quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Portugal Elemental

Quase no final de ano, fazemos um balanço - português - de 2012 e uma previsão para 2013. Como afirma Sepp Holzer, «Portugal podia ser um país rico, se as pessoas voltassem a aprender a ler o livro da Natureza».

Desenho Dina Cristo

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Comunicação Oculta II



Neste segundo artigo acompanhamos a expansão da trindade em septenário, com reflexo na radiação cósmica, legislação universal ou ao nível do microcosmos humano.

Texto e desenho* Dina Cristo

De cada modo de relação diferenciada entre o pólo espiritual e o material resultam sete planos distintos de substância e consciência, que constituem sete veículos de manifestação (Saptaparna). «Entre o Um e o Dois há sete frequências vibratórias possíveis, sete graus de consciência, sete qualidades manifestadas»[1], ensinava Kepler, conforme lembra Maria Flávia de Monsaraz.
Os planos são regiões habitadas pelo espírito-matéria, onde substâncias com determinadas propriedades vibratórias, com um certo nível de estado de consciência, interpenetram os corpos mais grosseiros. São campos de expressão macro-cósmicos, constituídos por esferas concêntricas que, embora separadas, são, interdependentes.
Cada plano tem o seu respectivo veículo (upadhi), aquele que lhe é inferior e que constitui um canal de expressão, ou então barreira, conforme está mais ou menos (des)bloqueado, limpo e organizado. Uma das várias formas de tornar os veículos mais receptivos (a uma informação mais clara, profunda e pura) é a emissão da palavra (co)recta, compassiva  e sagrada.

Um dos pontos de contacto privilegiado com os planos é a rede de meridianos e os seus sete principais centros de força subtis (chakras), transformadores de energia. O Coronário - Fonte de Vida, Poder e Vontade; o Frontal - a Intuição; o Laríngeo – a Iluminação; o Cardíaco – a Identificação; o Plexo Solar – o instinto; o Centro Sacro – o magnetismo e o Básico – a síntese.

No âmbito humano, os princípios septenários (equivalentes dos macrocósmicos) são constituídos pelos planos arûpa, sem forma, que contêm a tríade superior, espiritual, numénica e imorredoura, e os planos rûpa, com forma – o seu desdobramento no quaternário inferior, correspondente aos quatro elementos (fogo, água, ar e terra) e à guanina, citosina, timina e adenina do ADN, como denota Isabel Governo[2]. 

Estas dimensões têm sido designadas das mais diferentes formas e perspectivas, segundo as épocas, correntes e autores. Aqui, embora de uma forma geral e aproximada, podemo-las identificar pelo Eu Superior, constituído por Atman – o Espírito Puro, a Unidade, a Mónada, a Vontade Espiritual; Buddhi – o Corpo Causal, a Intuição, a Síntese, a Discriminação, o Supra-Consciente e pela Mente Superior – o mundo das Ideias Arquetípicas, dos Pensamentos Abstractos, da Linguagem Simbólica[3].
Ao nível da personalidade, existe o mental inferior - dos pensamentos concretos, limitado pelo raciocínio e preso ao desejo; o emocional - dos afectos, paixões e inclinações, onde se processa a criação; o vital - o campo electromagnético, onde ocorre a formação e o físico denso - sub-consciente, onde se dá a geração.

