quarta-feira, 3 de abril de 2013

Medicina lenta

 

Antes do Dia Mundial da Saúde, seguimos Omraam Aivanhov, que defende a cura de forma orgânica. Um modo mais demorado, seguro e eficaz a longo prazo, de preservar e fortalecer o estado de um ser (humano), garante.
Texto Dina Cristo
É a vida que anima e alimenta o organismo. Ela é essencial. Para que se possa preservá-la há que a conservar na pureza, o que, para o autor, significa consagrá-la a um fim sublime, que transcenda o próprio indivíduo, como a família, a sociedade, a humanidade ou o universo. Uma atitude que equivale a colocar tal capital vital numa espécie de banco superior, que lhe permitirá retirar dividendos, enriquecendo-se, já que novos elementos vêm substituir os que se perdem, e obter, seguramente, juros e recompensas, como o amor, o equilíbrio, a estima, a paz ou o respeito.
A vida, que para Omraam Mikhael Aivanhov, emana e insufla alegria, beleza, conhecimento, glória, poder e riqueza, pode e deve ser, assim, canalizada, dirigida, distribuída e orientada para o Alto, sem a desperdiçar. Para realizar tal trabalho altruísta, melhorando essa quinta-essência que vem das regiões sublimes e ser um canal de vida abundante o primeiro passo é levar uma existência equilibrada, moderada, ordenada, prudente, sensata e de respeito pelas leis universais, um modo de vida (mais) lento, um estado e atitude interior de consciência.
Omraam Aivanhov destaca a importância de se restabelecer a harmonia primordial, em si próprio e à sua volta: a melhor terapia é pensar, sentir e agir em harmonia com as forças luminosas, entrar em comunicação e sintonizar-se com elas, estar em consonância com a vida, sincronizar-se com o cosmos, vibrar em uníssono com a criação. Tal estado de equilíbrio será propagado às células, pelo que a filosofia e modo de vida é o primeiro passo para uma existência sã, ensina o autor.
Alimento geral
Dormir e comer o suficiente são preliminares indispensáveis à boa saúde, preconizados por uma medicina lenta, para a qual uma nutrição demorada é essencial à boa assimilação da energia dos alimentos. Omraam recomenda que não se sacie completamente e se mastigue durante vários minutos os alimentos na boca para que o seu lado mais vivo e subtil possa ser melhor aproveitado sem que haja demasiado gasto de energia ou criação de resíduos.
Também os exercícios respiratórios, ao regular e ritmar a inspiração, retenção e expiração (respectivamente de quatro, dezasseis e oito tempos) de preferência em jejum, devem ser profundos para ajudar a substituir o ar viciado por ar puro e, assim, renovar as energias. Para Omraam, “Respirar profundamente é um poderoso remédio preventivo e curativo”[1]. A circulação do ar purificado ao longo dos nervos (que alimentam os órgãos e passam pela coluna vertebral, que se deve manter ereta) melhora o auto-domínio, a circulação, a vitalidade, ilumina o intelecto (pensamentos tornam-se mais claros), aquece o coração (sentimentos ficam mais calmos) e fortalece a vontade.
A necessidade de alimento e de trocas, a base da vida, é sentida não apenas a nível físico, com a terra, e mental, com o ar, mas também na região emocional, com a água, e anímica, com a luz, cuja inspiração, ao nascer do sol, e projecção para o mundo era, bem como o meio para se libertar das forças saturadas e distribuir as energias renovadas - o relaxamento - recomendada. Omraam aconselha também a, pelo menos, durante um minuto, várias vezes por dia, parar, fechar as “torneiras” de água (emocional) e do gás (mental), para que a energia não se esgote, e descansar, descontrair, de forma elevada e atenta.
Após a renovação da energia e o restabelecimento da força será possível, então, dedicar-se ao trabalho, com amor e contentamento - duas condições fundamentais à manutenção e melhoramento do estado de saúde. Só a seguir vem a indicação de métodos (mais) naturais, como a aromoterapia, fitoterapia, magnetismo, quiroprática, talassoterapia ou terapia do sol que, como o jejum (cuja época mais propícia é a Quaresma), ajudam o organismo, ao despertar poderes adormecidos, a defender-se, a neutralizar, a resistir aos agentes da doença e a reforçar-se naturalmente sem as “muitas anomalias [que] têm a sua origem no abuso dos produtos farmacêuticos”[2].

[1] AIVANHOV, Omraam – Harmonia e saúde, Edições Prosveta, Colecção Izvor, nº225, pág.128. [2] Idem, pág.78.

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