quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Souvenir de Portugal


Foi um dos nomes mais importantes da música ligeira portuguesa dos anos 80. Chama-se Carlos Paião e faria dia 1 de Novembro 50 anos.


Texto Dina Cristo fotografia EMI - Valentim de Carvalho


Fruto de uma “História Linda”, faleceu em 1988, num acidente de viação, a caminho de um espectáculo. Tinha 31 anos e havia concebido centenas de canções. Além da sua capacidade de produção, criatividade, inovação, simplicidade e versatilidade, ficou conhecido pela sua crítica, sátira e humor, qualidades hoje reconhecidas.

Defendendo que “o difícil é trabalhar o simples sem dar cabo dele”, Carlos Paião tinha, segundo João Gobern, “(…) um raro sentido de oportunidade e a difícil escola da simplicidade nas melodias que arquitectava revelava um invulgar domínio da língua portuguesa quando escrevia os seus poemas (…)». David Ferreira escreveu mesmo que “Aqui e ali, a cavalo num trocadilho que parece inocente, ressalta a capacidade de observação dum verdadeiro cronista de tiques, clichés e costumes”. Já Miguel Azevedo apreciava, no “Correio da Manhã”, que desde o “(…) fado à canção infantil, da balada de amor à composição burlesca escreveu de tudo para todos».
Depois de em 2003 ter sido editado pela EMi, Valentim de Carvalho, um CD duplo assinalando a sua morte, denominado “15 anos depois – Carlos Paião letra e música”, em 2006 foi editado um outro comemorativo do início da sua carreira, em 1981, com “Play-back”, tema vencedor do Festival RTP da Canção. Este CD reúne canções interpretadas pelos mais diversos artistas para os quais escreveu, entre os quais Herman José e Amália Rodrigues.
Carlos Paião nasceu em Coimbra e formou-se em Medicina. Nos anos 60 aprendeu música, nos anos 70 já havia escrito dezenas de canções, mas foi durante os sete anos de profissionalização, entre 1981 e 1988, que somou centenas de criações. Foi instrumentista e letrista, fazia os arranjos musicais, era compositor, intérprete e produtor. Deixou-nos num “Intervalo”, tendo vivido de mãos limpas e podendo gritar bem alto que viveu, como escreveu nesse último ano da sua vida.

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