Antropogénese
Texto Joaquim Soares desenho Cristina Lourenço
Darwin fez, sem dúvida, um conjunto notável de descobertas que explicam muitos aspectos do processo evolutivo (no plano físico). Isso é indesmentível. E se atentarmos para o facto de que essas mesmas descobertas acabaram por abalar os dogmas da religião oficial do Vaticano, então o nosso reconhecimento é ainda maior. A questão, no entanto, é que, baseado nessa visão parcial dos processos da natureza, Charles Darwin especulou que a vida era conduzida por um acaso cego, caindo no dogma materialista, o que, mais tarde, acabou por ser usado para legitimar ideologias que reforçaram a exploração humana. Estava assim criado o cenário para a negação absoluta da natureza espiritual do homem.
Reconhecemos alguma razão a Fred Hoyle quando disse que era “perseguido pela convicção de que a filosofia niilista que a chamada opinião educada decidiu adoptar depois da publicação de ´A Origem das Espécies` conduziu a Humanidade no rumo de uma auto-destruição automática”[1].
Ao contrário do que muitas vezes se quer fazer crer, a doutrina darwinista encontrou oposição logo nos primeiros anos em que foi tornada pública. Vários foram os autores e cientistas contemporâneos de Darwin que repudiaram muitas das especulações darwinistas, entre os quais vale a pena destacar Alfred Wallace (co-autor da Teoria da Evolução das Espécies) e J. Louis de Quatrefages (renomado naturalista francês). Em algumas das suas obras, Wallace e Quatrefages apresentaram dados que deveriam ter inspirado os seguidores de Darwin a serem bem mais prudentes e humildes.Darwin fez, sem dúvida, um conjunto notável de descobertas que explicam muitos aspectos do processo evolutivo (no plano físico). Isso é indesmentível. E se atentarmos para o facto de que essas mesmas descobertas acabaram por abalar os dogmas da religião oficial do Vaticano, então o nosso reconhecimento é ainda maior. A questão, no entanto, é que, baseado nessa visão parcial dos processos da natureza, Charles Darwin especulou que a vida era conduzida por um acaso cego, caindo no dogma materialista, o que, mais tarde, acabou por ser usado para legitimar ideologias que reforçaram a exploração humana. Estava assim criado o cenário para a negação absoluta da natureza espiritual do homem.
Reconhecemos alguma razão a Fred Hoyle quando disse que era “perseguido pela convicção de que a filosofia niilista que a chamada opinião educada decidiu adoptar depois da publicação de ´A Origem das Espécies` conduziu a Humanidade no rumo de uma auto-destruição automática”[1].
Foi exactamente a humildade de quem está comprometido, acima de tudo, com a Verdade, que levou Quatrefages, a escrever, por exemplo: “para aqueles que me questionam sobre o problema da nossa origem, eu não hesito em responder em nome da ciência – EU NÃO SEI.” Referindo-se também à falta de prudência e bom-senso, afirmou peremptoriamente: “Infelizmente, por ter esquecido os trabalhos dos seus predecessores, Darwin e os seus seguidores conceberam conclusões erróneas a partir de suas premissas. Eles imaginam que deram explicações quando afinal não deram nenhumas”
[2] Tanto Quatrefages como Wallace apresentaram dados que provavam ser a humanidade muito mais antiga do que pressupunha a teoria darwinista. O próprio Wallace, um espiritualista convicto, acreditava que a chamada “Selecção Natural” era insuficiente para justificar o aparecimento e o desenvolvimento das espécies e do Homem. Ele acreditava que Inteligências superiores guiavam os processos evolutivos, que ele via como necessárias para responder às inúmeras questões para as quais a teoria darwinista não tinha resposta.