O sete

Na Estátua da Liberdade, nos EUA, estão representados os sete raios, presentes em todo o mundo nas sete cores do Arco-Íris. Cada um expressa uma característica, qualidade, diferenciação da energia Una. O primeiro raio exprime Vontade, Poder e Organização. É o Alfa; o segundo Amor/Sabedoria, Compaixão/Intuição; o terceiro[4] Adaptação e Mudança; o quarto equilíbrio, harmonia e beleza; o quinto rigor e ciência; o sexto devoção, idealismo e honra; o sétimo, o Ómega, tecnologia, gestão e eficiência.
Existem de igual modo sete leis universais: o Holismo, a Analogia, a Ordenação, a Harmonia, os Ciclos, o Karma e a Evolução. Em cadernos editados pela Sociedade Teosófica de Portugal, Humberto Álvares da Costa explica como a Realidade é Una, Idêntica, Rigorosa, Polar, Alternante, Encadeada e Progressiva e como cada uma destas regras é referida na oração do “Pai Nosso”.
Esta revelação com base em sete diferentes espaços-tempos, órgãos subtis, raios ou leis, está presente na Cabala como nas “moradas” do Cristianismo, nos sete planetas sagrados como nas sete estrelas da Ursa Maior ou de certa forma nas sete notas musicais, nos sete dias da semana e reflecte-se em expressões populares como “estar fechado a sete chaves”[5].
O logos desdobra-se e manifesta-se a sete níveis. À medida que prossegue a condensação evolutiva «(…) o fio ténue se transforma em um canal cada vez mais largo através do qual flui, cada vez mais abundantemente, a vida átmica»[6]. Como referiuJosé Manuel Anacleto, essa expressão faz-se indirectamente. A sephiroth Yesod, por exemplo, é «(…) o medium através do qual a mente pode actuar na objectividade material, tal como a mente é o meio através da qual o Espírito se pode manifestar nos planos psíquicos e físicos»[7].  
O sete representa em várias tradições a realização, a conclusão, a perfeição, a totalidade (do tempo e do espaço); é, por isso, um número sagrado, com um poder (mágico), frequentemente citado na Bíblia, nomeadamente os seus múltiplos e no Apocalipse. Chave do Evangelho de São João, este número é usado 77 vezes no Antigo Testamento sendo que o Profeta Zacarias se refere aos sete olhos de Deus. Resulta da soma da tríade celeste, a Imperatriz (3), com o quaternário terrestre, o Imperador (4), do Tarot[8]. É a matriz da manifestação universal, como vimos no primeiro artigo, e humana, como veremos no próximo

* Anos 70

[1] MONSARAZ, Maria Flávia – Vénus, 2004 (CD). [2] GOVERNO, Isabel – Como somos feitos… in Biosofia, n.º 29, pág. 19. [3] A noosfera de Pierre Theird de Chardin ou a Razão Pura de Immanuel Kant. [4] Os primeiros três raios, o Poder do Pai, o Amor do Filho e a Luz do Espírito Santo, referidos no artigo anterior, são respectivamente o transmissor, transformador e transfigurador, de acordo com Alice Bailey. [5] “Monstro de sete cabeças”; “estar nas sete quintas” ou, por exemplo, “um gato ter sete vidas”, além dos sete mares, do sétimo céu, etc. [6] BESANT, Annie – O enigma da vida. Editora Pensamento. S. Paulo. 10ª ed., 1997, pág. 115. [7] ANACLETO, José Manuel – “Tiphereth” in Biosofia, nº37, p.38. [8] CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain – Dicionário dos Símbolos, Ed. Teorema, 1994.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Menino Jesus


Apresentamos, antes do Natal,  versos escritos e recitados por Frei Morgado, no Convento do Varatojo, como há 55 anos quando era noviço.

Texto Frei Morgado

«Ó meu Menino Jesus
Deus de infinita beleza
Vinde nascer na minha alma
Abrandar a sua dureza

Desceste do céu à terra
Rei dos anjos adorado
Nove meses habitaste
A virgem no ventre sagrado

Escolheste para mãe uma virgem
Pai adoptivo São José
Com eles 30 anos viveste
Oculto em Nazaré

Quiseste nascer num presépio
Ó meu Deus que humildade
E, por fim, morrer na cruz
E salvar a humanidade

Entre animais sois adorado
Por Reis Magos e pastores
Eles vos oferecem prendas
A vós, Senhor dos Senhores

Vão guiados por uma estrela
À grutinha de Bélem
Conduzi sempre meus passos
Pelo caminho do bem

Fugiste para o Egipto
Para não seres emulado
Pelo cruel Rei Herodes
Esse coração malvado

Aí estiveste até que a morte
Te levasse, afinal
Mas depois, por fim, voltaste
À vossa terra Natal

E vós, ainda ficaste,
Cá na Terra a habitar
Até que por fim vos deram a morte
A que ninguém pode escapar».

