quarta-feira, 3 de março de 2010

Renascer das saias

Ao aproximar-se o Dia Internacional da Mulher, folheamos um livro* que nos fala da urgência em recuperar os valores femininos, o lado mais íntimo, suave e contemplativo da vida. Vamos saber porquê.

Texto Dina Cristo

O microcosmo, o Ser Humano, como o macro, o Universo, está dividido entre o pólo yang, masculino, extrovertido, criativo e cheio (Espírito, Ar, Fogo) e o pólo yin, feminino, meditativo, gestativo e vazio (Alma, Terra e Água). Quer o homem quer a mulher possuem aquele lado, mais forte, solar, diurno e poderoso, e este, mais fraco, lunar, nocturno e carente.
Ambos devem assumir, experimentar e exprimir ambas as polaridades, sem, no entanto, adulterar a sua essência: o homem é essencialmente expansivo, representa a fraqueza do poder (com o seu corpo vital negativo) e a mulher, que simboliza o poder da fraqueza (com um corpo vital positivo) é predominantemente receptiva.
A história desenvolveu uma cultura ocidental masculina, que pressionou a mulher a aderir a valores masculinos como o poder, a força, a afirmação, o sucesso, o dinheiro ou a produtividade. Ao longo do século XX ela afirmou a sua dimensão afirmativa (como ele a passiva) e passou a avaliar-se pelo seu contrário. Ao afastar-se da sua vida interior, perdeu a visão interna e a inspiração.
Efeitos
Homem e mulher não podem alterar as suas verdadeiras naturezas, sob pena de se desencontrarem de si mesmos, de não se reconhecerem nem a si nem aos outros e de viver em desordem, desarmonia, desamor e incompreensão, num caos emocional, deserto amoroso, secura emotiva ou desertificação interior, pelo excesso de acção sem pausas.
Este é o estado da sociedade actual, que vive num mal-estar colectivo com indivíduos doentes, sós e infelizes, porque não vão no sentido da expansão da consciência e da aprendizagem do amor. É necessário revalorizar a vida da alma, terminar com a pobreza da uniformidade, abrir portas à riqueza da complementaridade, entre o pólo positivo e o pólo negativo, de onde provém a energia, e (fazer) renascer uma cultura com valores femininos.
A mulher é o espelho - oposto - de que o homem sente falta. É imperioso que a "mãe" se reconheça para que também o "pai" possa recuperar a sua identidade.
*MONSARAZ, Maria Flávia – O retorno do feminino, Hugin, 2000.

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