Uma corajosa senhora
No entanto, a pessoa que se opôs mais vigorosa, destemida e eloquentemente à teoria darwinista da evolução foi Helena Blavatsky, fundadora do
Movimento Teosófico Moderno[3]. Escreveu ela em 1888: “A Ciência hoje tem uma inegável predilecção por apresentar ao público, como fatos comprovados, hipóteses baseadas em ideais pessoais; por oferecer, em lugar de conhecimentos, meras suposições com o rótulo de ´conclusões científicas`. Os especialistas preferem inventar mil e uma especulações contraditórias a confessar um facto embaraçoso mas evidente por si mesmo (…)”[4]
Sobre a “Selecção Natural”, afirma Blavatsky, sem rodeios, em “
A Doutrina Secreta”: "No que tange à Selecção Natural em si, noções as mais erróneas têm curso entre os pensadores actuais, que aceitam tacitamente as conclusões do darwinismo. Por exemplo, é um mero artifício de retórica atribuir à Selecção Natural o poder de originar espécies. A Selecção Natural não é uma entidade; é só uma expressão cómoda para indicar como se dá a sobrevivência do mais apto e a eliminação dos inaptos na luta pela existência. Todo o grupo de organismos tende a multiplicar-se além dos meios de subsistência; a luta constante pela vida – a ´luta pata obter o bastante que comer, e para escapar de ser comido`, adicionada às condições ambientes – necessita de uma perpétua eliminação dos inaptos. Os seleccionados de cada grupo, que assim permanecem, propagam a espécie e transmitem suas características orgânicas aos descendentes. Todas as variações úteis se perpetuam desse modo, e uma progressiva melhora se realiza. Mas a Selecção natural – a ´Selecção como poder`, na humilde opinião da autora – realmente não passa de um mito; especialmente quando a ela se recorre para explicar a Origem das Espécies. É tão-somente um termo representativo, que exprime a maneira pela qual as ´variações úteis` se esteriotipam quando produzidas. (…) O Darwinismo só descobre a evolução no seu ponto médio, isto é, quando a evolução astral cede o campo ao funcionamento das forças conhecidas pelos nossos sentidos actuais."[5]
Uma terceira hipótese
Existe uma profunda divergência entre a teoria darwinista e o ensino da
Teosofia ou Sabedoria Esotérica (que nada está relacionada com crenças infundadas e esoterismos a vulso, tão infelizmente na moda). A Antropogénese Ocultista está em consonância com as tradições religiosas universais dos povos (porque, em verdade, está na sua base) mas em flagrante oposição ao ensino religioso literalista e sectário, e vai muito mais além do paradigma darwinista da Evolução.
Na sua monumental obra “A Doutrina Secreta”, Blavatsky apresenta a Antropogénese dos Ensinamentos Secretos do Oriente. Para além disso, num trabalho notável de investigação e de fundamentação rigorosa dos princípios enunciados, oferece-nos um enorme volume de provas de todo o tipo, entre elas várias evidências geológicas que estão de acordo com os ensinamentos ocultos sobre a origem do Homem.
