – por uma estética à luz da sabedoria”, obra editada em 1990, pelo Centro Lusitano de Unificação Cultural, o autor aborda como estamos numa era de estética masculina e como se entrará noutra, feminina. Nesta a arte será a manifestação do Espírito numa forma material, inspirada na natureza, como expressão do segundo aspecto, filho - síntese –, e revelará a alma das coisas, a essência dos seres, o arquétipo no particular e concreto, manifestando o subtil no denso.

A arte deverá ser uma adequação da expressão à ideia, cultivar a riqueza e a sobriedade, a unificação dos diversos ramos, do melhor das várias correntes, espaços e tempos e incluir valores religiosos, filosóficos, éticos, jurídicos e políticos, exteriorizar ideias intuídas, sair da limitação do terceiro aspecto, a expressão do sensorial, externo e aparente. O artista deve esforçar-se por fazer compreender a iluminação espiritual e o público por compreendê-la.

Os tipos de relação Sujeito-Objecto, apreensão e expressão, são: O Realismo – Trata do (e de forma) Real, nível arquétipo, causal, conceptual, essencial, universal, que supera as limitações de espaço-tempo. Cumpre o fundamento da arte: a revelação da Realidade. O Subjectivismo – Trata das reacções individuais despoletadas pelos objectos: as vivências e empatias particulares. O Objectivismo – Expressa os objectos da forma como os sentidos o captam, concreta e aparentemente.

O autor distribui ainda as artes segundo os sete raios da seguinte forma: 1º Raio – Música (Dó); 2º Raio – Pintura (Ré); 3º Raio – Literatura (Mi); 4º Raio – Arquitetura (Fá); 5º Raio – Escultura (Sol); 6º Raio – Teatro (Lá); 7º Raio – Cinema (Si).

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Informação social II


Após a entrega do III Prémio de Informação Solidária ao vencedor, o programa “Sociedade Civil” da RTP 2, que obteve 48% dos votos, no final de 2011, seguimos com Alicia Cytrynblum* o conceito de Informação Social.

Texto e fotografia Dina Cristo

O Jornalismo Social (JS) tem um papel como protagonista dos processos sociais e reflecte sobre a sua responsabilidade neles. É seu principal objectivo que a comunicação sirva para gerar um melhor diálogo entre os diferentes actores sociais. Para tal há que explorar a sua articulação, na agenda, com os temas económicos e políticos; colocá-los em igualdade e ter uma visão mais abrangente da sociedade com a incorporação de novas fontes como as organizações da sociedade civil nos “media”, de forma que a realidade, tão fragmentada se torne mais inclusiva.

O Jornalismo Social não se limita à denúncia dos problemas. Dentro do possível, investiga a solução e inclui-a como um elemento destacado da cobertura. O JS procura alguma resolução já existente, já tomada por qualquer entidade (pública, privada ou ambas) ou mesmo num país estrangeiro, já que a maior parte dos conflitos já tiveram uma decisão inovadora.

A Fundación para el Nuevo Periodismo Latinoamericano, dirigida por Gabriel Garcia Márquez, elaborou o documento “Um novo jornalismo para uma nova ordem social” onde sistematiza cinco aspectos fundamentais para promover um jornalismo que não se limite à “cultura da denúncia” que, por saturação, corre o risco de se tornar improdutivo e, por isso, uma força que, em vez de mobilizar, só paraliza as ideias da co-responsabilidade social.

Os pontos são os seguintes: diagnosticar, com a maior exactidão possível os problemas que vão ser investigados; escutar as vozes dos directamente atingidos, ampliando o trabalho de campo para a recolha de informação, sentimentos, ideias (e) alternativas; analisar a informação sobre experiências de intervenção pública em áreas relevantes para a promoção da equidade; supervisionar as responsabilidades por parte dos diferentes segmentos da sociedade e questionar os omissores e também fazer o seguimento dos temas, de forma que cada denúncia se torne numa cobertura sistemática.

A investigação de soluções (como o caso anotado da exploração laboral infantil e o seu decréscimo no Brasil) gera um impacto maior do que a mera denúncia e move para a acção. Além da história original, deixa claro que não se está a fazer o suficiente e demonstra que a falta de resposta se deve ao desinteresse ou ineficiência instando a encontrar uma solução.

Baseado na melhor tradição jornalística, como o cuidado informativo elementar, nomeadamente ao nível da confirmação, o Jornalismo Social dá um passo em frente e assume o seu compromisso com os processos sociais. Sem se conformar com os hábitos, costumes e práticas usuais, é abertamente activo nos seus propósitos e tem uma ideologia: está comprometido com o fortalecimento da democracia. São seus pontos de partida a procura de uma sociedade mais igualitária e o desenvolvimento sustentável.

