quarta-feira, 22 de junho de 2011

Despoluição tabágica




Antes do Dia internacional de luta contra o abuso e tráfico de droga editamos um texto, originalmente publicado no jornal "A Voz do Mar", em 1984. Escrito por duas adolescentes, o artigo antecipa(va) um ambiente livre do tabaco com uma vida mais saudável para todos.

Texto Dina Cristo*


O tabaco é uma planta solanácea (Nicotina Tabacum) que pode atingir dois metros de altura e cujas folhas maiores medem entre 60 a 70 cm. É originária da “Ilha do Tabago” e foi trazida para a Europa como um remédio, sob os nomes de erva santa, erva de todas as doenças, erva do embaixador, entre outros.
A forma como se processa a transformação do tabaco é a seguinte: colhem-se as folhas e secam-se em telheiros; seguidamente são submetidas a uma fermentação em massa e são transformadas em diferentes produtos consoante a sua utilização: cheirando-se, mastigando-se ou ainda fumando-se.
Algumas espécies são plantadas com carácter ornamental mas, na sua maioria, com interesses comerciais. No início o tabaco era de fabrico artesanal, pois eram os próprios consumidores que o fabricavam. Hoje em dia é de fabrico industrial…


Malefícios


As experiências indicam, segundo organismos médicos a nível mundial, que o fumo do cigarro é uma causa de morte, tão importante como as graves doenças do passado. O cancro do pulmão, por exemplo, era desconhecido no início do séc.XX, antes da divulgação do cigarro, porém, hoje em dia, é uma doença habitual.
O tabaco, entre muitas doenças, pode provocar o cancro nos pulmões, faringite, dispepsia, afecções da vista, perda de memória, mau hálito, enfisema, bronquite, arteriosclerose e doenças cardíacas. Mas talvez a principal seja a que põe em risco a vida dos recém-nascidos, quando a mãe fuma durante a gravidez. Já foi testado que estes seres nascem menos desenvolvidos e têm mais possibilidades de morrer à nascença ou durante a primeira semana de vida.
O tabaco torna-se mais prejudicial quando o seu uso é excessivo.
Para melhor conhecer a opinião de algumas pessoas sobre o tabaco fomos ouvi-las. Em média, os indivíduos interrogados que utilizam o tabaco sentem-se normais e os que não o utilizam sentem-se bem. As que o usam fazem-no como uma forma de distracção e para se abstraírem dos próprios problemas.
Os jovens questionados sentem-se mal ao saberem que há colegas seus que fumam pois poluem o ambiente e ao mesmo tempo provocam doenças. Confessaram que já tiveram vontade de fumar mas se lhes oferecessem recusavam, o que demonstra uma grande força de vontade.
Os jovens ouvidos pensam que o tabagismo é bastante grave pois contribui para a degradação do meio ambiente, sugerindo que, para os libertar desse hábito, se finde com a plantação do tabaco, se dialogue com eles a fim de os mentalizar a deixarem de fumar, expondo-lhes todos os problemas que o fumo acarreta, se aumente o preço do produto e diminua o excesso da sua comercialização.
A causa que leva os jovens a fumar é o sentido de inferioridade numa sociedade que não os compreende e também como abstracção dos problemas a nível social, como o desemprego. Atribuem também o hábito à influência, sendo os responsáveis, em seu entender, os pais e os amigos. Quanto aos jovens reabilitados supomos que devem ser poucos uma vez que não encontrámos nenhum.
Para diminuir o consumo do tabaco poder-se-ia fazer campanhas, com o objectivo de alertar a população acerca dos perigos que daí advêm. Além disso a poluição acarreta consigo inúmeras doenças, que atingem grande número de fumadores mas também de não fumadores. Poderia partir da iniciativa das pessoas não utilizadoras do tabaco ter uma conversa com os fumadores a fim de os libertar do uso do tabaco.


Direitos dos não fumadores


Os não fumadores, como constituindo uma parte da sociedade, deveriam unir-se e lutar pelo seu grande objectivo: viver num meio saudável. Até agora praticamente nada tem sido feito a fim de defender e apoiar os direitos dos não utilizadores do tabaco, estando estes, portanto, desfavorecidos em relação aos fumadores.
Os seus direitos são: serem respeitados pelos fumadores, ter liberdade de optar por uma vida saudável, proibir de fumar em recintos fechados quer sejam edifícios (restaurantes, supermercados, salas de espera, etc.) quer sejam em meios de transporte.
Torna-se, assim, necessária uma união entre a juventude não fumadora com o fim de reabilitar os jovens fumadores, sem deixar que o hábito do tabaco se lhes torne em vício. Aumentar-se-ia, assim, a população não fumadora. Mas para que esta geração seja fomentada é necessário um apoio moral dos pais.
Fazemos aqui um apelo para que os jovens de amanhã sejam mais prudentes que os de hoje e consigam com a força da sua amizade e esperança construir um mundo de não fumadores: A juventude unida/Como alvo o coração/Venham na nossa corrida/E teremos a chave na mão.



* Com Teresa Amador. Fotografia: Liga Portuguesa Contra o Cancro.

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