quarta-feira, 17 de julho de 2013

Retribalizar


Cinquenta anos depois da publicação, pela primeira vez, de uma das obras mais importantes de Marshall McLhuhan, revemo-la, antes da celebração de mais de 80 anos do nascimento do autor.

Selecção Dina Cristo

«Para ter êxito comercial, um livro não pode arriscar mais do que dez por cento de novidade», pág.12
«Se o século XIX foi o tempo da cadeira do editorialista, o nosso [XX] é o século do divã do psiquiatra», pág.13
«Todas as culturas e tempos possuem um modelo preferido de percepção e de conhecimento, que procuram impor a tudo e a todos», pág.13
«A situação de abandono escolar nas nossas escolas ainda agora começou», pág.16
«O estudante de hoje vive de forma mítica e profunda», pág. 17
«(…) os homens nunca têm consciência das regras fundamentais da sua cultura (…)», pág.18
«(…) a compreensão paralisa a acção (…)», pág. 29
«(…) o ser humano transforma-se naquilo que contempla.», pág. 32
«Nós, por nossa parte, detectamosa vanguarda no frio e no primitivo (…)», pág.40  
«(…) uma situação de alto desenvolvimento oferece, por definição, baixos índices de participação (…)», pág.41
«O consumidor passivo deseja embalagens (…)», pág. 44
«À medida que começamos a reagir em profundidade à vida (…) tornamo-nos reaccionários», pág.48
«O jovem Narciso tomou o seu reflexo na água por outra pessoa», pág.55
«A auto-amputação impede o auto-reconhecimento», pág.56
«Na era da electricidade, nós usamos como nossa pele toda a humanidade», pág. 61
«Assim como a imprensa clamava pelo nacionalismo também a rádio clama pelo tribalismo», pág.63
«Nós podemos, se quisermos, planear as coisas antes de as criarmos», pág. 64
«(…) os meios linguísticos modelam  o desenvolvimento social tanto quanto os meios de produção», pág.64
«Hoje em dia possuímos anestésicos que nos permitem executar as mais aterradoras intervenções físicas», pág. 79
«O efeito da rádio é visual (..)», pág. 79
«(…) o contra-irritante costuma revelar-se mais incómodo do que o irritante inicial (..)», pág.81
«(…) a força de vontade é tão útil  para a sobrevivência como ainteligência», pág. 84
«A consciência não é um processo verbal», pá.98
«(…) cada ideograma é investido de uma intuição total do ser e da razão», pág.98
«(…) a mais banal das comodidades implica profundas mudanças culturais», pág. 100
«(..) em todos os sistemas há um ponto a partir do qual a aceleração redunda em ruptura e colapso», pág. 104
«(…) o número é a essência de  todas as coisas perceptíveis aos sentidos», pá. 124
«(…) o número contém todo o sentimento do mundo de uma alma apaixonadamente devotada ao “aqui” e ao“agora”», pág. 124
«A tecnologia da imprensa converteu o zero medieval no infinito renascentista», pág. 127
«(…) todos os meios são extensões do nosso corpo e dos nossos sentidos», pág.128
«Agindo como um órgão do cosmos, o homem tribal aceita as suas funções corporais como formas de participação na energia divina», pág. 135
«(…) a luz é um sistema de comunicação autónomo no qual o meio é a mensagem», pág.140
«Hoje em dia, na era da electrónica, o homem mais rico está reduzido a ter o mesmo tipo de diversões, e até o mesmo tipo de alimento e de veículos, que o homem comum.», pág. 145
«Uma actividade que envolva todo o ser do homem, não é trabalho», pág.149
«(…) a era mecânica é um interlúdio entre dois grandes períodos orgânicos de cultura», pág. 161
«A alfabetização é em si mesma uma forma de ascetismo abstracto (…)», pág. 162
«O visual dessacraliza o universo e origina “o homem não-religioso das sociedades modernas”», pág. 165
«O ouvido é hipersensível. O olho é frio e distanciado.», pág.165
«(…) o grande preceito da bibliografia: “quanto mais houve, menos há”», pág.169
«(…) o homem integral mostra-se sempre muito inepto numa situação de especialização», pág. 176