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ler para querer


Próximo da comemoração do nascimento de Jesus Cristo apresentamos, neste dia simbólico, alguns excertos de um dos evangelhos apócrifos, o de S. Tomé, cuja liturgia se comemorava nesta época.
Selecção Dina Cristo
«Nada existe de oculto que não venha a manifestar-se»
«Nunca digam mentiras»
«Nada há de escondido que fique sem ser descoberto»

«Se tiveres dinheiro não o empresteis a juros mas dai-o»

«O que entra na vossa boca não vos matará, mas o que sai da vossa boca isso sim, pode matar-vos»
«Onde estiver o princípio lá estará o fim»
«Quando fizerdes de dois um… então entrareis no Reino»
«Escolherei um de vós entre mil e dois entre dez mil»
«Quando tirares a trave do teu olho, então verás claro, para tirares a palha do olho do teu irmão»

«Depois de o esposo deixar o tálamo nupcial, então, que jejuem e rezem»

«Se um cego guiar outro cego cairão ambos no fundo de um barranco»
«Não vos inquieteis (…) com o que haveis de vestir»
«Quando vos despojardes da vossa vergonha (…) não tereis medo»
«Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas»
«Estejam de passagem»
«Não se colhem (…) figos dos cargos»
«(…) Um homem mau apresenta o mal (…) e diz coisas más»
«Não se cose um remendo velho numa peça de roupa nova»
«Miserável é o corpo que depende de um corpo e miserável é a alma que depende dos dois»
«O que é vosso vos salvará (…) o que não tendes em vós vos matará»
«Não deiteis pérolas aos porcos para que as não transformem em imundice»
«Aquele que procura encontrará»
«Aquele que se encontra a si mesmo, o mundo não é digno dele».

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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Produtos sazonais


Antes que este Inverno nos visite lembramos alguns frutos, legumes e flores que podem ser colhidos, em Portugal, em época de amadurecimento. A saúde, a sensualidade e a economia agradecem.

Recolha* e fotografia Dina Cristo

Janeiro:
Couves, espinafres
Amores-perfeitos, camélias, jacintos, túlipas, violetas

Fevereiro:
Bróculos, couve-flor, couve-de-Bruxelas, cenouras
A amores-perfeitos, violetas

Março:
Azedas, cebolas brancas, cebolinhos, rabanetes
Campainhas brancas, goivos, narcisos, túlipas serôdias

Abril:
Lilases, margaridas

Maio:
Cerejas, nêsperas
Alcachofras, cebolas verdes, ervilha, espargos, fava

Junho:
Alperce, ameixa, pêssego
Aipo, alface, alho, batata, cebola, repolhos,
Cravos, rosas

Julho:
Ameixas, cerejas, damascos, figos, ginja, melão, melancia, meloa, pera
Aipo, alface, alho, beringela, beterraba roxa, cebola, cenoura, couves, espinafre, feijão-verde, tomate

Agosto:
Amoras, maçã, morangos, pera rocha, uvas,
Rosas

Setembro:
Amêndoa, figos, maçãs, peras, uvas
Batata doce, cebolas maiores, feijões

Outubro:
Abóbora, avelã, castanha, clementina, laranja, melão, noz, tangerina
Chuchus, feijões,
Dálias, rosas

Novembro:
Dióspiros, kiwi, romã,
Azeitona, beterraba

Dezembro:
Limão
Abóbora, batata doce.

