quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O coelho na (car)tola


Nesta 33ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto, revisitamos uma das críticas de sétima arte, de um antigo director do Cineclube da cidade, originalmente publicada no jornal “O INtEndido”*.
Texto Fernando J. Pinto Basto
Ao som de Echo & the Bunnymen (não por acaso, esta banda e a canção chama-se “Killing Moon”, aliás nada neste filme é ao acaso) somos introduzidos na mente de Donnie Darko, adolescente suburbano de uma pacata cidade norte-americana estilo Twin Peaks. Só que neste caso não se trata de saber quem matou Laura Palmer, mas sim quem tramou o Frank Rabbit. Este coelho vindo da “Quinta Dimensão” tem muito que dizer a quem o queira ouvir e Donnie Darko é o super-herói escolhido para levar a cabo a missão impossível de um regresso ao futuro numa puritana América pós-Reagan; estamos em 1988 e as presidenciais são disputadas entre Dukakis e George Bush (sem o W.).
Nada de novo neste capítulo, tal filho, tal pai, o desfecho da eleição já o sabemos, mas não poderemos saber porque é que o mundo de Donnie Darko irá acabar antes que o céu lhe caia em cima da cabeça. Esta, a propósito, não anda a regular muito bem (será culpa dos comprimidos? Da família? Da escola? Da cidade?) e de repente parece que já estamos no ET, parte 2, até entra a mesma miúda, agora mais graúda, mas no céu não voam bicicletas, só aviões com disfunções.
A convocação “cinéfila” dos filmes da sua vida é por demais evidente, pois esta película é uma manta de retalhos bem urdida por uma mente brilhante, a do jovem realizador, Richard Kelly, que certamente cresceu a ver os grandes êxitos cinematográficos dos anos 80 e a ouvir a música do nosso (des)contentamento. Numa breve história de duas horas, somos transportados para a dimensão do tempo em que o destino se altera quando encontramos um “buraco de verme” e no final, Donnie Darko terá razões para pensar que it`s the end of the world as we know it… and I feel fine!.
*PBX – O coelho na (car)tola in O INtEndido – Jornal do GDINE – Norte, nº7, Dezembro de 2002, pág.10.

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