Por isso, permanecem mais do que actuais estas suas palavras: “A antropologia de Darwin é o incubo do étnologo, filha robusta do materialismo moderno, que se desenvolveu e adquiriu cada vez mais vigor à medida que a inépcia da lenda teológica da "criação" se fazia mais e mais aparente. E medrou graças à estranha ilusão de que, como diz um reputado homem da ciência, ´Todas as hipóteses e teorias acerca da origem do homem podem reduzir-se a duas (a explicação evolucionista e a versão exotérica da Bíblia) … Nenhuma outra hipótese é admissível…! `"
[6] Contrariando essa ideia, Blavatsky afirma peremptoriamente: a “antropologia dos Livros Ocultos é, no entanto, a melhor resposta que se pode dar a afirmativa tão pouco razoável."[7]
O Conhecimento Sagrado
O conhecimento presente nos referidos livros ocultos do Oriente, contêm uma exposição dos princípios da Eterna Sabedoria, ou Teosofia, que "foi a religião universalmente difundida no mundo antigo e pré-histórico"
[8] e que, “refulgindo em fragmentos dispersos em todas as religiões e filosofias”[9], se encontra(va) velada em linguagem simbólica em milhares de escritos. Parte desses ensinamentos eram outrora comunicados na instituição dos Mistérios, sob forma alegórica. Conforme nos informa Blavatsky, a “fase que se inicia com Buddha e Pitágoras, e finda com os Neoplatónicos e os Gnósticos, é o único foco, que a história nos depara, aonde pela última vez convergem os cintilantes raios de luz emanados de idades remotíssimas e não obscurecidas pelo fanatismo."[10] Podemos perguntar, entretanto, porque foi feito agora um esforço por tornar público uma parte desse Conhecimento Sagrado? Várias são as razões. Uma delas prende-se, directamente, com as especificidades do actual momento civilizacional. O diagnóstico foi feito por Helena Blavatsky com grande clareza: "O mundo converteu-se hoje em uma vasta arena, em um verdadeiro vale de discórdia e de luta sem fim, em uma necrópole onde são sepultadas as mais elevadas e santas aspirações de nossa alma espiritual."[11]
A evolução humana atingiu o ponto médio do percurso evolutivo, o ponto de maior afastamento da origem (do pólo espiritual), a altura em que o movimento evolutivo deve necessariamente inflectir a trajectória de descida em direcção aos níveis mais densos de matéria/consciência e começar a percorrer o arco ascendente. E esta é exactamente a altura mais crítica.
O crescente fanatismo e o surgimento do materialismo fizeram mergulhar a humanidade num período em que o eco da Alma já quase não se faz ouvir, correndo o risco de "romper" a ligação com a nossa natureza interior e real. Tudo isto se reflectiu numa selvática "luta pela sobrevivência", num esquecimento do sofrimento do nosso semelhante, numa competição desenfreada por bens materiais, poder e posição social, à custa da miséria de milhões e milhões de seres humanos e da destruição da natureza.
O labor científico de gerações de Sábios
Nunca como hoje foi tão importante o resgate da Sabedoria Antiga. Deve-se contudo frisar que o conhecimento sagrado não é uma invenção, é sim, fruto do labor científico dos grandes sábios da humanidade. Esta Ciência Espiritual está subjacente nas formulações e nas doutrinas genuínas originais de todos os grandes Instrutores da Humanidade e fundadores das religiões (Krishna, Orfeu, Buda, Hermes, Cristo, Platão, Pitágoras, etc.). Por detrás dos mitos e símbolos apresentados nas diversas Antropogéneses religiosas, está presente um conhecimento mais rigoroso do que aquele que nos é apresentado pela doutrina darwinista.
Esclarece-nos Helena Blavatsky: “A Doutrina Secreta é a Sabedoria acumulada dos séculos, e a sua cosmogonia, por si só, é o mais prodigioso e acabado dos sistemas (…) Mas tal é o poder misterioso do simbolismo oculto que os factos, que ocuparam a atenção de gerações inumeráveis de videntes e profetas iniciados, para os coordenar, classificar e explicar, durante as assombrosas séries de progresso evolutivo (…) A visão cintilante daqueles Iniciados foi até ao próprio âmago da matéria, descobriu e perscrutou a alma das coisas, ali onde um observador comum e profano, por mais arguto que fosse, não teria percebido senão a tessitura externa da forma. (…) tal sistema não é fruto da imaginação ou da fantasia de um ou mais indivíduos isolados; constitui-se dos anais ininterruptos de milhares de gerações de videntes
[12], cujas experiências cuidadosas têm ocorrido para verificar e comprovar as tradições, transmitidas oralmente de uma a outra raça primitiva, acerca dos ensinamentos de Seres superiores e excelsos que velaram sobre a infância da Humanidade.