*Com base no Borda D´Água

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Vida espiritual



Em época natalícia folheamos um dos Tratados inseridos no “Livro dos Preceitos de Ouro”, escrito em Sânscrito, e editado no final do Séc.XIX em Inglaterra.


Texto Dina Cristo

Entre os principais ensinamentos estão matar a ambição, a fome de crescimento, todo o sentido de separação, o desejo de sensação, de conforto e o próprio desejo de viver. «O Caminho e a verdade vêm em primeiro lugar, em seguida vem a vida», indica Mabel Collins neste livro, um clássico da literatura espiritual oriental, editado em Londres em 1885.

«Cada homem é para si próprio absolutamente o caminho, a verdade e a vida», depois de ter dominado a personalidade. «Uma vez que tenha passado pela tormenta e atingido a paz, então é sempre possível aprender», afirma a autora que aconselha: «Procura pela flor que desabrocha durante o silêncio que se segue à tormenta (…)», altura em que a percepção desperta.

A autora britânica ensina a desejar somente o que está dentro e além de cada um e é inalcançável. Fixar os sentidos no invisível e no inaudível é a única cura para o desejo, assegura. Mabel Collins orienta a desejar ardentemente o poder e fervorosamente a paz e quanto a posses que estas sejam acima de tudo para o Eu, a Alma Pura. «Deseja apenas plantar a semente do fruto que alimentará o mundo», afirma.

Dos ensinamentos fazem parte a observação de tudo ao redor de cada um, incluindo as sensações. Há que ter confiança, abrir a alma, auxiliar os outros, ajudar as pessoas que fazem o bem (em vez de censurar ou afastar-se do mal), controlar e usar o eu, a personalidade, um instrumento de experiência e experimentação sujeito ao erro.

Há que combinar um pouco de leitura ou de escuta com muita meditação, cientes de que a voz mental apenas é ouvida no plano em que a mente actua, que ao conservar os olhos fixos na pequena luz ela crescerá, que é no centro, na Alma, que reside a esperança e o amor e que é no silêncio que se encontra um momento de satisfação, de paz e de força.

Entre as verdades essenciais, como a alma e o princípio que dá a vida ser imortal – demonstrado por Immnuel Kant – cada pessoa é o seu próprio legislador. E um dos conselhos deixados pela autora, inspirada por Hilarion, que pertenceu ao movimento gnóstico e neoplatónico, é mesmo estudar as leis, entre as quais a da Graça.

Entre as regras transmitidas está procurar o Caminho, recolhendo-se para o interior e avançando ousadamente para o exterior, sabendo que para cada temperamento há uma estrada (mais) adequada. Depois de iniciada não há mais que ceder às seduções dos sentidos ou então experimentar até não mais ser afectado por elas.

É a dor, em primeiro lugar, e depois a sua superação que leva os seres humanos a ouvir a alma, a fazer silêncio e a encontrar a paz. «Assim como o indivíduo tem voz, aquilo em que ele existe também tem voz. A própria vida tem uma fala e nunca está silenciosa», escreveu a autora desta obra cuja segunda parte é dedicada apenas a discípulos.

Carlos Cardoso Aveline, teósofo, faz, no seu website uma análise e interpretação do Tratado para se ler com os olhos do espírito: « “Luz no Caminho” [1] tem um estilo paradoxal, e fala mais à alma que ao cérebro. Contém palavras, mas está livre delas. Leva o leitor a um plano da realidade em que a compreensão está além da linguagem verbal e transcende as suas limitações. A obra fala aos dois hemisférios do cérebro humano, o lógico e o intuitivo. Dá conselhos aparentemente contraditórios, mas isto se deve ao fato de que a natureza do ser humano é, realmente, dual».

(1) “Luz no Caminho”, Mabel Collins, edição de bolso com 110 pp., Editora Teosófica, Brasília, 1999. Há uma edição da Editora Pensamento, com 85 pp.

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