Aldeia de Luz

Numa semana de lançamento do livro “Tamera – um modelo para o futuro”*, revemos os fundamentos e desígnios desta comunidade perto de Odemira, autêntico Centro de Pesquisa para a Paz.
Texto e fotografia Dina Cristo
Fundado, em 1995, por Dieter Duhm e Sabine Lichtenfels, um casal alemão, o centro comunitário de Tamera, em Monte Cerro (Colos) é uma experiência-piloto de auto-sustentabilidade. Um biótopo de cura para dissolver o centro traumático civilizacional, preenchido de medo, violência, guerra e destruição. Verdadeiramente ecológico, no sentido de restabelecer a inter-ligação entre todos os seres vivos, tem por principal objectivo restaurar a paz no planeta.
Se a experiência for bem sucedida então há esperança de generalizar uma vida mais verdadeira, construtiva e feliz à escala global, através da aplicação dos princípios da acupuntura (ao desbloquear um ponto vital promove-se a regeneração no todo) e dos campos mórficos de Rupert Sheldrake (numa espécie de ressonância colectiva). A experiência de uma vida comunitária saudável será memorizada e tal informação será retransmitida a outras eco-aldeias criando uma rede destes centros cujo exemplo de uma nova forma de vida em conjunto se generalizará.
Com a crise, entrámos (voluntária ou involuntariamente) num processo de transição. 2012, explicita Dieter Duhm, não será nenhum apocalipse mas antes um marco na mudança de mentalidade. A alteração social para valores éticos não se fará, defende, nem por um equilíbrio externo de poder nem por macro-projectos: “Não são os mega-sistemas técnicos do actual planeamento futuro ou colónias em Marte ou cidades flutuantes que trarão a paz”, escreve. A transformação passará pelo próprio Ser Humano, através da activação do poder do amor.
Vibração amorosa
Para prescindir do amor ao poder, da sociedade patriarcal, dominadora e castradora, é necessária uma mudança de consciência; novos padrões de percepção, pensamento e interpretação, o que se poderá realizar através da alteração da frequência (de beta para alfa, incrementando uma vida mais lenta) por via da modificação dos campos cerebrais, propiciado pela mudança dos campos magnéticos da Terra. A relação entre o corpo humano e o terrestre - com(o) os quatro elementos - é, aliás, uma das linhas a salientar do conhecimento emergente.
O desenvolvimento, com ênfase no colectivo e na cooperação, passará, antevê o mesmo autor, pela reconexão com a Fonte Divina (espiritualidade), a reconciliação entre os géneros humanos (comunidade), a recuperação da Natureza bem como o respeito em relação à Terra e colaboração entre todos os seres (nomeadamente elementais) que nela habitam. A orientação será para a unidade (sobrepondo-se às diferenças e aos interesses), da harmonização dos opostos, da síntese, procurando o essencial: o comum. Partindo da nova informação inserida no organismo (humano e terreno) ela expandir-se-á. Desbloqueado o sistema, os canais abrir-se-ão ao contacto com o(s) outro(s), à compaixão, à comunhão, ao amor.
Será realizável no Séc. XXI um movimento de transição de um padrão cognitivo-comportamental de stress, medo, insegurança, doença, solidão, tristeza e carência, pressuposto da economia capitalista, para um novo modelo de vida de relaxamento, confiança, cura, interdependência, alegria e abundância, premissa da economia solidária; de um paradigma baseado na imposição informativa, opressiva, para outro assente na comunicação livre e voluntária.
Os recursos são suficientes. Há tecnologia disponível como a engenharia solar, permacultura e aquacultura ecológica, ali implementada, mas não só. Por todo o mundo, como na Europa estão em crescimento as eco-aldeias, vilas e comunidades. O movimento Yamaguishi, com meia centena de comunidades, é um exemplo.
Em Portugal, algumas experiências, como Seara (Gondomar) ou Terramada (Castro Marim) cessaram, mas deixaram aprendizagem e memória. Entretanto, há diversas quintas e variados projectos em prol de uma vida mais equilibrada, saudável e gratificante, uma existência mais digna e humana. Em Tamera, mais de centena e meia de pessoas não só acreditam como vivenciam esta realidade, todos os dias.
* DREGGER, Leila Dregger - Tamera – um modelo para o futuro, Verlag Meiga, 2010.
* DREGGER, Leila Dregger - Tamera – um modelo para o futuro, Verlag Meiga, 2010.
Etiquetas: Aldeia de Luz, Dina Cristo, Sociedade
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