Durante muitos séculos, os ´Homens Sábios` da Quinta-Raça
[13], pertencentes ao grupo de sobreviventes que escapou ao último cataclismo e das convulsões dos continentes, passaram a vida aprendendo, e não ensinando. Como o faziam? Examinando, submetendo a provas e verificando, em cada um dos departamentos da Natureza, as tradições antigas, por meio das visões independentes dos grandes Adeptos, isto é, dos homens que desenvolveram e aperfeiçoaram, no mais alto grau possível, seus veículos físico, mental, psíquico e espiritual. O que um Adepto via só era aceito depois de confrontado e comprovado com as visões de outros Adeptos, obtidas em condições tais que lhes conferissem uma evidência independente – e por séculos de experiências.”[14]
A este propósito, vale a pena trazer aqui também algumas palavras escritas por um dos estudantes mais próximos de Blavatsky,
William Judge: [A Teosofia] não é uma crença, ou um dogma formulado ou inventado pelo homem, mas é o conhecimento das leis que governam a evolução dos factores físicos, astrais, psíquicos e intelectuais na natureza e no ser humano. A religião de hoje é apenas uma série de dogmas fabricados pelo homem, sem nenhuma fundamentação científica para a ética que divulga; enquanto nossa ciência ainda ignora o invisível e não admite a existência de um conjunto completo de faculdades perceptivas internas no homem, ficando apartada do campo de experiência imenso e real que existe dentro do mundo visível e tangível. Mas a Teosofia sabe que o todo é constituído do visível e do invisível, e ao perceber que as coisas e objectos externos são transitórios, compreende os fatos da natureza, tanto interna quanto externa. Ela é, portanto, completa em si mesma e não vê mistério insolúvel em lugar algum; ela risca a palavra ´coincidência` de seu vocabulário e saúda o reinado da lei em tudo e em todas as circunstâncias”.[15]
A ciência materialista, ao desconsiderar outros planos de Ser, de Substância e de Vida, limita-se a investigar o pequeno campo externo de actividade das Forças e
Inteligências internas e espirituais. A Teosofia ou Sabedoria Esotérica abrange todos os níveis, visíveis e invisíveis da realidade, e demostra que a matéria física é apenas o nível mais denso, a “casca externa”, de outros níveis mais internos da substância universal homogénea, progressivamente mais subtis – astral, mental e espiritual.
A Sabedoria Esotérica,
partindo da Causa Incausada, ensina que tudo tem a sua origem no espírito e que a evolução se processa do interior para o exterior, do subtil para o denso, e não ao contrário conforme afirma o darwinismo.
É preciso esclarecer que não se trata aqui de invocar a figura de um Deus Antropomórfico das religiões exotéricas, que nada mais é do que uma criação da mente humana. A
Filosofia Esotérica fundamenta-se na LEI UNIVERSAL , e não em nenhum deus.
Alguns princípios da Ciência Esotérica
Deixamos, em seguida, um breve apanhado de alguns ensinamentos essenciais da Ciência Esotérica.
Antes de tudo, a Doutrina Secreta estabelece
três proposições fundamentais: (a) “Um PRINCÍPIO Onipresente, Eterno, Ilimitado e Imutável, sobre o qual toda especulação é impossível, porque ele transcende o poder da concepção humana e só poderia ser distorcido por qualquer expressão ou comparação humanas. Está além dos limites e do alcance do pensamento – nas palavras do Mandukya, é “impensável e indescritível”; (…) (b) A Eternidade do Universo in toto [na sua totalidade] como um plano ilimitado; sendo periodicamente “cenário de inúmeros Universos que se manifestam e desaparecem incessantemente`”; (…) (c) A identidade fundamental de todas as Almas com a Alma-Superior Universal, sendo esta última, em si mesma, um aspecto da Raiz Desconhecida ; e a peregrinação obrigatória de cada Alma — uma centelha da Alma-Superior Universal — através do Ciclo da Encarnação (ou “da Necessidade”), de acordo com a lei Cíclica e Cármica, durante todo o período.”[16]
É também importante perceber que: "A primeira lição ensinada na Filosofia Esotérica é que a Causa incognoscível não leva adiante a evolução, nem consciente nem inconscientemente, limitando-se a exibir periodicamente diferentes aspectos de Si mesma para a percepção das mentes finitas. Ora, a Mente colectiva – a Mente Universal – composta de inumeráveis e variadas Legiões de Poderes Criadores, por mais infinita que seja no Tempo manifestado, é, ainda assim, finita quando em contraste com o Espaço não-nascido e inalterável no seu aspecto essencial supremo. Aquilo que é finito não pode ser perfeito."
