Informação integral
Texto Dina Cristo
Segundo este jornalista brasileiro, a actual Comunicação Social, em termos gerais, é um reflexo do estado de alma colectivo: fragmentária (isolada, separada, desenquadrada), focada em pormenores destrutivos, poluente, intoxicante, cheia de lixo, excesso, ansiedade, hipnotização, ficção, ilusão, agitação à volta de coisas inúteis e demasiado simplificada, o que leva à distorção.
Para CCA, a actual informação também possui uma dose excessiva de manipulação, exercida por intermédio de uma trilogia: através das novelas o público deseja os falsos valores, a publicidade convence que, se tivermos dinheiro, podemos comprar e os filmes mostram como, quando não se pode ter, se faz para tomá-los à força. A televisão, por exemplo, refere, é um reflexo da neurose colectiva, de depressão, agressão e adição.
Neste terceiro milénio, contudo, emerge uma nova era de globalização, em que a comunicação social substitui a tradicional: trata-se de uma revolução ao nível dos conteúdos, com o apontar de alternativas para os problemas sociais e tendo como principal objectivo a elevação da consciência humana.
Esta nova forma de encarar e fazer informação, sob um ponto de vista mais construtivo, envolve maior autonomia por parte do jornalista e participação por parte do leitor; exige, de ambos, mais espírito crítico. A informação solidária (IS) privilegia a importância sobre a urgência tal como a verdade sobre a novidade: «O que é importante nem sempre parece urgente. O que parece urgente, muitas vezes, não tem importância alguma»
[1], escreve o autor que acrescenta: o excesso de rapidez esmaga a verdade e citando o “Correio Brasiliense, em 1999, «Vivemos num tempo que a informação é tão rápida que exige explicação instantânea, e é tão superficial que qualquer explicação serve».
No caso da IS, trata-se de uma imprensa alternativa, mais consciente e criativa. No âmbito deste modelo, o profissional de informação cumpre o seu dever, o público é ouvido e são levados em conta os seus gostos reais. No caso das grandes audiências, afirma, «o povo assiste a programas de baixo nível por falta de opção e não porque goste [de facto, deles]»
[2]. A IS pauta-se pela veracidade e coerência bem como por disponibilizar informações úteis. É um paradigma informativo mais aberto, veículo de solidariedade universal, que destaca as regras da vida correcta e tem um compromisso com a ampliação e aprofundamento da visão do mundo.
Assim, por arrastamento, crê o autor, o jornalismo do séc. XXI será mais responsável, por parte de quem o produz e por parte de quem o consome; ambos, emissores e receptores, serão mais activos, participativos, independentes, coerentes, preocupados mais em cumprir os seus deveres do que em exigir os seus direitos. A informação deverá ser integrada, relacionada e contextualizada. Será uma informação politicamente participativa, socialmente justa, ecologicamente sustentável e criativamente solidária.
Etiquetas: Dina Cristo, Informação integral, Jornalismo, Livros
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