«(…) a imprensa desafiou os padrões corporativos da organização medieval tanto como a electricidade desafia agora o nosso individualismo fragmentado», pág.184
«Não existe ceteris paribus no mundo dos meios e da tecnologia», pág. 191
«Idealmente, a educação é uma forma de protecção colectiva contra as consequências negativas dos meios de comunicação», pág.201
«Hoje em dia, o viajante tornou-se passivo», pág.204
«Todos os meios existem para investir as nossas vidas com percepções artificiais e valores arbitrários», pág.205
«A antecipação dá-nos o poder de desviar o rumo e controlar a força», pág. 205
«Ocorrem menos crimes quando não existem jornais para os divulgar», pág. 211
«(…) no nosso mundo eléctrico, a informação é claramente o negócio principal e a maior fonte de riqueza», pág.212
«(…) a introdução duma nova tecnologia altera não apenas a imagem, mas o próprio quadro», pág.224
«O carro tornou-se na carapaça, a concha agressiva e protectora, do homem urbano e suburbano», pág.230
«Os anúncios elevam o princípio do ruído ao patamar da persuasão», pág.232
«Os recalcitrantes são os (…) melhores aclamadores e impulsionadores», pág.235
«Quando as culturas mudam, os jogos mudam também», pág.244
«Levar mortalmente a sério as coisas mundanas é sempre indício de uma lamentável falta de reflexão», pág.248
«Vivemos hoje na Era da Informação e da Comunicação porque os meios eléctricos criam instantânea e permanentemente um campo total de acontecimentos em interacção nos quais toda a humanidade participa», pág.253
«(…) a nossa co-presença em toda a parte ao mesmo tempo é uma experiência mais passiva do que activa», pág.253
«A electricidade confere aos fracos e aos sofredores uma poderosa voz, ao mesmo tempo que afasta a especialização burocrática», pág.258
«Um pouco por toda a parte, o orgânico tem vindo a suplantar o mecânico», pág.260
«A aceleração é uma fórmula para a dissolução e colapso de qualquer organização», pág.260
«(…) a máquina de escrever representa uma fusão da pena e da espada», pág.264
«(…) as guerras posicionais acabaram», pág.269
«Numa estrutura eléctrica não existem margens», pág. 278
«O homem como recolector de alimentos reaparece incongruentemente como recolector de informação», pág.288
«Há imensa subtileza e sinestesia na arte primitiva(…)», pág.292
«(…) qualquer tarefa especializada dispensa a maioria das nossas faculdades», pág.294
«(…) o sucesso é não apenas perverso mas também o caminho mais seguro para a infelicidade», pág.298
«Se a televisão já existisse em larga escala no tempo de Hitler, este teria desaparecido num instante», pág.302
«A rádio propiciou a primeira experiência massiva de implosão electrónica (…)», pág.303
«A ênfase na literacia é um sinal distintivo das regiões que se esforçam por iniciar esse processo de estandardização (…)», pág.304
«(…) os efeitos da rádio são em grande medida independentes da sua programação», pág.308
«Toda a gente vivencia muito mais do que compreende», pág.321
«Se o meio é de alta definição, a participação é baixa», pág.321
«A televisão é um meio que tem mais que ver com a reacção do que com a acção», pág.322
«O movimento ecuménico é sinónimo de tecnologia eléctrica», pág.323
«A América europeíza-se hoje tão rapidamente quanto a Europa se americaniza», pág.324
«(...) numa terra de cegos, quem tem um olho não é rei; pelo contrário é encarado como um lunático alucinado», pág.335
«De dia para dia, a pena torna-se mais forte do que a espada», pág.341
«(...) há uma relação entre a educação e a pontaria», pág.344
«Com a tecnologia eléctrica instantânea, o globo nunca será maior do que uma aldeia», pág.346
«Qualquer matéria, se estudada em profundidade, relaciona-se imediatamente com todas as outras», pág.350
«(...) descobrir o desconhecido no conhecido - tão necessário para a compreensão da vida das formas», pág.355.

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