[17]
O
Universo emanou a partir do seu arquétipo, ou plano ideal, mantido através da Eterna Duração em Parabrahman.
Nada existe de não-vivo no Universo
[18]. Toda a matéria é viva e consciente, variando apenas o grau dessa mesma consciência.
O Universo é constituído por Sete Planos de Manifestação, sete níveis da Substância Universal primordial, do mais subtil ou espiritual, ao mais denso ou material.
Da mesma forma, o
Homem reproduz em si o Cosmos e tem, por isso, também uma constituição septenária, ou Sete Princípios de Consciência, que em linguagem teosófica têm a seguinte designação: Sthûla Sharîra (Corpo Físico), Prâna (Princípio Vital), Linga-Sharîra (modelo ou corpo padrão), Kâma (sede das emoções, desejos e paixões), Manas (mente, inteligência), Buddhi (Inteligência Espiritual, Intuição), Atman (Espírito, o verdadeiro Eu).
No que se refere à evolução da humanidade, ensina também a Sabedoria Esotérica: “(a) a evolução simultânea de sete grupos humanos em sete diferentes partes do nosso globo; (b) o nascimento do astral, antes do corpo físico: sendo o primeiro um modelo para o último; e (c) que o homem, nesta Ronda, procedeu a todos os mamíferos – incluindo os antropóides – do reino animal.”
[19]
Decorre daqui que a Doutrina Secreta ensina a origem poligenética da humanidade, contrariando a teoria monogenética da Ciência, bem como, a ideia de que a humanidade descende de um par humano (Adão e Eva) conforme pretende o Cristianismo exotérico. Convém, no entanto, ter em consideração que uma interpretação esotérica do simbolismo presente no livro do Génesis permite perceber que o Adão ai mencionado não se refere a um homem mas a uma raça.
A
Humanidade vai progredindo através sete patamares evolutivos, chamados de Raças-Raízes. Assim como cada indivíduo passa necessariamente por diferentes fases de crescimento e desenvolvimento (infância, pré-adolescência, adolescência, fase adulta, velhice), assim as mónadas humanas vão percorrendo cada um dos diferentes conjuntos de características que se designam por Raça-Raíz (com a suas sete sub-raças). Um imenso número de personalidades, manifestações externas da mesma mónada, vai desfilando sucessivamente ao longo de idades incontáveis percorrendo as sucessivas Raças-Raízes e suas respectivas sub-raças. As diferenças externas nada mais significam do que “roupagens” diferentes que permitem aprendizagens distintas. Todas são necessárias de forma a proporcionarem a maior amplitude e adequação ao tipo de experiências necessárias ao desenvolvimento e exteriorização das potencialidades internas. Como alguém escreveu: “A onda de vida que habita o reino humano deve evoluir através de sete raças-raízes no ciclo actual. Cada raça-raiz inclui povos de características físicas bastante diferentes e nenhum é melhor do que outro. Igualmente, nenhuma raça-raiz é melhor ou pior que outra. Todas compartilham a mesma essência universal. As mónadas ou almas imortais são todas de um carácter sagrado do ponto de vista esotérico, independentemente do seu grau de evolução ser maior ou menor.
