quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Preto e branco


Na próxima semana passam dois anos sobre a II Cimeira União Europeia-África, ensejo para fazermos um balanço do que então ficara acordado.


Texto e fotografia Pascoal Carvalho

Sob enorme expectativa multi-sectorial realizou-se na capital portuguesa uma cimeira entre a União Europeia e África em que estiveram juntas diferentes delegações euro-africanas proporcionando o nascer ou renascer a esperança moribunda de que seria desta que a África encontraria a paz, acabaria com a corrupção ou uma educação especializada chegaria aos mais desfavorecidos.
Tal facto não se viu nem tão pouco foi possível. A fome continua a fazer vítimas neste continente que parece ser pequeno demais para ter tantos problemas ou dificuldades a mais para um povo cuja admiração e aptidão física não alinham a capacidade intelectual desejada.
Tudo de mal que tem nome em África existe em demasia. Para os que dele beneficiam encantados estão, enquanto que para os que dele são vítimas ou com ele sofrem desesperados estão e, insistentes na esperança, concentram-se num cada vez mais distante horizonte de melhores dias.
No papel ficaram uma vez mais estampadas propostas e concordantes declarações de parcerias. Enfim, os africanos continuaram a comprar armas para matarem-se uns aos outros e a enviar seus frutos da corrupção para a Europa, enquanto que os emigrantes provenientes daquele desgastado continente continuaram a suportar trabalhos desqualificados nesta Europa de frio e cinismo. Para o velho continente fora continuam a perderem-se grandes cabeças de conhecimentos e saberes, simplesmente porque oferece condições básicas que qualquer ser humano quer neste século de tecnologias e avanços (uma alimentação saudável, cuidados com a saúde e medicamentos, água potável, energia), bens essenciais que todos na Europa têm sabendo que faz falta em África.

(Des)acordos
Politicamente foi um encontro proveitoso e consensual, bastando que para tal se veja os acordos ponderados e deliberados. Para trás ficaram coisas como o verdadeiro papel dos estudantes oriundos da África que por cá se perdem, os que regressam com novas perspectivas ou visões actualizadas de um mundo globalizado.
Contudo foram firmados alianças que interessavam a ambas as partes para o panorama de cooperação e um estender do mercado tanto de consumo como o de novas produções visando um maior combate à actual crise financeira mundial através de novas estratégias de investimentos.
Tem-se visto a África de hoje com uma prosperidade gigantesca, não digna para o próprio africano, mas sim de um novo e mais potencializado neocolonialismo de produção em alta escala informativa e anexações bilaterais.

Continua-se a acreditar que o belo africano se transforme um dia em coisas muito maiores e melhores para este povo sofredor que ainda acredita que esta atrapalhadora ajuda proveniente do continente acima situado e desenvolvido, de igual forma, inverta e passe a ser e fazer jus ao (genuíno) nome de forma desinteressada e fiel.

Etiquetas: , ,

2 Commentarios:

Blogger JoshuaJacksonVictor disse...

Caro Pascoal Carvalho!

Com muito gosto li o seu artigo, na medida em que se contextualiza nas mais concretas linhas de acção a serem corrigidas com urgência num continente não merecedor das atrocidades que séculos o vem martirizando, África, a nossa pátria mãe, a mãe da humanidade no seu ser biológico...

Este gosto meu ao nível do contexto em que se deambula a sua escrita, é acompanhado por um partilhar também de tristeza, desespero, e desejo de muito melhor se fazer perante o estado generalizado dos países do nosso continente, que de longe é animador...

Efectivamente, as facetas do neocolonialismo, a morbidez e passividade dos responsáveis africanos (governos e presidentes)perante os desafios a serem travados com vista a um erigir de uma África digna de notabilidade nos parâmetros positivos quanto às áreas de economia, da saúde, da cultura e concomitantemente dos melhores níveis de sociabilização, acabam por ser factores que devem merecer a atenção de qualquer um que se julga africano...
Para os que não são africanos, é hora de pensarem um pouco mais no globo em que estão situados, ou desta feita estarão condenados a viver em Marte, o que para já não é possível...

Remete-me a ideia, e devo salientá-la face ao ensejo, de que a cimeira entre os continentes que frisou (UE-ÁFRICA) não pode nunca ser palco de tão grandes esperanças conforme se denota nas suas linhas iniciais...

Porque África é, antes de mais, um continente negro. Quer isto dizer que ele é, mais do que de ninguém, dos africanos e do povo negro. E são os africanos que devem ser a maior esperança das mudanças a operar... As transformações e contruções a desenvolver terão que ser feitas pelos africanos, quer de base e de fundo, quer estratégica e institucionalmente...

Cabe, por último, aos africanos, a capacidade de tirar o maior partido possível das políticas, dos acordos, parcerias, e dos demais planos estabelecidos com outros continentes e povos... Porque estas siuações firmadas por duas partes, são oportunidade disto mesmo: cada parte envolvida tem que zelar pelo melhor aproveitamento dos recursos que a ela está disponibilizado nestas situações... Não é obrigação de outros, nem pode ser pretensão dos africanos esperar que os seus deveres sejam cumpridos por terceiros que não mesmo os africanos...

Joshua Jackson Victor (V.C.)

quinta-feira, 03 dezembro, 2009  
Blogger Denise Guerra disse...

Olá, É um prazer conhecer seu trabalho através deste blog. Sua postagem trata daquilo que mais se vê em África, tudo com grandes proporções políticas, econômicas, humanitárias, sempre nos extremos da miséria ou do desfavorecimento para os africanos. Concordo em parte com o leitor acima sobre que os africanos terão que tomar para si as responsabilidades de lograr melhores condições nestes famigerados acordos, entretanto, temos que pensar nas grandes diferenças que ocorrem quanto a visão de mundo do africano; equivale dizer que o povo de África até então interage com os usurpadores em outros registros de mundo e portanto, ainda não estão hábeis o suficiente para lograrem os lucros merecidos nas diversas áreas envolvidas. Mas, acredito que isto vai mudar pois, os africanos estão se globalizando e aprendendo sobre as armas letais de seus ex-colonizadores. Pena que tenha que ser desta forma, mas, há que se lutar com as mesmas armas. Claro que o planeta não agradece nadinha. O melhor seria não ter que passar por isso, mas, já que é assim, cito uma saudação moçambicana:"WARETHWA" ou "EM FRENTE". Cordiais Abraços! Denise Guerra. Blog http://afrocorporeidade.blogspot.com

quinta-feira, 03 dezembro, 2009  

Enviar um comentário

<< Página Inicial