Em função da defesa democrática, põe ao serviço do público todos os elementos que permitem uma participação. Convencido de que esta, tal como o controlo do cidadão são os únicos meios de evitar o estabelecimento de políticas elitistas, esforça-se, em cada artigo, para que o leitor possa aceder às fontes por ele mesmo e publica as possibilidades que tem de comprometimento com a sociedade, promovendo a acção comunitária. A sua força está no serviço. O JS não pretende ser dono da informação e disponibiliza os dados para que o leitor contacte directamente ou amplie com informação adicional, na internet ou através de bibliografia. Neste sentido, em 1995, a revista “Terceiro sector” incluiu todas as direcções das fontes referidas em notas, o que mais tarde veio a acontecer nos diários argentinos.

Ao entender que o jornalismo tem um papel formativo e de melhoria do respeito social, tem por método incluir a perspectiva das minorias, isto é, grupos ou pessoas com menor representação pública e pouco poder de resposta, cuja legitimação e qualidade de inserção depende do tratamento dos meios de comunicação, com repercussões ao nível do imaginário social. O JS respeita-as, valoriza-as e ocupa-se de transmitir à sociedade os seus direitos e prerrogativas e, perante um conflito, dá-lhes lugar como fonte.

O Jornalismo Social centra-se, aliás, precisamente no respeito pelo ser humano e abarca, em todos os casos e em toda a sua dimensão, o valor da pessoa. Por isso, não define o sujeito pela sua carência, incapacidade, impotência mas, pelo contrário, enfatiza as suas possibilidades. O JS acredita, apesar das situações limitativas que os indivíduos atravessam, que estas não servem para definir toda a sua vida, optando por definir o sujeito em toda a sua natureza humana em vez de colocar a ênfase nas dificuldades. Assim, não se tratam de “deficientes” mas de “pessoas com determinada deficiência”, por exemplo.

Ao reconhecer que o jornalismo cria uma cultura e como tal pode colaborar ou diminuir o estabelecimento de preconceitos, assume uma responsabilidade activa pelo uso da linguagem; é muito cuidadoso ao nível dos adjectivos e esforça-se para evitar a estigmatização, quando a definição só toma um aspecto do indivíduo, especialmente se é negativo, o que conduz à construção de falácias, à promoção de violência social, à discriminação e racismo; a sua repetição reafirma os preconceitos a quem já os possui, ofende o público sensível e anestesia os indiferentes.

Assim, em vez de minimizar a sua representação, o JS usa uma linguagem inclusiva que abarque a totalidade da pessoa, podendo somá-la, bem como ao grupo, ao diálogo social. Melhorar o entendimento entre actores sociais com diferentes interesses faz aliás parte dos propósitos do JS. Sendo os meios de comunicação o principal cenário onde se legitima o sentir social e cumpre a dupla função de informar e mediar, é lugar por excelência no qual a linguagem tem um impacto social.

Será, portanto, saudável que os jornalistas valorizem a qualidade das palavras e deixem de abusar delas ou de as usar de forma ingénua ou involuntária, defende a autora. A utilização de uma linguagem que respeite as diferentes expressões sociais é um processo, dinâmico, gradual e profundo, que tem lugar na consciência dos jornalistas, é uma decisão pessoal, diária e constante: «Todo o poder exige uma responsabilidade e os jornalistas têm-na na hora de falar ou escrever»1, sublinha Alicia Cytrynblum.

Especialmente presente nas secções policiais, é necessária uma cobertura que integre causas de determinado comportamento ilegal e adicionar como fontes as organizações defensoras dos direitos, como as ONG: «Assim se poderá somar humanidade à secção e a segurança de um trabalho mais cuidadoso da informação e talvez seja uma maneira de mudar “efeito por profundidade”»2, salienta a autora.

As ONG são marcas de confiança e percebidas como independentes, ao contrário das fontes estatais ou empresariais. Estas organizações sociais não só produzem informações ou conteúdos, como dados e estatísticas (caso dos 4,5% de empregados argentinos no terceiro sector) como são produtoras de novas ideias e metodologias e fontes de novos temas e líderes (como os do voluntariado ou a economia social).

No caso das novas temáticas, o Jornalismo Social propõe-se a ser didáctico. Primeiro informa-se para depois capacitar os leitores. Define novos termos e explica-os de forma que sejam efectivamente compreendidos e haja, de facto, informação. Num mundo em permanente mudança a imprensa deve actualizar-se, assimilar essas alterações de forma a transmiti-las ao público.

O jornalista social é, pois, um cidadão comprometido com a realidade e um actor social de peso. Tende a um maior pluralismo informativo e a dar um mapa mais completo da realidade, que integre com maior fidelidade todos os actores do cenário público. Não se limita a uma agenda política e económica e incorpora uma agenda social. O meio de comunicação social pode criar condições (des)favoráveis mas cabe a cada profissional construir a sua própria independência, o que começa na vontade de o ser, como refere Javier Darío Restrepo, citado pela autora.

*CYTRYNBLUM, Alicia – Periodismo social – Una nueva disciplina. La Crujía Ediciones. 2004. (1) Idem, Pág. 85. (2) Idem, Pág. 89.

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