O Homem é o paradigma de todos os outros Reinos que o precedem (Animal, Vegetal, Mineral e Elemental). Isto tem como consequência que a cada Raça-Raiz implica não apenas um novo tipo humano mas também novas formas animais, vegetais, novas Eras Geológicas e novas massas terrestres.
Como já aqui foi referido, a evolução processa-se do interior para o exterior, de dentro para fora. Cada Reino começa nos Planos superiores até que, depois de um longo período evolutivo, acaba por atingir o Plano físico denso. Daí se compreende, tal como ensina a Doutrina Secreta, as duas primeiras Raças foram Raças Astrais (não tendo portanto manifestação no Plano Físico). Por isso também não haver nessa altura reencarnação, pois não existia qualquer corpo físico denso. Essas raças tinham como veículo mais inferior de manifestação o Corpo Astral. A isso se refere o simbolismo de “Adão e Eva” no paraíso, onde não “não conheciam a morte”. Tudo isto aconteceu ao longo de uma evolução de muitos milhões de anos.
Isto significa que a Humanidade está na Terra em corpos não-densos desde a “Era Primária”, isto é, antes das quatro Eras Geológicas enumeradas pela Ciência e com corpo físico-denso desde o Período Cretáceo da Era Secundária,
há cerca de 18 milhões de anos.
Faz parte da Tradição Universal dos Povos o conhecimento de que o Homem viveu entre os grandes monstros (dinossauros e outros seres tidos como fantasia), há milhões de anos atrás – durante o Cretácico e o Jurássico. Aliás, as próprias mitologias dos diferentes povos falam também de homens gigantes, capazes de lutar e viver entre esses seres já extintos.
A Ciência Espiritual permanece oculta sobre camadas de símbolos e adulterações efectuadas por mãos comprometidas. Um exemplo disso é a frase inicial do Génesis. Em vez de “No princípio Deus criou os céus e a terra”, o que estava escrito na língua original, o Hebraico, era “Os Elohins deram forma aos céus e ao mundo”, isto é os deuses deram forma, a partir da substância pré-existente, aos diversos globos da cadeia planetária e ao mundo físico.
Está assim no original do Génesis, ao contrário da ideia de um Deus criador, o profundo ensinamento de que os deuses, ou Legiões de Seres, a Colectividade de Inteligências, sob a acção da Lei Universal, despertam do Pralaya e passam a ser as Forças que constroem o(s) Universo(s) e coordenam, impulsionam e dirigem a evolução universal.
Voltando agora mais directamente a algumas das pretensões do darwinismo, a Doutrina Secreta afirma que a “causa que determina as variações fisiológicas das espécies – causa a que estão subordinados todas as outras leis, que são de carácter secundário – é uma inteligência subconsciente que penetra a matéria e que, em último termo, é um
REFLEXO da Sabedoria Divina e Dhyân-Chohânica."[20] Isto quer dizer que a evolução não é fruto de um acaso, mas é coordenada e dirigida por um agregado de Inteligências que, no seu conjunto, constituem a Inteligência da Natureza, a Mente Universal.
Um ramo bastardo da Linhagem Humana
O homem não descende do macaco ou de um qualquer antepassado comum. O antepassado comum do homem e do macaco é o próprio homem.
Ao contrário da teoria darwinista, a Ciência Esotérica afirma que é o macaco que descende do homem, sendo um ramo bastardo da linhagem humana, resultante do cruzamento entre os humanos sem auto-consciência da
3.ª Raça-Raiz (Lemúriana) e certos animais (na Doutrina Secreta este episódio é referido como “o pecado dos sem-mente”). Por outro lado, os grandes antropóides, gorilas, orangotangos, chimpanzés, etc., resultaram do cruzamento de seres humanos de sub-raças da 4.ª Raça-Raiz (Atlante) e os animais descendentes dos cruzamentos referidos anteriormente. É por isso que a ciência encontra uma grande similaridade genética entre o homem e grandes antropóides, o que não acontece com os outros símios.
