Informação social I

Texto Dina Cristo
Incluído no terceiro sector, consciente da sua função social, comprometido com a realidade, o apuramento da verdade e a humanidade, o Jornalismo Social "corre" pela audição da sociedade civil numa pluralidade de fontes tendo em vista atingir o interesse público. Esta informação "sabe" que os "media" são uma forma de consciência colectiva e que, apesar de todos os constrangimentos e pressões, o livre arbítrio do jornalista para escrever, seleccionar e influenciar o debate público está sempre disponível.
O Jornalismo Social caracteriza-se por (querer) ser voluntário, cooperativo, comunitário, solidário, de causas sociais, com o enfoque nos problemas mais graves a nível social, na denúncia das questões de fundo. Privilegia uma visão integral, panorâmica, processual, didáctica e explicativa. Esta corrente jornalística é sensível à (in)dignidade humana e ao (in)cumprimento dos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais; neste sentido, considera a imparcialidade irresponsável. Não se condescende com os abusos e a violação de direitos básicos. Tem uma ideologia, baseia-se em valores para filtrar e avaliar a informação e usa cuidadosamente a linguagem. Os sem-abrigo, as prostitutas, os toxicodependentes e/ou os deficientes são pessoas com direitos.
O Bem Colectivo
O Jornalismo Social identifica-se com o interesse público (habitualmente competência do serviço público), as histórias com importância, que contribuem para o progresso e desenvolvimento da comunidade, objecto habitual de publicações de referência. Pretende vincular o social na actualidade, sem que tal signifique pobreza/marginalidade, por um lado, ou jornalismo cor-de-rosa, por outro, que, com apelo ao entretenimento, faz as delícias do interesse do público e (dos accionistas) da imprensa mais sensacionalista.
Além de facilitar o acesso (mais directo) às fontes de informação por parte dos leitores estas também são alargadas ao maior número possível de actores sociais; é a diferença que enriquece o espaço público, dando voz a quem nele habitualmente não a tem; adiciona as ideias alternativas de uma forma equitativa, fala de pessoas com experiência de vida real e tenta chegar à verdade, através da síntese.
É a importância de uma sociedade civil para uma democracia deliberativa, da acção da comunidade local. Este jornalismo tem vontade de exercer uma missão social, ser um alimento informativo que incentive a deliberação sobre problemas colectivos e suas soluções em forma de políticas públicas; crê que os cidadãos podem intervir em soluções e preocupa-se com a sua procura, incluindo-as na própria cobertura do problema social.
Alicia Cytrynblum, Augusto Santos silva, Carlos Andrade, Cristina Fangueiro, Eduardo de Miguel, Emídio Rangel, Guilherme d`Oliveira Martins, Joaquim Vieira, Henrique Pinto, Luís Osório, Mafalda Eiró-Gomes, Maria de Fátima Goulão, Óscar Mascarenhas, Pedro Coelho, Stefano Trasatti e Vicente Jorge Silva são as dezasseis vozes que foram ouvidas em Março de 2006, na Fundação Luso-Americana. Podem agora ser lidas também. Diferentes contribuições para um conceito de Jornalismo Social.
Etiquetas: Dina Cristo, Informação social I, Jornalismo, Livros
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