quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Arco-íris musical

 Carlos Paião partiu há 20 anos, em sequência de um acidente de viação. A sua obra, essa, permanece.

Texto Sandra Silva fotografia EMI - Valentim de Carvalho

“Ontem, Carlos Paião dirigia-se para o Norte do País, acompanhado pelos colegas e amigos (…) Apenas Jorge Neves Esteves escapou com vida!”. Foi desta forma que o repórter Paulo Salvador, da RTP, dava a notícia da morte do senhor da música portuguesa dos anos 80.
Carlos Paião afirmava que preferia ser um bom músico a um mau médico. Este compositor, interprete, instrumentista e produtor musical morre num forte acidente a 26 de Agosto de 1988. Até à data, sempre cantara com a alegria, a sátira e o amor, tão bem transpostos por palavras melódicas nas suas composições. Apesar de curta, a sua vida foi intensa e repleta de êxitos. Criou em quantidade e qualidade canções profundas e reveladoras da sua visão do mundo.

Uma voz, uma influência, uma marca na nossa música, Carlos Paião deixou-nos quando ia a caminho de Leiria para mais um espectáculo. Pouco passava das 14h30 quando perto da Ponte da Amieira o acidente se deu. O motorista assustou-se ao desviar-se de um tubo de borracha que estava ao longo da estrada. Na manobra a carrinha do músico bateu de frente com um veículo pesado, que se desviava de um outro camião que estava parado na mesma via. Esta perda precoce gerou um boato de que Carlos Paião não estaria morto na altura do seu funeral, mas sim em coma.
Carlos Paião, que se fosse vivo teria hoje 50 anos, pincelou com os seus temas o panorama da música portuguesa com todas as cores da pauta musical da sua carreira, curta mas marcante, de pouco mais de 10 anos.
A perenidade das suas canções fazem-nos sentir que o seu desaparecimento se trata apenas de um “intervalo”[1] onde o recordamos com a eterna saudade portuguesa. “A amizade é tudo o que fica depois das teias da lei. Por isso, até qualquer dia, que da vossa simpatia nunca mais me esquecerei!”[2] Nem nós por aqui.

[1] Nome do álbum que Carlos Paião deixou incompleto, acabando por ser editado em Setembro do mesmo ano da sua morte. [2] Palavras de Carlos Paião.

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1 Commentarios:

Anonymous Anónimo disse...

Agradeço-vos a lembrança pois devo ao Carlos Paião alguns dos momentos felizes da minha vida. O Carlos é muito mais do que a meia dúzia de canções que ainda conhecemos.
Qual é o génio que escreve e compõe as canções que canta, com tanta qualidade, quantidade, variedade, tamanha beleza e riqueza de notas e de versos? Qual é o artista com idêntica sensibilidade e simplicidade?
Quem é que recupera as suas músicas com a honra e dignidade que este jovem médico merece? Quem é que nos devolve a sua memória? Quem edita aquilo que nos deixou? Quem?

quinta-feira, 04 setembro, 2008  

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