Uma hipótese para explicar uma descoberta recente
É aqui, por hipótese, que poderemos enquadrar a
descoberta recentemente anunciada de um “hominídeo” que viveu há cerca de 4,5 milhões de anos.
A forma como esta informação é transmitida para o público deve ser olhada com bastante cautela. Apesar de se reconhecer agora uma maior antiguidade da linhagem dos hominídeos, não deixa de ser verdade que os cientistas continuam a insistir que descobriram mais um elo do antepassado do homem, isto é, persistem apegados à interpretação darwinista. Por isso, um dos investigadores faz notar: “Dois séculos depois do nascimento de Charles Darwin, podemos verificar que ele estava certo. Em ciência é preciso termos evidências e não especular.”
[21] Perguntamos: em que medida esta descoberta demonstra que Darwin estava certo? De facto, só se quisermos negar as evidências e, parafraseando Blavatsky, preferirmos “inventar mil e uma especulações contraditórias a confessar um facto embaraçoso mas evidente por si mesmo”.
A verdade é que não se descobriu um registo fóssil de um humano com 4,5 milhões de anos, mas antes de um “hominídeos” com 4,5 milhões de anos, o que é diferente.
O facto de os investigadores referirem que os restos fósseis parecem indicar que este hominídeo tem “características mais parecidas com os humanos do que com os chimpanzés”, podem levar-nos a considerar, como hipótese, que estejamos perante um exemplar mais antigo de um descendente dos cruzamentos entre humanos e símios referidos há pouco no texto.
Isto porquê? Porque, há medida que recuamos no tempo, mais esses antropóides guardam uma maior semelhança hereditária e fisionómica (esqueleto, dentição, etc.) com os seus (meios) progenitores humanos do que os seus descendentes actuais (os macacos e chimpanzés, que mostram a influência de longo de milhões de anos de afastamento dos seus ancestrais). Desta forma, não temos porque não concordar com o investigador citado há pouco, quando termina dizendo: “Valeu a pena esperar para sabermos mais sobre o hominídeo mais próximo do nosso ancestral comum com o chimpanzé até hoje.”
Nós também achamos que valeu a pena, fazendo notar que esse ancestral comum é o próprio homem!
Conciliando Religião e Ciência
Serão a religião, filosofia e ciência conciliáveis? Como afirmou um bom amigo nosso: “Já o foram no passado. Grandes pensadores da Grécia antiga, como Pitágoras e Platão, eram simultaneamente filósofos, cientistas e eminentes estudiosos do sagrado. Na altura não havia qualquer dicotomia, a busca de sophia - do conhecimento integral - estava sempre presente. O drama é que se perderam as chaves e os códigos interpretativos que estão na base da ciência e das formulações teogónicas e mitológicas do mundo antigo. E perderam-se devido ao fanatismo religioso, que no século IV e seguintes, desencadeou a mais terrível perseguição e destruição contra todo o património da sabedoria, da ciência e até da arte da antiguidade, consideradas demoníacas. Foram perseguidos e aniquilados pensadores genuínos, pilhados e queimados centenas de milhares de livros que reuniam o esforço de gerações sucessivas de investigadores... Em que patamar poderia estar hoje a humanidade se ao longo dos tempos não tivesse havido tanta intolerância e fanatismo? Certamente, estaríamos bem melhor."[22]
Só através da Sabedoria Esotérica será possível conciliar a Religião e a Ciência – tornando a Ciência Religiosa e a Religião Científica – libertando assim da Humanidade de um Deus antropomórfico, do Acaso e da luta desumana pela sobrevivência.
Etiquetas: Antropogénese, Cristina Lourenço, Espiritualidade, Joaquim Soares
0 Commentarios:
Enviar um comentário
<< Página Inicial