quarta-feira, 14 de julho de 2010

Como fazer IS


Em Junho de 2007, na preparação do A&A, realizámos uma (tele)conferência sobre Informação Solidária (IS). De Brasília, Carlos Cardoso Aveline orienta sobre que temas tratar e que meios usar. Conselhos sistematizados para todos aqueles que queiram seguir esta corrente, recuperados num mês em que se assinala o nosso terceiro ano de publicação regular.



Texto Carlos Cardoso Aveline fotografia Débora Cunha



Áreas temáticas típicas:

Notícias do dia, contextualizadas e vistas do ponto de vista de uma nova ética;
Auto-conhecimento e como chegar a ele;
O desdobramento diário e mensal da crise ecológica;
Ações práticas de economia solidária e a proposta solidária em seu conjunto;
Vida simples, simplicidade voluntária;
Ações de reflorestamento e preservação;
Mudança climática em escala global e local;
Ética em cada aspecto da vida diária;
Alimentação natural;

Cooperativismo;
Ética na política e na administração pública;
Democracia participativa;
Outros campos temáticos que reforcem o mesmo compromisso solidário.


Instrumentos e modos de ação:


Pequenos jornais e revistas, em papel;
Revistas eletrônicas;
Websites combinando temas cotidianos e notícias do dia, com questões perenes, com linha editorial aberta às questões planetárias;
Os websites podem ter apoio de boletins impressos e de boletins eletrônicos cuja função é levar seus temas de destaque para um universo significativo de pessoas, a que se pode chamar de “área de expansão da influência”.
Uma vez reconhecidos pela comunidade, os websites podem obter o patrocínio de empresas não poluentes e com um compromisso de ética social. Além disso, podem vender ou conceder espaços de anúncios e propaganda, especialmente para empresas e ações de economia solidária.
Na sequência de uma experiência em pequena escala, não é impossível organizar uma cooperativa de jornalistas e estudantes de comunicação social. Essa cooperativa pode reunir tanto produtores como consumidores de informação.
Nos meios convencionais de comunicação social, pode-se estimular políticas participativas como conselhos de redação - reunindo os jornalistas – e conselhos de leitores/ouvintes/telespectadores. Os conselhos de consumidores de informação podem opinar e discutir o rumo dos meios de comunicação.


Segredo da ação durável:


Desde o início, é preciso lembrar, ao organizar-se uma iniciativa prática de comunicação social solidária, que as relações solidárias de produção não significam necessariamente uma ausência de liderança. Ao contrário. Deve haver lideranças claras; mas elas devem responder pelo que fazem; devem atuar com transparência; devem saber ouvir; devem dar um exemplo de ética e de motivação nobre. Caso contrário, lutas psicológicas pelo poder criarão “relações neuróticas de produção”. Nessa situação, a competição destrutiva interna transforma a solidariedade em um mero jogo de aparências, em uma fachada para enganar o público e obter prestígio imerecido.
A qualidade interior da motivação das pessoas é, pois, um tema gerador que necessita ser observado e trabalhado individualmente, mas também pode ser estimulado e discutido (impessoalmente) em grupo. Cada um sabe de si. Ninguém é juiz dos outros. Mas ações erradas devem ser discutidas e avaliadas do ponto de vista ético.
O processo de motivação e a sua clareza e eficácia interior é determinante do êxito ou fracasso no mundo. Não basta uma motivação forte: ela deve ser elevada e legítima. Não basta uma motivação elevada: ela deve ser intensa, e capaz de contagiar no tempo adequado mais pessoas ― talvez em grande parte pelo exemplo.
É preciso plantar a boa semente e perseverar no plantio até que as sementes germinem em seu próprio ritmo. Não há germinação saudável que ocorra instantaneamente. O que está destinado a durar surge sem qualquer noção de pressa de curto prazo, embora possa ter grande intensidade, em algumas ocasiões.

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